A Assassina Do Rei (Livro 1)

Capítulo 28 - Elara jamais faria isso.

Eu estava realmente desesperada. Estava proibida de sair de meu quarto, e basicamente estava mantida como uma prisioneira. O que na verdade eu era. Eu tinha feito coisas terríveis, e temia por tudo que estava por vir. No meio de tudo isso eu sentia um conflito enorme dentro de mim, parte de mim queria que John retornasse e eu contasse toda a verdade a ele, mas minha outra parte a egoísta, estava com medo de sua reação. Eu tinha certeza absoluta que ele jamais me perdoaria. Ele me odiaria pelo resto da vida, e ou me tiraria de perto do meu filho, ou o renegaria e me mandaria para a forca assim que ele nascesse. Sabia bem que John era alguém de bom coração, mas ao saber da verdade não seria seu coração que falaria mais alto e sim a raiva, a decepção, o ódio, e seria somente isso que ele sentiria por mim. Eu havia perdido tantas pessoas ao longo do caminho. Meu pai, minha mãe, e agora John. Todos eles sem exceção eram pessoas boas, minha mãe sempre tentou me ensinar a fazer o bem, o meu pai que tinha um coração enorme, e sempre fez de tudo para alegar a mim e as filhas de Regina. E John era até desnecessário dizer. Ele sempre me surpreendeu, sempre pensou nos outros do que em si próprio. Ele era admirável. Mas no meio eu fui corrompida por tudo que aconteceu. A escuridão tomou conta de mim, e eu não lutei contra ela, na verdade deixei que entrasse o quanto quisesse. Se eu pudesse voltar atrás jamais teria feito tudo que eu fiz, mas agora eu teria que arcar com as consequências, sejam elas boas ou ruins.

Ouço um barulho vindo da janela e levanto-me rapidamente, era Kaleb. Meu coração bate forte no peito pelo susto de vê-lo ali.

— Kaleb, o que faz aqui? - Eu pergunto assustada. — Você enlouqueceu? Se o encontrarem aqui podem imaginar diversas coisas e acabar o mandando para a masmorra.

— Eu não me importo com isso, na verdade não me importo com mais nada. - Disse ele vindo em minha direção. — Eles ainda estão investigando se eu a ajudei de alguma forma na morte do rei, mas como não tem provas acabaram por me liberar, só que eu não pretendo mais ficar por aqui, Elara. Preciso fugir enquanto ainda há tempo, preciso sair da Escócia o quanto antes.

Aquilo me deixou extremamente preocupada.

— E onde você vai ficar? Não pretende ficar pelas ruas, não é?

— Não sei ainda. Talvez devo ir para a Inglaterra, ou então para a França, ainda não sei. Mas tudo que sei, e tudo quero, é que você venha comigo. Podemos recomeçar, Elara. Podemos ter uma vida nova longe de tudo isso, longe dessas loucuras e de todas as mentiras. Sei que não posso lhe proporcionar tanto quanto o novo rei, mas posso lhe dar muito mais do que bens materiais, e com toda certeza amarei esta criança como se fosse minha. Por favor, venha comigo.

Ele segurava minhas mãos entre as dele, e me olhava com tanta esperança, com tanto amor. Mas eu não podia fazer aquilo, não poderia fugir assim sem mais nem menos. Não poderia fugir depois de deixar tantos estragos. E minha outra razão era além disso, não poderia condenar Kaleb a uma vida infeliz. Ele poderia me amar, mas eu não o amava e tinha certeza que jamais o amaria. Amor era o que eu sentia por John, e ainda que ele me odiasse, eu o amaria até o fim dos meus dias. Eu precisava pensar com a razão naquele momento, e mesmo que Kaleb não enxergasse que tudo que ele sentia por mim estava sendo em vão, eu precisava mais uma vez ser clara. Me doía muito, mas ele precisava enxergar as coisas como realmente eram.

— Não posso fazer isso, Kaleb. Não posso fugir assim.

— Como não pode, Elara? Você prefere morrer do que ficar comigo, é isso? - Pergunta com raiva.

— Eu causei tudo isso, então preciso arcar com as consequências. Você precisa acabar com essa obsessão Kaleb, eu amo outro homem e você sabe disso. Você não pode me obrigar a amar você, e acredite quando eu digo que se eu amasse você tudo seria mais fácil, eu não estaria nessa situação. Não se pode obrigar que o amor aconteça, amor se constrói, ele é como uma semente de uma rosa que é plantada e aos poucos floresce. Eu construí o meu com muitas mentiras e agora estou pagando por isso, você precisa encontrar alguém que ame você, que o mereça. Deixe isso acontecer e você encontrará paz.