Capítulo 2

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A confusão ao redor poderia significar um incômodo ao rei, mas nesse momento ele se sentia satisfeito por ver que os homens que lutou tão bravamente ao seu lado estavam felizes.

- Quer mais vinho majestade? - Madame Inês perguntou quando uma de suas meninas se aproximou com a jarra de vinho.

- Por enquanto estou satisfeito.

Com um gesto de mão, Inês dispensou a jovem que sorria encantada com o rei.

- Essa cidade sem os seus soldados não é a mesma. Minhas meninas estavam reclamando do mau cheiro dos homens que sobraram no reino. - Pedragon sorriu, Inês tinha um humor único que o animava.

- Suas meninas na verdade estavam com saudades das moedas de prata dos meus homens.

- Também. - Inês deu de ombros sorrindo.

Ela não era mais jovem, porém preservava uma beleza única. Quando menino, Pedragon se apaixonou por ela.

Seu pai o trouxe ao bordel de Inês pela primeira vez quando tinha treze anos e ela escolheu uma das suas meninas para cuidar da virgindade do jovem príncipe.

Daquele momento em diante, Pedragon virou um frequentador ativo da casa de madame Inês, nome pelo qual ela ficou conhecida em todo reino de Barilla, por ser a cortesã oficial do rei. Mas Pedragon nunca teve o prazer de experimentar dos encantos dela, já que Inês era exclusiva de seu pai.

O rei Oton nunca amou a rainha, ele se casou por causa de um acordo entre reinos, assim como Pedragon faria, mas encontrou em Inês o amor que sempre sonhou.

Quando Pedragon, ainda criança, descobriu o caso entre eles se ressentiu de ambos, mas quando chegou a certa idade, entendeu que a vida adulta e, principalmente a vida de um rei, não seguia as convenções tradicionais.

Agora, depois de tantos anos, Inês era sua amiga. Ela tinha um tipo de acesso ao rei que nem o seu conselheiro real conseguia ter. Era nos braços de Inês que ele jogava seus temores e, por mais assustador que pudesse parecer, muitas guerras foram evitadas porque Inês soube como ninguém convencer o rei que a diplomacia deveria ser explorada até o limite.

- Depois do longo tempo que passou lutando, não imaginei que apareceria ao meu estabelecimento com tanta rapidez. Não deveria descansar majestade?

- Está me chamando de velho?

- Jamais, senhor. - Inês colocou a mão sobre a barriga e fez uma leve careta. - Estou apenas preocupada com o seu bem-estar. Não quero o meu rei doente.

- Doente eu ficaria se tivesse que ficar trancafiado naquele palácio, com o Cardeal me policiando e Luiz querendo me jogar mais problemas.

- Não invejo a sua vida, meu senhor. - Inês ergueu-se, mas quando deu um passo a frente vacilou.

- O que tens? Por que está tão pálida?

- Não é nada, senhor, não se preocupe.

- Sente-se. - Pedragon ordenou enquanto encarava o rosto branco de Inês. - Vou mandar chamar um médico, você não está nada bem.

- Não exagere criança. - Inês falou baixinho o apelido que deu a Pedragon desde o dia que o conheceu. Ela só se atrevia a chamá-lo assim quando estavam a sós como agora.

- Sente-se, é uma ordem real. - Por mais que as ordens dele não surtissem muito efeito nela, Pedragon tentou ser o mais firme possível.

O olhar de Inês encontrou o dele e, com pavor, o rei viu sangue escorrer pela boca dela.

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