Lembranças

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**oi gente, este capítulo ficou enorme. Eu tinha muita coisa a contar e por isso ficou grande me desculpem.
Comentem o que acharem para eu saber como minha fic está atingindo os leitores.
Qualquer erro reportem também.
Obrigada e até o próximo capítulo ;) **

Três semanas se haviam passado desde o incidente da boate e, também, já estava ganhando prática sobre o meu trabalho como coordenador. A primeira semana foi de aprendizagem e agora Christopher me deixou sozinho a trabalhar com alguns autores.

Todavia eu ainda tinha uma folha com todos os passos apontados sobre o processo de impressão de livros. Não gostava de correr riscos e ainda para mais não queria desapontar Victor apesar de ele me ter evitado todas estas semanas restringindo-se apenas a cumprimentos ou conversa de trabalho em reuniões e, admito, que isso me consumia mas eu não podia fazer nada.

Acredito que me esteja a evitar sobre o que se passou na boate. Eu não sabia realmente o que se tinha passado, havia uma versão minha e uma de Victor e por mais que eu quisesse acreditar que a minha era a correta eu não conseguia arranjar uma explicação para o que havia acontecido.

Poderia ter sido um descargo de adrenalina que fez Victor aguentar a pancada do carro? Ou ele dizia a verdade?

Estas eram algumas das várias perguntas que iam passando pela minha cabeça ao longo da semana e que não me permitiam concentrar a 100% em meu trabalho.

- Yuuri? Está me ouvindo?

Deixo meus devaneios e olho para o moreno a minha frente que estava olhando para mim com ar preocupado.

- Ah..? Sim, claro. Me desculpe Sr.Altin – olho em redor e apesar de estarmos sozinhos numa sala de reuniões não conseguia deixar de lado as formalidades.

O moreno sorri para mim compreensivo.

- Me chame Otabek por favor, não sou assim tão velho. E se quiser podemos marcar para outro dia esta reunião.

Me levanto arrumando minha gravata e andando ao redor da mesa. Otabek Altin era um dos melhores autores da companhia e seu manuscrito estava deveras muito bom. Não valia a pena atrasar a reunião pelos meus devaneios.

- Não será necessário Otabek, seria falta de profissionalismo da minha parte se tal acontecesse e além do mais eu chameio-o aqui porque nosso preparador detetou erros mínimos em seu manuscrito e antes de o enviarmos ao diagramador eu tenho de tratar isso com você -sorrio e abro os braços como que abraçando toda a divisão para explicar o motivo de estarmos ali sozinhos – sei que normalmente seria o próprio preparador a tratar disto com você mas ele está indisponível e como eu sou coordenador eu tenho acesso a todos os processos e relatórios. Espero que não se importe de resolver as coisas comigo.

Otabek sorri e se levanta para logo se recostar na mesa oval com as mãos nos bolsos.

- Não estou preocupado Yuuri, você é um ótimo profissional, Christopher era meu coordenador anterior e só me falou bem de si, assim como o próprio Victor.

Meu coração para com a menção de meu patrão mas tinha de mostrar profissionalismo e por isso abano a cabeça sacudindo meus cabelos e volto a subir meus óculos que sempre deslizavam por meu nariz.

- Fico agradecido pela sua confiança Otabek. – agarro nos documentos que tenho em cima da mesa e olho para o relatório do preparador – Podemos começar?

Otabek acena afirmativamente.

- Muito bem. A sua história é muito envolvente, com criaturas e clãs. Isso impressiona-me bastante na verdade, mas existe alguns erros como datas históricas. Por exemplo a personagem principal esteve dormindo durante um milénio certo?

Otabek me olha com curiosidade.

- Sim.

- Muito bem mas não se consegue perceber onde decorre a ação principal, o presente quero eu dizer. Os leitores não saberão que lugar imaginar se não souberem a época em questão.

Otabek gargalha, tira as mãos dos bolsos e esfrega elas enquanto sorri para mim novamente.

