01 - Cuidar das plantas.

3.1K 272 16
                                    

Chloe

Acordei com o meu telemóvel a vibrar. Pego e antes de ver a mensagem que recebi, vejo as horas. SETE HORAS DA MANHÃ? Mas quem no seu estado normal é que acorda às sete horas num sábado? Que eu saiba o sábado é para descansar. Ugh.

Abri a mensagem.

“Hoje vens a minha casa jantar? – Kath.”

“Sim vou e obrigada por me acordares a estas horas!” Respondi-lhe. Fechei os olhos e tentei continuar a dormir, mas nada. Quando acordo, já não há volta a dar. Que raio estava ela a fazer acordada a esta hora? Será que ela acorda todos os dias às sete horas da manhã? Não pode... 

Levantei-me com muita preguiça e fui vestir-me. Uma camisola de uma banda que nem reparei qual, com uns jeans claros penso que seja apresentavel apenas para ir tomar o pequeno almoço. Por fim, amarrei o meu cabelo numa maneira desastrada. Decidi que hoje irei tomar o pequeno-almoço a um café aqui perto. Sempre que passo por aquele café, os bolinhos na montra estão sempre com um sorriso para mim,  nunca resisto. O seu ambiente também é bastante confortável e acolhedor.

Desço as escadas até à cozinha e encontro a minha mãe  no tablet a tomar o seu pequeno-almoço. Sou tão curiosa que vou dar-lhe um beijo na bochecha apenas  para ver o que ela esta a fazer no tablet.

“Acordas-te cedo?” A minha mãe pergunta admirada.

“Claro que não.” Pego nas chaves de casa. “Vou tomar o pequeno-almoço fora, já volto.” Aviso e dou-lhe um beijo na bochecha antes de sair de casa.

Fechei o portão e caminhei em direção ao café onde iria tomar o pequeno-almoço.

“Bom dia.” Digo sorridente para o senhor de meia-idade que está atras do balcão. Para quem acordou cedo esta muito animada. Não me percebo. “Queria um bolo daqueles sorridentes e um copo de agua, se faz favor” Pedi com um grande sorriso. Pego no dinheiro e dou-lhe recebendo em troca com o que pedi em cima do balcão.

Sento-me numa das mesas e pego no meu telemóvel. Resolvo ir chatear a Kath. Primo na tecla verde e após três toques consigo ouvir a sua voz rouca.

“A que horas vou aí?” Pergunto.

“As que tu quiseres. Preferia as sete da tarde.”

“Posso ir às seis e cinquenta e cinco?”

“Vens às sete ou não entras.” Disse entre risos.

“Está bem, logo vejo.” Digo ao mesmo tempo que acabo de comer e desligo.

Levanto-me e vou em direção até casa. Pelo caminho vou contando os passos que dou, apenas uma mania estranha que costumo fazer quando não tenho ninguém para chatear.  Entro em casa e grito:

“96 PASSOS!” Gritei elevando as mãos. “Mãe, hoje vou jantar com a Kath.” Avisei-a sorridente.

“Então tens de me ajudar.” Afirmo com a cabeça para ela continuar. “Tens de cuidar do jardim.” Arregalo os olhos quando ouço a palavra 'jardim'.

“Não, não, não.” Sento-me numa das cadeiras da cozinha. “Tudo menos isso. Eu tenho medo de bichos, e não quero estragar as minhas mãozinhas.” Olho para as minhas mãos suaves.

“Parece que hoje vais ter de dar uso às tuas mãos, caso contrário, jantas cá.” 

Pego no meu mp3 e ligo os fones. Não estou preparada para pegar em bichos. Caminho em direção à arrecadação e tiro os materiais para cuidar dum jardim. Eu nem sei o nome de cada peça, quanto mais a sua função. Abanei a cabeça em descontentamento.

     *       

Assim que acabei de tratar do jardim, corri imediatamente para a casa de banho para tomar um daqueles banhos longos. Estava mesmo a precisar de relaxar os músculos por um tempo. Mergulhei a cabeça dentro da banheira cheia de água e sustive a respiração. 

Saí da banheira e enrolei a toalha ao meu corpo. Caminhei para o quarto e vesti a mesma roupa que levei para o pequeno-almoço. Quando a fome já apertava, desci as escadas e fui direta à cozinha vendo a minha mãe perto do frigorífico .

"Demora muito o almoço?" Perguntei impaciente. 

 "Está quase, mas seria mais rápido se me ajudasses." 

Desde que o meu pai morreu eu nunca mais ajudei a minha mãe a fazer o jantar, eram sempre eles que faziam o almoço e jantar às gargalhadas, mas infelizmente, o meu pai envolveu-se em uns negócios e desde esse, cresceram dividas, e... morreu com um tiro. O culpado continua na prisão, mas sei que o meu pai tem muitos mais inimigos.  

"Prefiro ir ver televisão." Disse sorridente e caminhei em saltos para a sala de estar. 

Peguei nas chaves de casa e levei uma garrafa de água comigo. Com este calor não posso andar por ai a passar sede, certo? Caminhei lentamente até à casa da Kath, devia demorar uns 10 minutos a chegar. O que será que ela vai fazer para o jantar? Talvez possamos ir ao McDonald's, ela não sabe cozinhar nada, e quando cozinha, chama-se comida queimada. Com os meus pensamentos profundos nem reparei que tinha ido contra alguém. 

"Vê por onde andas." Digo e comecei a andar sem olhar para a pessoa. Não tenho culpa. Estava a pensar em comida, isso é algo importante, quando penso em comida, estou nas nuvens. 

 Subi três escadas à entrada da moradia e toquei à campainha dando de caras com uma rapariga em sutiã. 

 "O teu irmão vê-te nesses preparos?" Perguntei entrando dentro de casa sem permissão. 

 "Noite de raparigas." Ela grita e abraça-me. 

 "Sim está bem, mas vira as mamas para outro lado." Disse afastando-me dela. 

----

Votem e comentem com a vossa opinião. <3

Clouds // l.hWhere stories live. Discover now