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James sacudiu a terrível apatia que ameaçava dominá-lo, removendo a água dos olhos com um gesto de cabeça.

O mar estava frio. Manteve-se à tona, subitamente lúcido. Levou três segundos para reconhecer o perigo que tinha corrido, mas não entrou em pânico. Aceitou com fria lógica os rápidos pensamentos. Tirou as roupas que pesavam na água e começou a nadar na direção do incêndio.

Notou então o nevoeiro pesado. Pairava junto da superfície da água, absolutamente branco, retorcendo-se sobre as chamas do iate. Nadou com competência até a ponta do barco. O bote a motor devia estar lá, amarrado ao iate.

Não estava.

Ficou boiando um instante, pensando. Só Liam podia ter levado o bote. Ele estava sozinho quando o iate explodiu.

Lembrou-se das palavras cínicas que ele tinha dito: "Aproveite, enquanto pode..."

Será que ele estava insinuando que ia matá-lo? Teria ele provocado o incêndio? Podia ter arranjado tudo, depois ido embora com Sophia achando que ele estava dormindo e nunca saberia. Pensou na inquietação que sentia quando ele estava por perto, na antipatia que tinha por ele. A convicção crescia dentro de si. De alguma forma a sua presença o ameaçava, arruinava seus planos. Queria se livrar dele. E devia saber algo sobre Charles. A maneira como falava do menino mostrava que o considerava apenas como uma peça de um jogo.

Uma raiva que nunca tinha sentido na vida injetou adrenalina em todas as suas veias. Ia escapar. Ia encontrar a direção da costa e conseguir ajuda. Nunca permitiria que o meio-irmão de Louis levasse até o fim o seu ato criminoso.

Começou a nadar com fortes braçadas, decidido. Sentia que seria capaz de nadar quilômetros e quilômetros. A raiva e um frio desejo de descobrir se Liam tinha tentado matá-lo davam-lhe uma energia sobre-humana.

Assim que chegasse a terra ia procurar Louis e forçá-lo a entender a necessidade de inspecionar cuidadosamente seu irmão. Nem por um momento lhe ocorreu que Louis podia estar implicado naquilo tudo de alguma forma.

Nenhum barco socorreu o iate incendiado. O nevoeiro devia estar tão denso a ponto de esconder o fogo, abafando até mesmo o ruído de explosão. Ninguém descobriria o desastre até a neblina clarear.

"Vai ser um longo percurso, mocinho", ele disse a si mesmo. "Vamos lá! Comece a nadar".

James estava em boas condições físicas, mas a distância que teria de cobrir era assustadora. Conservava as forças parando para descansar de vez em quando, boiando com pequenos movimentos de mãos e pés. No fundo, sabia que não tinha ideia da direção que estava seguindo. Podia estar nadando ao longo da baía, em vez de cruzá-la. Nesse caso, corria o risco de se cansar demais e morrer afogado. Ou ser arrastado para alto-mar. Tentou se localizar pelas buzinas tristonhas usadas no nevoeiro pelas embarcações, mas elas soavam de todos os lados e o confundiam.

Amnesia (l.s.)Onde histórias criam vida. Descubra agora