- E se a história decorresse no espaço Yuuri? Não seria exatamente uma época.

- Sim tem razão mas temos de ter algum ponto por onde nos guiar e acho que o manuscrito fica confuso.

- Tem razão. A ação decorre na época medieval mas não a época medieval como todos imaginam. Como pode ver na minha história existem criaturas de várias categorias nomeadamente os 4 elementos.

Sorrio e coro. O melhor de trabalhar nesta empresa é que eu sabia de antemão as histórias que iriam ser publicadas. E esta história de Otabek iria sem dúvida vender milhões.

- Não só criaturas que controlam esses elementos e é essa diversidade que fará seu livro vender muito bem Otabek.

Otabek sorri para mim e se afasta da mesa.

- É preciso mais alguma coisa?

Olho novamente para o relatório procurando algo que precisasse ser analisado.

- Não, está tudo em ordem agora. Você agora leva o manuscrito para casa e trata de corrigir e assim que terminar envie para seu preparador que logo será enviado para o diagramador.

Nos despedimos com um cumprimento de mão e antes que Otabek se fosse embora não consegui conter meu entusiasmo de fã.

- Ah…Otabek? Sei que é sua política revelar o título de seus livros depois de passarem pelo revisor de 3°prova antes mesmo da impressão mas será que…me podia dizer a mim? -vejo Otabek parado olhando para mim pensativo – Mas se quiser não precisa dizer mesmo. Acho que eu falo demais não é….

- War of Ice

- Desculpe?

Otabek se vira para a porta, abre ela e sai. Mas não antes de se despedir.

- Estou dizendo que meu livro se chamará War of Ice.


Realmente o título era perfeito mas não podia ficar muito tempo ali. Tinha um relatório para fazer sobre a reunião com Otabek para entregar a Victor.

Saio da sala e me dirijo para minha secretária que ficava mesmo ao lado de Christopher e uns metros antes do escritório de Victor.

- Como correu? Ele acedeu ás mudanças?

Assim que me sento começo a escrever em meu computador o relatório. Aceno afirmativamente como resposta a Christopher e continuo focado na tela do ecrã quando sinto algo se encostar a mim. Paro de escrever e olho para baixo e vejo que é uma caixa com donuts. Sorrio e olho para o meu colega.

- Obrigada Christopher. É alguma ocasião especial?

- Não querido. Apenas notei que tem andado distraído e pensei que comida resolvesse. Os humanos parecem gostar muito de doces.

Christopher me pisca o olho. Reviro os olhos, sempre tratando as pessoas assim mas não tinha o direito de me queixar. Apesar de não saber o seu papel naquela noite na boate ele sempre foi boa pessoa para mim.

Eu tinha ganho um amigo naquela empresa e eu adorava isso.

Agarro no maior donut.

- Obrigada Christopher – dou uma dentada e me apercebo do que ele havia dito – espera ae, humanos como assim? – deixo cair o donut em cima de minha secretária.

Meu colega nota minha preocupação e receio e logo me interrompe tentando acalmar.

-Eh… me desculpe eu dei a impressão errada. Na verdade eu estudo muito psicologia também e li que o ser humano é o único animal que na maioria das vezes se sente melhor depois de comer…- olha para mim e sorri assim que me vê suspirar – era…era isso que queria dizer meu querido.

Olho mais atentamente para Christopher, sorrio e volto a pegar no donut.

Assim que termino de comer continuo meu relatório mas notei que Christopher esteve o tempo todo me olhando receoso.

Algum tempo depois termino meu trabalho e o entrego a Christopher que logo me olha com curiosidade.

- Não acha que vou entregar o seu relatório a Victor certo? É o seu trabalho.

- Mas..

- Sem mas Yuuri. Este é seu trabalho e tem que o tratar com profissionalismo. Além do mais..- olha para a porta do escritório e novamente para mim – Não se podem evitar para sempre.

Ia insistir novamente para me contar o que se passou na boate mas sua versão é a mesma de Victor e sabendo que são amigos de longa data decidi não falar mais sobre isso com Christopher.

