Escravo

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A luz entrava em minha janela me fazendo acordar sem ajuda do despertador, olhei levemente para o ambiente lá fora e estava cinza e as árvores se movimentavam lentamente, ótimo, isso quer dizer que estava frio.
Respirei fundo enquanto procurava meus chinelos para ir até o banheiro fazer minha higiene pessoal, passei pela a televisão em meu quarto e a liguei esperando ouvir as noticias daquela manhã.
" O Empresário Ackerman compra mais uma filial na Finlândia, foi assinado ontem um contrato de compra entre os sócios, a Survey Corp está crescendo rapidamente."
Revirei os olhos jogando o controle na poltrona perto da cama e segui para o banheiro, retirei o roupão quente que me cobria deixando meu corpo em contato com aquele frio que estava no interior do meu apartamento, eu nunca me importei com frio, os arrepios que a temperatuda amena provocou no meu corpo me transmitia que nem tudo estava no meu controle.
Liguei o chuveiro enquanto me olhava no espelho, se o mundo realmente visse o que eu era, como será que me olhariam ? Será que veriam através do grande Ackerman ou apenas ficariam chocados com a minha personalidade fora do escritório?
Entrei no chuveiro deixando a água quente cair pelo meu corpo, a água era incômoda por estar quente demais e mais uma vez eu pude perceber que talvez eu não tivesse o controle de tudo, mas eu podia fazer tudo para controlar aquilo que me incomodava.
Tomei meu banho e sai procurando o terno que eu usaria hoje, optei como sempre por um preto discreto porem elegante e o lenço branco que era uma herança de minha mãe.
Desci as escadas indo para a cozinha preparando um café forte e puro, nunca gostei de nada sem gosto,sem sabor, sem graça, ou sem atitude, tanto objetos como pessoas, tudo que me marcava ou que eu podia marcar me trazia uma onda incontrolável de prazer.
Terminei de tomar meu café enquanto eu revia minha agenda do dia, teria muitas reuniões, visita de Hanji e minha empresa iria receber alunos de alguma escola para um tour pela Survey Corp, ótimo hoje era o dia de lidar com piriralhos, talvez devesse deixar Erwin com isso, ele amava crianças, pensei enquanto pegava um casaco e abria a porta de casa.
O vento frio me encontrou de frente desarrumando levemente meus cabelos, eu respirei o ar que queimava minhas narinas e meu rosto e ajeitei novamente o cabelo olhando para o lado, havia um segurança.
"- vamos ! " disse indo a caminho do carro que ja me esperava na entrada de casa que era um pouco afastada de Trost pois eu não gostava de vizinhos e paparazzi que sempre apareciam do nada.
Jã dentro do carro, Bertholdt que era meu motorista acelerou e saimos a caminho do escritório, Reiner era o segurança e estava no lado do motorista sempre atento a tudo que acontecia, meu celular tocou.
Olhei o identificador de chamadas era Petra a minha secretária.
"- Espero que seja muito importante essa ligação" eu disse enquanto olhava a paisagem do lado de fora, os grandes prédios se aproximava, estavamos a poucos minutos do centro da cidade.
"- Desculpe Senhor Rivaille, foi Erwin quem pediu para ligar, ele pediu para te lembrar que hoje é aniversário de Hanji e .... disse para comprar flores" a voz de Petra era baixa e timida, Petra trabalha comigo por anos, acho que desde que eu assumi a empresa do meu falecido pai, mas ela nunca ia perder essa voz timida, não que eu não gostasse, ela era uma mulher bonita e atraente, mas tão sem sal que eu acho que ela nem conseguiria gemer decentemente.
"- Havia me esquecido do aniversário dela, obrigado Petra".
"- De nada senhor" ela disse e então eu encerrei a chamada.
"- Bertholdt, vamos parar em alguma floricultura, preciso comprar flores" disse e o motorista assentiu.
Poucos minutos se passaram e o carro parou em frente de uma floricultura em Sina, chamada Carla's, na frente ja havia varias flores coloridas que me faziam lembrar da Hanji, a mulher era alegre demais.
Algumas rosas brancas e laranjas me chamarama atenção, porém conhecendo Hanji eu precisaria de algo que tivesse significado, senão ela falaria que eu comprei só por comprar.
Desci do carro e Reiner desceu logo atrás, fiz sinal para ele ficar na frente do local enquanto eu adentrava.
Se fora já era feliz, dentro tinha cheiro de lavanda e uma onda de flores de todos os tipos e tamanhos e arranjos variados.
