Capítulo 27 - A assassina do rei.

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 Oito Meses Depois...

Escócia, março de 1501

Minha barriga estava enorme, faltavam apenas algumas semanas para que meu bebê nascesse. Minha paz aos poucos voltava, mas parecia que quando eu achava que poderia ficar calma e não pensar em tudo que eu havia feito, novamente alguém falava sobre a morte do rei, e eu entrava em pânico só de imaginar que alguém poderia descobrir algo. Mas por pura sorte, ou obra do destino, até agora ninguém havia descoberto quem havia matado ele, e eu tentava sempre fingir preocupação quanto a esse assunto. John por outro lado ainda não tinha aceitado muito bem o que aconteceu, e eu me sentia extremamente culpada. Ele até agora procurava por informações sobre quem poderia ter matado seu pai, e naquele dia partiria para a cidade em busca de um investigador muito famoso na Escócia. John tinha esperanças de que ele talvez pudesse descobrir o paradeiro da tal pessoa. Mal ele sabia que a tal "pessoa" dormia com ele todos os dias. Suspiro pesadamente. Desde sempre John havia sido meu único, porém. Por causa dele eu quis desistir da vingança, por causa dele eu percebi que tudo que eu estava fazendo era errado, e por causa dele eu mudei completamente. E agora eu sentia os chutes de meu filho em minha barriga e pensava que ao menos naquela parte eu havia sido completamente abençoada. Meu bebê era o que me mantinha viva, o que me fazia acordar toda manhã e tentar, era por causa dele que eu ainda estava ali. Acaricio minha barriga com carinho e sorrio, John vinha em minha direção e sorriu para mim, meu coração bate forte no peito.

— Mais algumas semanas, meu amor, e logo vamos ver o rostinho dele. - Falo animada.

— Você sempre teve tanta certeza de que ele é um menino, vamos ver se vai acertar.

Eu dei risada.

— Você vai ver, vai ser um menino muito parecido com você.

— Não me importo se vier um menino ou uma menina, tudo que quero é que venha com muita saúde. - Ele suspira pesadamente. — Eu preciso ir agora, meu amor, tenho que ir até a cidade conversar com aquele investigador.

O olho preocupada.

— Você realmente precisa ir? E se o bebê decidir nascer?

— Isso não vai acontecer. Ele vai me esperar. È que realmente preciso fazer isso, já se passaram meses desde a morte do meu pai e nada foi descoberto, preciso conversar com esse investigador, e ele não mora tão longe daqui, fica ao sul da Escócia, em pouco tempo eu retorno, prometo a você.

Assenti.

— Tome cuidado, por favor. - Falo ansiosa.

— Voltarei num piscar de olhos. Tente descansar, você não dorme uma noite inteira já faz tanto tempo.

Concordo com a cabeça, e ele sai me deixando sozinha em nosso quarto. A culpa me engole por completo mais uma vez. Eu queria gritar, queria chorar, e sabia que só estava ali ainda por amor aquele filho e aquele homem, porque independente de todos os meus erros, o amor que eu sentia era puro e verdadeiro, e eu esperava realmente que isso de alguma forma pudesse me ajudar quando tudo aquilo tivesse fim.

*

O susto que eu levo me faz quase gritar, mas eu prendo o grito na garganta para não prejudica-lo. Kaleb tinha subido pela janela de meu quarto e estava parado ali. Já faziam alguns dias que não nos víamos. Ele veio em minha direção e me olhou, eu vi pena em seu olhar. Kaleb me abraçou da forma que pôde por causa do volume de minha barriga, e eu desabei completamente.

— Não sei se aguento tudo isso, Kaleb. Se não fosse por esse bebê eu já teria me matado. Eu nunca pensei que me sentiria dessa forma por ter matado o rei, mas a verdade é que eu me arrependo não só por ter mentido, mas também por tê-lo matado. Ele é o pai do homem que eu amo, e eu tenho certeza que John jamais vai me perdoar. Ele pode fazer o que quiser quando descobrir, pode me mandar para a forca, ou me expulsar da Escócia e me deixar longe do meu filho, não poderia saber do que ele seria capaz de fazer, mas o que é certo no meio disso tudo é que nada faria com que ele me perdoasse. Nada.

A Assassina Do Rei (Livro 1)Where stories live. Discover now