Assim, pego no relatório novamente, me levanto, pisco o olho para meu colega enquanto lhe mando um beijo.

Me dirijo ao escritório de Victor deixando para trás um Christopher boquiaberto e surpreendido.

Toc toc

- Pode entrar.

Respiro fundo, entro pela porta preparado para uma conversa curta e respostas secas de Victor.

Entro com a maior seriedade possível e me dirijo para a secretária enorme enquanto analiso o homem que está diante de mim.

Estava sério, concentrado nos seus papéis, com umas calças azul escuro e uma camisa branca por dentro delas desabotoada dois botões deixando exposto um pouco de pele, “gostoso do caralho".

Assim que me posiciono á sua frente Victor pousa seus papéis e olha para mim inquisitivamente.

- Boa tarde Yuuri. Precisa de alguma coisa?

- Sim, vim aqui entregar o relatório da reunião com Sr.Altin – entrego os papéis e espero que os leia.

Olha para eles durante algum tempo e depois para mim.

- Bem era só mesmo isso. Leia com atenção.

Me viro, pronto para ir embora.

-Espere Yuuri.

- Sim?

Victor me levanta um dedo indicando para eu esperar, pega em seu telefone e telefona para a receção -Christopher? Quando é minha próxima reunião? – fica uns segundos em silêncio- Muito bem, cancele. Aham…agradecido -pousa o telefone e sorri de forma tensa para mim.

- Sente-se Yuuri.

Avanço em sua direção olhando cautelosamente para meu patrão, isto era estranho, fazia 3 semanas que mal tinha contacto comigo.

- Porque cancelou sua reunião?

- Queria falar consigo Yuuri.

- Comigo?

- Sim, consigo. Apercebi -me que não sei quase nada de você.

- Tenho direito a questioná-lo também?

Victor sorri e me olha ternamente.

- Suponho que seja justo. Aceito.

Levanta a mão indicando que posso começar.

Suspiro pronto para a pergunta que mais me consumia ao longo destas 3 semanas. Cruzo os dedos e abano a perna tremendo de nervosismo fazendo meu óculos cair pelo meu nariz “raios”. Tiro eles e olho Victor nos olhos e vejo que este de um momento para o outro havia mudado sua face para tons avermelhados. Mas o que? Só porque tirei meu óculos?

- Então me diga porque raio me tem andado a evitar estas semanas?

Victor suspira e olha para mim com plena tristeza.

- Para nosso bem Yuuri, para manter nossa relação profissional.

- Não acredito nisso.

- Você não acredita em nada do que eu digo.

- Porque eu sei que você mente.

Victor se levanta mais sério do que nunca.

- Yuuri eu não posso dizer mais nada a você. Lide com isso e pergunte outra coisa.

Se volta a sentar mantendo o contacto visual.

Se não me iria dar respostas diretamente que fosse. Eu ia obter elas de qualquer jeito.

- Muito bem. Porque não existem fotos suas na internet?

- Para manter minha privacidade Yuuri, acho que ninguém gosta de ter 50 paparazzi tirando foto sua enquanto come um croissant não é mesmo? Além do mais…Assim eu sei que meus parceiros sexuais não me escolhem por minha fama.

Tusso. Eles havia mesmo dito companheiros?

- Tem namorada?

Victor sorri para mim e olha maliciosamente.

- Em que é que isso lhe é útil?

Baixo a cabeça envergonhado.

- Não tenho namorada não, nem namorado. Até agora nunca tive.

Levanto a cabeça espantado.

- Sério? -pergunto com surpresa.

- Sério. Só companheiros sexuais.

De repente surgiu outra pergunta em minha cabeça.

- Já fez um ménage?

Coro assim que profiro estas palavras. Esta conversa estava tendo um rumo bem estranho.

Victor volta a sorrir maliciosamente para mim.

- Sim, orgias também. Sabe…estou gostando muito desta conversa Yuuri mas acho que não era isto que você tinha em mente.

