Dois homens, um coração (Romance Gay)

2 - Sozinho

Ao acordar pela manhã, levantei bem rápido e tomei banho o mais depressa que pude. Vesti minha roupa: uma camisa social branca, calça preta e sapatos. Mal tomei café, fui correndo escovar os dentes por já estar em cima da hora. Peguei o ônibus em direção ao centro da cidade, mal podia esperar para a entrevista que consegui.

Mandei uma mensagem pra Selena, avisando que estava prestes a conseguir um novo emprego, caso tudo desse certo. Tentei ligar para Mark, mas ele não atendeu. Talvez estivesse ocupado. Meu namorado está sempre trabalhando pra lá e pra cá fazendo o que ele sabe melhor: fotografar. Se formou há pouco tempo, ficou bem famoso na nossa cidade e quase todo dia surge um novo contrato para ele.

Cheguei no ponto necessário e então desci do ônibus. Respirei fundo e avistei aquele prédio imenso. "ViennaLife" era o nome do local e seu título brilhava verde lá no topo do edifício, girando lentamente. A empresa cresceu muito com o tempo e hoje era a maior imobiliária de toda Vienna. Comecei a caminhar até lá e as portas automáticas de vidro, que eram enormes, se abriram para mim. 

Entrei e me dirigi a recepção. 

— Bom dia, senhor. — uma das meninas me cumprimentou. Ela era simpática e tinha um lindo sorriso. Jovem, bonita, tinha a pele negra e os cabelos cacheados, volumosos. Usava um batom marrom brilhante e brincos de argola.

— Bom dia. — sorri. — Vim para uma entrevista de emprego marcada para hoje.

— Ah! Senhor Cavill?— ela perguntou, surpresa, erguendo as sobrancelhas.  

— Sim, sou eu mesmo. 

— Sou Andrea, eu mesma te mandei aquele e-mail de confirmação.

— Ah, olá, Andrea, que legal. — sorri mais uma vez.

— O senhor Mason vai fazer a entrevista com você, pode pegar o elevador até o andar 10 e entrar na sala 15, por favor. — ela disse, apontando para o elevador.

— Tudo bem, Andrea, muito obrigado.  — disse. — Tenha um bom dia. 

Me virei e comecei a caminhar até o elevador, mas ouvi ela cochichando com a colega ao lado:

— Que moço educado, não? 

Soltei um sorriso. O elevador já tinha chegado, então entrei e apertei o andar 10. 

Minhas mãos estavam começando a suar frio, não só pela ansiedade, mas por ter ouvido "o senhor Mason vai fazer a entrevista com você". Ele não era muito famoso, mas a empresa dele sim. Quem a fundou foi o seu pai, mas foi ele quem a herdou e hoje está no comando. Pra ele mesmo fazer as entrevistas de emprego, deve ser bem rigoroso e exigente. 

Finalmente cheguei ao tal décimo andar. Saí do elevador e procurei a sala, que não foi difícil de achar. Bati na porta, nada. Bati mais uma vez, sem resultado. Então, bati mais forte. Uma senhora atendeu, tinha a aparência cansada e já com os cabelos grisalhos. Era asiática, só não sei dizer de qual país, exatamente. 

— Desculpe, rapaz... — ela me avisou, baixinho, com uma vassoura na mão. — Estou limpando o chão, está tudo molhado e foi difícil correr pra abrir a porta. 

— Que isso, não tem problema! — sorri e a fiz sorrir de volta. — É que eu tenho uma entrevista com o senhor Mason.

— Sim, claro, entre. — abriu a porta pra mim.

— Obrigado, senhora. — disse enquanto entrava, mas logo me virei. — Ah! Quase me esqueci, bom dia. 

— Bom dia, criança. — ela sorriu tanto de modo que os olhos parecessem fechados e suas bochechas ficaram rosadas. Parece que ficou muito alegre em ouvir o meu bom dia.