"- Vai ser mais difícil do que eu imaginava" eu suspirei olhando para as flores.
"- Bom dia senhor, como posso ajuda-lo ? " uma mulher veio ao meu encontro, ela tinha olhos verdes e cabelos castanhos, aparentava ter seus 40 anos, usava uma blusa branca e um avental levemente rosado que combinada com a pintura do local.
"-Preciso de flores que representem amizade ou uma comemoração especial, como um aniversário ou algo assim " eu falei desinteressado, como se qualquer coisa do tipo servisse.
"- Acho que então Astromélia seria uma flor maravilhosa, temos aquele arranjo ali, a mulher apontou para um arranjo em cima de uma estante, elas eram coloridas e me lembrava Hanji, que até chegava a doer os olhos.
"- Levarei ela."  eu disse e a mulher sorriu.
"- Eren, por favor traga a escada para a mamãe, preciso pegar as Astromélias." Ela disse com a voz doce para a porta que estava levemente fechada.
"-  Astromelias significam amizade eterna e felicidade plena, a pessoa que você irá dar, ficara feliz com o significado". Ela sorriu.
"- Ela fica feliz com tudo." Eu disse mas antes que pudesse continuar a porta abriu e de lá saiu um rapaz, devia ter seus 17 anos de idade, cabelos bagunçados, mas o que mais me chamou a atenção foi seus olhos, lembravam duas esmeraldas levemente avermelhadas porque provavelmente ele estava dormindo e como eu sei disso, porque tinha marcas em seu rosto e seu uniforme escolar estava levemente amassado.
Ele carregava uma pequena escada em uma mão e um livro em outro. Ele ficou um tempo olhando pra mim e depois voltou a atenção ao que devia fazer... Eu, por nenhum momento consegui tirar os olhos do rapaz, que parecia simples mas também um rebelde.
"- Eren, estava dormindo de novo ? Nunca vai conseguir ler esse livro até o final  e seu trabalho no final do semestre ? " a mãe do garoto falava enquanto olhava zangada para o menino que havia subido na escada para pegar o arranjo.
"- Eu não aguento mais aquele bla bla bla mãe, esse livro me da sono.... " ele pegou o arranjo e desceu da escada..
" - Será que o meu coração realmente tinha amado até agora ?" Ele fez uma voz fininha...
"- Você não tem jeito" Sua mãe tampou a boca para não rir e saiu para embrulhar o arranjo...
"- Pois eu nunca vi beleza tão pura quanto está até essa... noite" eu disse e percebi que os olhos do garoto se arregalaram..
"- É o resto da frase que acabou de esnobar, Shakespeare era um gênio para você caçoar de  sua obra assim" disse frio e percebi o garoto corar...
Eu não conseguia tirar os olhos dele, ele era algo puro que eu queria quebrar, algo que eu queria marcar... ele me encarou de volta e passou a língua levemente nos lábios umedecendo os mesmo que estavam levemente secos...
Meus olhos pararam ali e eu senti meu coração acelerar...
Ao mesmo tempo que ele parecia puro, algo dizia que ele era como fogo, que precisava de álcool para aumentar e fazer um estrago enorme.
Ele ia abrir a boca para falar algo, mas antes que pudesse sair qualquer som..
"- Pronto senhor! " a mulher voltou sorridente e nessa hora eu sai do transe e parece que eu não fui o único, o garoto pulou e corou novamente.
"- Quanto é ? " perguntei olhando ainda de ponta de olho no menino que pegava o livro de cima do balcão folheando as páginas..
"- 30 dólares " ela sorriu...
Tirei uma nota de 100 dólares e a entreguei pegando o arranjo...
"- Fique com o troco" eu disse assentindo a cabeça e me virando para sair do estabelecimento..
"- Muito obrigada" a mulher disse com a voz alegre...
Olhei mais uma vez e percebi os olhos do garoto brilhar..
Eu realmente queria quebrar aquele menino.
Eu sai do estabelecimento sentindo seu olhar queimar em mim, Reiner me seguiu e entramos no carro indo para o escritório.
Peguei meu celular e liguei para Petra.
"- Senhor Rivaille" ela disse ao atender o telefone.
"- Quero que pesquise tudo sobre a floricultura Carla's , quem é o dono? família, animais de estimação,tudo e que esteja na minha mesa antes da minha reunião" eu disse frio.
"- Farei isso agora mesmo" sua voz saiu curiosa e até determinada,
"- Ótimo" eu disse e desliguei o telefone.
Quem era aquele menino ?
***

My SlaveWhere stories live. Discover now