- Sim é verdade, queria também perguntar o motivo de só haver registos seus desde á 5 anos para cá. Afinal o que fazia antes de ter esta empresa?

- Isso Yuuri é outra coisa que não lhe posso esclarecer já. Podemos dizer que tive uma infância turbulenta e que só á 5 anos decidi ser independente e não ter mais nada a ver com Meu Pai. Agora me deixe perguntar algo Yuuri. É crente?

Fico pasmo com a pergunta. Tanta coisa a perguntar e decide perguntar se sou crente?

- Ah… não. Acho eu? – olho para um Victor confuso -eu realmente não sei se acredito. Gosto de pensar que as coisas evoluíram como a ciência diz mas nas alturas mais tristes da minha vida dou por mim olhando para o céu e pedindo ajuda.

- Isso chama-se fé. Não precisa rezar ou acreditar em tudo. Basta acreditar em algo, por mais pequeno que seja. E se pensa Nele em suas piores horas é porque você, decerto, acredita em algo. Quanto á evolução já pensou que Deus pode ter criada a humanidade e deixado ela evoluir do seu jeito?

Olho mais atentamente para Victor procurando algo que nem eu mesmo sei o quê.

- E você Victor? Acredita?

Victor gargalha alto.

- Acredito sim. Gostava de não o fazer mas infelizmente sim, acredito de corpo e alma.

- Não faz o seu tipo.

Me olha com o sobrolho franzido.

- Que tipo é que eu sou?

- Sei lá. Você é bonito, bissexual …

- E isso é errado?

- Não de todo mas a Rússia aqui é bem preconceituosa.

- Por esse motivo Yuuri eu vim para aqui. Ser gay ou não, não tem nada que ver com crença. Deus ajuda todos seus filhos e isso incluí gays ou não e um de meus objetivos nesse país é mudar sua maneira de ver as coisas.

Coro com sua fala, para além de lindo e inteligente era altruísta. Era a minha definição de perfeição…bem se não fosse seu mau feitio e o facto de me estar a ignorar feito otário.

- Demasiado altruísta Victor, uma pessoa não pode mudar assim um país.

Se levanta e vem em minha direção. Se põe detrás de mim e deposita suas mãos em meus ombros. Aproxima sua boca de meu ouvido me fazendo corar e suspirar com seus sussurros.

- Mas eu…Yuuri, não sou um homem qualquer.

Me arrepio e dou um gemido baixo “puta que pariu". Viro meu rosto para o lado onde Victor havia sussurrado e olho diretamente em seus olhos. Estava a míseros centímetros de mim.

Vejo Victor olhar para meus lábios e decido me vingar por todas aquelas 3 semanas. Lambo meu lábio superior enquanto me aproximo de seus lábios e olho em seus olhos. Vejo Victor se contorcer de desejo e avançar sobre mim mas antes de sentir qualquer toque meu celular começa a vibrar.

Victor fecha os olhos e cerra as mãos em punho, retrocede e respira fundo.

- Atenda Yuuri. Está dispensado.

Engulo em seco. O que tinha acontecido ali? Será que me ia beijar por pena ou me quer apenas como amante? Qualquer que fosse a opção eu não aceitaria ser subjugado dessa maneira.

Me levanto da cadeira e saio de seu escritório.

- Alô? Mira?

- Oi tio. Tô com saudades. Minha mamãe deixou eu ligar para você.

Meu coração derrete e logo esqueço o que passou com Victor. Me concentro em meu sobrinho.

- Oi Sanji. Tudo bem com você?
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Arquejo excitado assim que Yuuri sai de meu escritório. Me viro para a paisagem da cidade tentando me acalmar.

Se calhar foi bom termos sido interrompidos não? Somos patrão e subordinado. É. Ainda bem que nos impediram.

Mas meu pau não concordava com isso, estava tremendamente excitado. Como assim? Nem nos beijamos. Que raio…?

- Victor sei que agora não é uma boa altura mas tenho notícias para você.

Me viro e vejo meu irmão novamente, Yuri Plisetsky.

