XCVI- A menina do campo

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O dia amanhece
Com os raios oblíquos de sol;
A menina se banha no lago
E corre ao redor dos lírios do campo;

A vida se faz bela no verde da mata
E fascinante no azul do céu;

A menina dança com o vento
Simples no seu bailar
Como bailarina que não sabe rodar
E na ponta dos pés não há sapatilha a calçar;

A vida se faz tão calma e simples...

Mágoas se dissipam pela água
Sorrisos brotam com o desabrochar duma flor
Medos são soprados para longe
E só resta alegria, uma perpetua calmaria;

A natureza acalenta a alma da menina,
A menina que corre atrás duma borboleta
Com os braços abertos como quem quer voar;

Porém, ela jamais podia imaginar
Que o campo seria urbanizado;
Cortaram os lírios
Arrancaram as flores
E a alma da menina perdeu os sabores,
Sabores da vida.
Su'alma com cada pétala se despedaçou.

Eles diziam que era para o bem da população,
Que aquilo significava revolução
E o dinheiro logo apagaria as dores deixadas pela saudade.

A menina nunca se curou,
Olhava pela janela o que antes era campo
Virara um empoeirado e sujo asfalto,
E o ar que entrava era de poluição.

A menina do campo já havia morrido junto às flores,
Mas numa noite um beija-flor visitou-lhe em sonho
E ela nunca mais acordou.

*

Feito para o concurso Poesias comemorativas do projetogm, com o tema Meio Ambiente do mês de junho.


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