O Gigante Gasoso

EPISÓDIO III

Durante toda a viagem Dermiah pouco falou. A Lita parecia que buscava concentrar-se em algo. Apesar de jovem, sentiu alguma obstinação nele, relegado ao seu canto da nave, capuz sobre a cabeça, murmurando para si palavras por ela desconhecidas. A maior parte do tempo passou com um robô, que a corrigira, afirmando-se um droid¹: era R2A6, um droid especializado em operação de múltiplos sistemas. Mostrou brevemente num holograma a história da República Galáctica e um curto documentário sobre a guerra contra os Separatistas e seus membros componentes, incluído a Federação do Comércio. Às palavras do chanceler Palpatine, não creditou confiança. Eram para ela floreios que escondiam a verdade.

Finalmente chegaram a seu destino em Coruscant. Foram recebidos pelos mesmos soldados de branco e levados ao prédio que abrigava o Conselho Jedi. Antes, porém, houve tempo, pouco era verdade, mas o suficiente, para Lita se maravilhar com toda a tecnologia do planeta. Pensou que Ami² adoraria conhecer Coruscant, certamente ela interagiria mais com todas aquelas pessoas em busca de mais conhecer acerca daquele mundo novo que se descortinava de uma única vez. Lita não tinha palavras para descrever. Eram tantos edifícios enormes, pods³ velocíssimos e muitas pessoas. De horizonte a horizonte só divisava ambientes urbanos, tudo planificado num mar de tecnologia. Pegou-se pensando que a interação entre tantos povos diferentes, planetas diferentes, podia em contrapartida também acirrar suas diferenças, fazendo com que o mais forte dominasse o mais fraco, e isso não lhe era inteiramente desconhecido. Entristeceu-se ao supor a existência de uma maldade superior à humana.

Dermiah abriu as grandes portas de um amplo salão com um gestual. Lita se perguntou que tipo de poder era aquele, mas logo seu olhar recaía sobre o salão e seus anfitriões. Eram seres de diversas espécies, uns bastante semelhantes aos humanos, outros completamente diferentes. Uma luz púrpura preenchia o ambiente e isso relaxou a mente tensa dela.

Um pequeno velho verde e curvado, de longas orelhas, ao centro da mesa em meio círculo que abrigava a todos, coçou o queixo e disse:

- Bom que a Sailor Júpiter entre nós esteja. Muito grato a Dermiah por cumprir sua missão este conselho está.

Dermiah se adiantou, fez uma reverência e falou:

- Apenas cumpri com minhas obrigações, Mestre Yoda. Meu dever é seguir as determinações do conselho.

- Por ter chegado dentro do prazo previsto - falou outra voz -, provavelmente não arrumou confusão por lá. - E se adiantou a Lita outro homem de barba, cabelo e olhos castanhos dizendo: - é uma honra ter uma Sailor entre nós. Sou Obi-Wan Kenobi. Espero que o padawan não a tenha importunado.

Lita corou com os olhares de Obi-Wan sobre si, baixando rapidamente os olhos. Disse baixinho:

- Ele não me importunou, mas... o que é um "padawan"?

Obi-Wan gargalhou, levando a cabeça ao alto. Em seguida falou ao ouvido de Lita:

- É um aprendiz, um aspirante a cavaleiro Jedi.

Outra voz soou no salão, poderosa e austera. Era Mace Windu quem falava.

- Pode mais tarde instruí-la na cultura da República Galáctica, Mestre Obi-Wan, e suprir a deficiência terráquea, mas a ocasião não é propícia.

Obi-Wan deu um passo atrás e recebeu o olhar furioso de Dermiah. Já Lita percebeu que todos carregavam o estranho cassetete à cintura.

Novamente Yoda falou:

- Muito confusa a mente da Sailor Júpiter deve estar. Tempo não temos para grandes explicações, mas algo deve ser dito à navegante das estrelas.

Yoda sorriu e prosseguiu:

- Obrigado por concedido ter seus préstimos, jovem Sailor.

- Não podia ter sido indiferente a uma convocação do Conselho Jedi - respondeu ela. - Servimos às causas da justiça e do amor.

- E isso muito havemos de temer - falou Yoda. - Muitas vezes o amor nossos olhos nubla.

- Por que não vamos direto ao ponto? - disse Ki-Adi-Mundi.

Então Mace Windu tomou a palavra:

- Os Separatistas possuem uma arma em desenvolvimento. É um canhão de proporções planetárias. Inicialmente acreditávamos que escondiam e montavam o canhão em um gigante gasoso, mas Anakin descobriu que o combustível que alimenta o canhão é o próprio planeta. Como são poucos os planetas gasosos membros da República, não temos tecnologia capaz de realizar um assalto a Aquarius 5 e impedir a finalização do canhão.

Lita pigarreou e disse:

- Não me nego a ajudar a construir esta paz, mas desconheço completamente os adversários. Precisarei de muitas instruções dos senhores.

Yoda baixou a cabeça abanando-a.

- Pronta a Sailor ainda não está. Muito a aprender ainda tem.

Obi-Wan deu um passo à frente.

- Eu me ofereço a montar uma escolta para a Sailor Júpiter. Peço a permissão do conselho para tal.

- Não! - gritou Dermiah. - Sailor Júpiter integrará o meu esquadrão.

- Você é apenas um aprendiz - retrucou Obi-Wan. - Seu treinamento não está completo ainda.

- Você não é meu mestre. Nem mesmo seu aprendiz o obedece. E Mestre Quin-Gon morreu por sua culpa.

Em meio à discussão que se houve no salão do Conselho Jedi, todos puderam ouvir a sentença de Yoda:

- O assalto ao gigante gasoso liderar irei eu. À Terra Sailor Júpiter retornar deve. De Dermiah será a tarefa.

Obi-Wan e Dermiah se entreolharam e Lita percebia uma força estranha nascendo ali. Ela não sabia se isso era bom ou ruim.

1 – N.A. "androides astromecânicos", especializados em diversas funções SW

2 – N.A. Ami Mizuno, a Sailor Mercúrio SM

3 – N.A. Tipo de veículo aéreo de pequeno porte e alta velocidade SW