- Sabe que não gosto que me incomodem.

- Sim eu sei…

-E por favor recolha as asas. Se alguém entra aqui e vê você …?

- Calma Victor. Está muito irritadiço. É tudo por causa do garoto Katsuki? – Yuri sorri enquanto recolhe suas asas. Assim parecia apenas um adolescente de 16 anos. Ninguém diria que tinha força sobre humana ou que era até mesmo um anjo -eu realmente percebo o seu fascínio por ele. Eu falei com ele 3 semana atrás e….

- O QUE VOCE FEZ???? -Me levanto com brusquidão e vou em sua direção.

Yuri logo levanta as suas mãos em posição defensiva.

- Calma. Provavelmente ele não lembra de mim de tão bêbado que estava mas admito que desperta interesse e olha que isso vindo de mim é muito.

- Pois mas não é para despertar interesse em você Yuri.

Yuri sorri com desdém.

- Se ele me cativa a mim não acha que cativará nosso lindo irmão? Me deixe elucidar você…ah…o nosso querido Lucifer sabe?

Meu corpo fica imóvel. Seria isso possível?

- Não isso não vai acontecer.

Yuri avança para minha cadeira detrás da secretaria e se senta nela cruzando seus pés por cima do tampo de madeira da secretária.

- Já já chego aí Victor mas agora preciso lhe dizer algo.

Continuo em pé, meto minhas mãos nos bolsos e espero por uma resposta impacientemente.

- Então? Conta lá, não tenho a vida toda -sorrio para Yuri de lado – Ups…Afinal tenho.

- O nosso presidente quer invadir os EUA.

Perco o sorriso, outrora em meus lábios, e dou lugar a uma faceta amarga e assustada.

- Espera…o que?

- É isso mesmo que você ouviu. Basicamente a Rússia tentou impedir os EUA de atacar a Síria por palavras e a resposta de agradecimento foi a morte de 3 deputados. Obviamente tem mão de demónio aí mas a Rússia pensa que é trabalho dos americanos e quando tiver essa confirmação, e eu tenho a certeza que vai ter, vai rebentar com eles.

- Mas isso não pode acontecer. Isso vai ser uma 3°Guerra Mundial.

Yuri bate com suas mãos em minha mesa e se levanta.

- Aleluia que você entendeu o que se tá passando aqui. Não é a primeira vez que existe uma guerra criada por Lucifer. Você sabe que ele quer causar o caos na humanidade e para isso ela precisa perder a esperança. Mas nunca aconteceu uma guerra nesta magnitude. Com toda a sua tecnologia os humanos correm o risco de se aniquilarem. Países do 3° mundo já estão em guerra e se as grandes potências como EUA, Rússia e Coreia também entrarem será o fim da criaçãozinha de nosso Pai.

- E como acha que devo impedir isso? Afinal somos mais 6 irmãos não posso ser só eu.

Yuri fica estático e me olha nos olhos.

- Ao que parece nosso Pai quer que seja você impedindo o lançamento desses mísseis. Obviamente nosso presidente sempre foi de mau caracter e as escolhas sempre foram dele. Mas desconfio que alguma entidade esteja influenciando ou até mesmo possuindo ele. Você tem que tirar esse demônio de lá ou uma guerra rebentará.

Suspiro exasperado.

- Como você pensa que vou fazer isso? Devo chegar lá no meio de todos aqueles seguranças e dizer “oh olá. Vou fazer um exorcismo a seu presidente e provavelmente ele vai sair machucado"? Não me parece Yuri.

- Você é influente, tem contactos. Pode marcar uma reunião com ele. Quanto aos seguranças eu ajudo você.

- Vou pensar e na altura oportuna eu aviso você.

Yuri tira seu rosto frio e sorri ternamente.

- Sabe eu sei o quanto a Terra significa para você. É a sua casa agora…. Não quer mesmo voltar?

Me dá a mão e entrelaça seus dedos nos meus.

