19 - O Besouro Verde.

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   Héstia acordou no outro dia sentindo que uma parte dela estava totalmente incompleta.

Ela fez o maior esforço que pode para se levantar e abriu a pequena maleta marrom que deixava aos seus pés toda noite quando ia dormir. Pegou um dos frascos que continham o líquido azul e olhou para sua colega de quarto adormecida, Amelia Bones. Levantou o frasco para ela, como se estivesse propondo um brinde, e disse:

— Saúde.

Ela virou todo o conteúdo do frasco de uma vez. Tinha gosto de framboesa com leite velho.

Ela se levantou e colocou uma calça preta com uma blusa qualquer. Calçou suas botas, colocou alguns galeões nos bolsos e saiu do dormitório: este era o último sábado que poderiam ir à Hogsmead, já que no próximo dia ela iria para casa.

Héstia era uma das poucas alunas acordadas. Haviam mais dois alunos da Grifinória e três meninas da Corvinal. Fora isso, não havia mais ninguém disposto a ir à Hogsmead. Alguns, talvez, estivessem com medo.

Héstia caminhava sozinha, com a bota batendo nos minúsculos cubos de pedra que cobriam o caminho. Ela estava frustrada. Sozinha.

Não conseguia parar de pensar em Regulus.

Ela sacudiu a cabeça, evitando os pensamentos negativos. Ela iria ver Regulus no próximo ano letivo de Hogwarts. Tinha que ver. Héstia sabia que passaria suas férias de verão apenas com a família. Tudo estava perigoso, e seus pais não a deixariam sair sozinha. "Melhor assim" pensou.

Mas Héstia não estava preocupada com as suas férias de verão. Se preocupava com Regulus, o que Vold... Você-sabe-quem, ela se corrigiu, faria com ele. Regulus era esperto, porém impetuoso e temperamental, pelo que já havia notado. Não sabia se o plano do garoto daria certo. Não sabia o que a família de Regulus obrigaria ele a fazer consigo mesmo e com outros bruxos, criaturas e até trouxas. Héstia sabia que, apesar de Regulus ter se mostrado uma boa pessoa... ele havia mostrado isso para ela. E Héstia sabia que, se ele quisesse, era capaz de matar.

"Por que eu não poderia ter me apaixonado por uma pessoa normal?" Héstia se perguntou e parou no meio do caminho, em choque. As botas fizeram um Plac! com tamanha que foi a força que ela pisou nas pedras.

Ela havia acabado de admitir pra si mesma que estava apaixonada por Regulus Black.

Oh, droga!

Ela sacudiu a cabeça novamente e empurrou a porta do Três Vassouras. Pediu uma cerveja amanteigada e sentou-se em uma mesa mais afastada. Héstia precisava ficar sozinha, mas sua paz não durou muito tempo.

Sirius Black adentrou o Três Vassouras, eufórico. Estava pálido, com as roupas rasgadas e o cabelo emaranhado. Parecia ter capotado com a sua vassoura.

Ele levantou um dedo e em questão de minutos alguém havia preparado uma cerveja amanteigada e deixado sobre o balcão. Black tomou a bebida em um só gole. Será que ele havia reparado que Héstia estava ali também? Ela estava tão nervosa que bateu a mão no seu copo e derrubou todo o líquido. Também fez barulho, é claro.

Sirius se virou e fixou o olhar onde Héstia estava. Sorriu, jogando charme. Ela revirou os olhos. Para piorar a situação, ele começou a se aproximar.

— Héstia! Querida amiga... — ele tossiu.

Héstia o encarou enquanto Sirius na maior simplicidade possível, afastava a cadeira da mesa e se sentava, de frente à ela.

— Por quê você está todo maltrapilho?

Sirius ignorou a pergunta de Héstia.

— Sirius? — Héstia tornou questionar. — Alguma coisa aconteceu?

Fotografias - Regulus Black + Héstia Jones.Onde histórias criam vida. Descubra agora