Capítulo 19

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Ao abrir a porta da sala fui caminhando em direção ao quarto da minha irmã, onde acreditava que meus pais estariam. Quando me aproximei, a porta estava escancarada, a luz acesa e o guarda-roupa dela estava todo revirado.

— Será que isso não pode ser uma vingança dele? — meu pai disse, sem saber que eu já estava ali.

Ao me ver, aos prantos, minha mãe entregou um bilhete que Rita havia deixado.


Mãe, pai, Jessy, não se preocupem comigo, eu estou bem. Fui embora para tentar uma carreira de modelo. Fugir foi a única forma que eu encontrei para viver esse sonho. Sei que vocês não vão poder me apoiar agora. Dona Gláucia, a dona da agência disse que eu tenho potencial e vou ficar famosa logo, mas para isso preciso me entregar em tempo integral aos ensaios.

Não estou abandonando vocês, dentro de pouco tempo eu entro em contato.

Amo todos vocês,

Ritinha.

Quando acabei de ler aquele bilhete e olhei para o notebook da Rita, meu coração gelou na hora, imediatamente me lembrei da cena em que ela estava quase nua na frente da web, e a culpa de não ter relatado isso para os meus pais antes, bateu forte dentro de mim. Eles nem imaginavam do perigo, que eu acreditava que ela estivesse correndo, por isso, naquele mesmo instante resolvi contar tudo para eles.

— Meu Deus... Então ela pode ter caído nas mãos de pedófilos. — Meu pai concluiu com o semblante transtornado, após ouvir o chocante relato da sua filha despida para estranhos.

Minha mãe não suportou ouvir aquilo e caiu em desespero, chorando e gritando sem parar.

— Eu quero minha bebê, eu quero minha bebê... Não deixe que nada aconteça com a nossa filha, faça alguma coisa, pelo amor de Deus, Raul — ela suplicou nos braços do meu pai, que pediu para que eu pegasse um calmante para ela.

Mesmo contra a sua vontade, ela tomou um forte tranquilizante e acabou adormecendo no sofá.

Ao me lembrar do que meu pai disse quando cheguei no quarto, eu o questionei.

— Pai, quando entrei aqui o senhor estava falando sobre vingança? Tem alguma coisa que eu não saiba?

— O quê? Vingança? Eu disse isso? Nem me lembro, Jessy. Talvez eu estivesse me referindo a alguma possível inimizade que Rita poderia ter, sei lá. E agora, o que eu faço? — meu pai se perguntou, com as mãos entrelaçadas, olhando para o alto e andando em círculos pelo quarto.

— Pai — sussurrei pegando nas mãos dele. — Precisamos manter a calma. Vocês sabem que horas, mais ou menos, ela desapareceu? E o celular, ela levou?

— Ela saiu depois do almoço e deixou o celular aqui. A gente achou que estivesse na casa da Clarinha, aquela amiga dela do cabelo vermelho, mas como ela não voltava, sua mãe resolveu ligar para a casa da amiga, e ela disse que não tinha conversado com a Rita hoje.

— Então já faz um bom tempo. O que a gente precisa fazer agora é levar esse notebook para a polícia, lá eles vão quebrar as senhas dela e entrar nas redes sociais. — Lembra do Victor, meu ex-namorado que entrou para a polícia? — ele assentiu. — A gente pode pedir ajuda para ele.

— O senhor fica aqui em casa, que eu vou à delegacia onde o Victor trabalha, eu sei onde é. Quem sabe ele não está no plantão de hoje?

Pedi um carro por aplicativo e saí às pressas de casa. No caminho para a delegacia, pensamentos de pedofilia não paravam de brotar na minha mente, atormentando-me e instalando em meu coração um terrível pressentimento de que algo ruim poderia estar acontecendo com a minha irmã.

Sir Best Sellers "Uma adorável blogueira literária"Kde žijí příběhy. Začni objevovat