- Me desculpe Yuri. Eu me cansei de tudo lá em cima. Além do mais – fecho os olhos trazendo todas as memórias de Yuuri – Tenho alguém para proteger e por isso eu vou impedir nosso irmão de destruir a nossa casa.

Yuri se entristece.

- Era aí que queria chegar. Victor, por muito que você goste do Katsuki…Se você se aproximar Lucifer saberá de sua existência e pode usar ele. Tenha cuidado. Além do mais, ele é sua fraqueza. Um humano, é muito fácil de manipular e você sabe.

Estremeço com todas as coisas que meu irmão poderia fazer a Yuuri. Mas eu não deixaria. Iria proteger ele. De repente me apercebo que não posso ser tão duro com ele, ele iria sofrer e eu também. Afinal já havia sofrido 3 longas semanas tentando impedir qualquer aproximação mas também não posso deixar avançar mais que isso. Incidentes como o de á pouco não podem voltar a acontecer.

- Eu sei Yuri obrigado.

Yuri sorri e me beija na face e me abraça forte.

- Dê meus cumprimentos ao Giacommeti.

- Darei com certeza.

E assim Yuri desaparece mais uma vez.
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- Yuuri vá entregar o café ao Victor.

Olho para Christopher que estava olhando para seu ecrã e digitando com grande rapidez.

- Porque eu?

- Bem eu estou atulhado de trabalho e nosso patrão sempre toma café a esta hora. Como não posso entregar será você.

Me levanto e me dirijo a máquina para fazer um café para Victor.

- Ei não esqueça da Vodka.

Olho surpreendido para Christopher. Este para de digitar e olha para mim.

-Estava esperando o que? O cara é rico e vive na Rússia. Só essa explicação basta.

Encolho os ombros. Não é meu dever me queixar do que meu patrão bebe ou não bebe.

Assim que termino de fazer o café, deposito uma garrafa de Vodka no tabuleiro e me direciono ao gabinete.

Ia bater á porta me algo me fez não o fazer. Umas vozes. Pelo que percebi eram duas.

- Eu sei Yuri obrigado.

Yuri? Não tinha visto ninguém entrar. Me aproximo mais tentando ouvir.

- Dê meus cumprimentos ao Giacommeti.

- Darei com certeza

Paro de ouvir qualquer voz. Era Victor e quem mais?

Espero que esse alguém saia pela porta mas isso não acontece.

Para não deixar o café esfriar decido entrar mesmo assim.

Toc Toc

- Entra Christopher.

Entro no gabinete e vejo Victor de pé perto da cadeira de convidado e estava direcionado para sua cadeira como se estivesse falando com alguém mas não havia mais ninguém ali para além de Victor.

- Me desculpe incomodar outra vez. Christopher está cheio de trabalho e me mandou entregar seu café com Vodka… peço desculpa sei que não devia estar aqui depois daquilo.

Victor sorri para mim e se encosta em sua secretaria exatamente como Otabek havia feito de manhã.

- Não se preocupe Yuuri, pode deixar aqui o café.

Avanço em sua direção com o tabuleiro na mão. Este não me permitia ver o chão e por isso tropeço em seu tapete vermelho entornado o café escaldante na camisa de Victor.

- PUTA QUE PARIU ME DESCULPE.

Entro em pânico, com as mãos a tremer.

- Peço perdão Senhor eu vou buscar pensos e curativos.

Me viro mas logo sou agarrado no braço. Olho para trás e vejo Victor sorrir ternamente para mim.

- Não se preocupe Yuuri. Não me magoei.

Olho para sua camisa encharcada. De certo ele iria ficar com queimaduras em seu peito.

- Como não? O café estava fervendo e eu mandei para cima de…. Pera que você tá fazendo?

Vejo Victor tirar sua camisa branca, desabotoando botão a botão enquanto olha para mim.

- Sou um CEO, não posso estar com a camisa suja.

Assim que termina de falar tira sua camisa e deixa ela cair no chão mostrando seu tronco nu.

Dirty AngelWhere stories live. Discover now