Do I wanna know?

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Eu sei, parece eu tentando me iludir de novo, mas eu juro que a vi de bochechas coradas.
Ah, Arabella.
Certinha, estudiosa, moça de família, dessas para casar. Ninguém acredita, mas eu, Alexander David Turner juro pelo que você quiser que, com a certeza mais plena do universo, me casaria com Arabella a hora que ela quisesse.
Ela provavelmente não faz ideia de que é minha obsessão.
O vocalista de banda, com pinta de bad boy que já passou pelas mais variadas camas dessa universidade, de quatro pela clássica boa garota.
Eu sei, é clichê, já tá batido, mas eu não tenho nada a fazer, a vida tem dessas as vezes.
Sonhei com ela todas as noites desta semana, pelo menos ela sabe que eu existo. Todo mundo sabe não é mesmo?
Continuo me perguntando se ela tem muitos segredos, afinal havia aquela música que me lembrava ela apesar de lucidamente não remeter nada a ela. De qualquer jeito eu a ouço até adormecer e esporadicamente (talvez nem tanto) derrubo bebidas no meu sofá.
Penso se ela também sente algo por mim, a maioria sente algo por Alex Turner, so que nem sempre esses sentimentos são bons.
Será que quero mesmo saber se meu sentimento é recíproco?
O show da noite começa, e já estou bebado o suficiente para varias coisas.
Desço do palco improvisado e viro mais uma dose antes de andar a passos largos até o lado de fora. Sorriu aliviado e animado quando a vejo ainda ali, apoiada na mureta do estacionamento.
-Fiquei triste em te ver parti - tento não tropeçar em meus próprios pés - antes de eu terminar. Eu meio que esperava que você ficasse.
Ela gasta um minuto para visualizar quem era seu interlocutor e mais um para captar sua mensagem.
-Alex Turner? Você está bebado?- questiona saindo levemente de seu tédio habitual.
-Nós dois sabemos que as noite foram feitas para dizer coisas que não se pode dizer no dia seguinte, então...
-Você com toda certeza bebeu de mais.
Um breve sorriso brota em seus lábios, nada que chegue aos olhos mas era o suficiente pra mim, porém.
-Sinto muito interromper, de verdade, mas você é maravilhosa falando. - afirmo meio mole- É só que eu to constantemente  à beira de tentar te beijar, e isso ainda vai me levar a loucura.
Penso seriamente em dar uma longa pausa dramática, e foi o que fiz segundo as contas do meu cérebro derretido de mais para números.
-Eu só não sei se você sente o mesmo que eu, mas...- respiro fundo para firmar bem a voz - poderíamos ficar juntos se você quiser.
-Simplesmente inacreditável. - sua expressão me remete a divertimento e surpresa- Vamos fazer assim, você fica sóbrio, e se amanhã você puder dizer tudo isso, se lembrar deste momento estranho, a gente bate um papo.
-Perfeito, querida.
A encaro com o que espero parecer adoração, mas ela provavelmente encara como bebedeira e se afasta com mais um sorriso incrédulo.

...

Chega um ponto que você já bebeu tanto na sua vida que nem a ressaca te pega mais, talvez alguns problemas renais pegue, mas ninguém se importa.
Já estou dando o primeiro gole da segunda xícara de café e aproveitando a sensação de senti-lo esquentar minha garganta quando passo por Arabella e me recordo da noite passada.
Paro e reflito sobre as implicações de me jogar totalmente nisso e acabo voltado para ela andando de costas, que mal faria?
-Já pensou em me ligar depois de tomar umas?- deixo meus lábios tomarem a forma do famoso sorriso de flerte de Alex Turner- Por que eu sempre penso.
-Então você lembrou. - afirma- Eu não sou muito de bebidas alcoólicas. 
-Só coca certo?- apoio os ombros sobre o balcão e deixo metade do meu peso repousar ali- Você costuma esfregar os lábios em volta das latas das suas cocas majoritariamente mexicanas.
-Como você...?
-Me faz desejar ser a garrafa. - solto sem pensar- As vezes parece que você está dando goles da minha alma.
-Você usa suas músicas para flertar, inteligente. - comenta - São suas mesmo?
-Cem por cento minhas, mas isso não é uma ainda. - sorrio torto- Mas vai ser e acho que se chamará Arabela.
-Esse é realmente um golpe baixo. - ela observa a interrogação explícita em meus olhos e continua- Dizer meu nome assim, em um tom mais grave e rouco que o normal, o sotaque já é um golpe sozinho.
-Então você tem queda por ingleses?
-Talvez, você nunca vai saber. - ela da mais um gole na maldita coca.
-Não sou só eu que jogo sujo. - sorriu.
-Então você tem culhoes? - me olha divertida- Para dizer no dia seguinte, hoje, o que só se diz à noite ?
-O que você quer ouvir?- devolvo no mesmo tom- Que me deixa triste te ver partir? Que você fica linda falando?
Dou a volta no balcão, sento-me ao lado dela e giro seu banco para ficarmos cara cara, o mais próximo possível.
-Que estou constantemente querendo te beijar? Que você me enlouquece e que poderíamos ficar juntos se você quiser?
Ela tenta disfarçar mas a vejo engolir em seco e corar, mas poucos centímetros e estariamos iniciando um beijo.
-Quem em sã consciência de interessa por alguém  com o nome tão estranho quanto o meu e por que eu deveria confiar que essa bela coincidência aconteceu justo com Alex Turner?
-Ah eu estou muito interessado em você, sim, estou sinceramente apaixonado por Arabela - afirmo - Que é o melhor nome que já ouvi.
-Você me apostou com seus amigos da banda, estou certa disso.
Ela se põe de pé para se afastar de mim.
-Nenhum prêmio te vale- levanto a voz conforme ela se afasta- Você é o prêmio máximo que estou me esforçando para ganhar, Arabela.
Deixo o nome dela escapar da minha boca do jeito que, recentemente descobri, a faz arrepiar.

...

Avisto Arabella e uma amiga na biblioteca e não chego a pensar uma única vez, apenas vou. Não sou orgulhoso.
-Deixa eu adivinhar- digo para chamar a atenção das duas- Ela te contou que Alex Turner, eu, a quer e você não acreditou.
-Exatamente isso- afirma a amiga de imediato- Nao acredito que deu um fora nele Ara.
-Ele é Alex Turner, e provavelmente já dormiu com você, Wren.
Assisto a pequena discussão sentado à mesma mesa redonda de madeira que elas.
-Foram só uns beijos e ele nem lembra de mim. - rebate Wren.
-Eu já disse que isso deve ser uma aposta.
-Eu já disse que nenhum prêmio te vale, Ara. -  tomo posse do apelido e o uso no mesmo tom grave e carregado.
-Wow, ele é bom nisso- Wren- E daí se for uma aposta, é Alex Turner. Vai me dizer que está com a síndrome do "não sou como as outras".
-Ela não é como as outras.
-Já pensou que pode só ser fetiche por gêmeas?
Essa frase de Arabella me faz analisar a "amiga" dela.
-Porra, você são gêmeas- exclama genuinamente surpreso.
O cabelo longo e os óculos disfarçavam bem as feições iguais das duas, as madeixas de Wren eram bem curtas.
-Errou feio Ara- zomba- Ela é a mais gostosa de nós duas é dessas que gosta de exercícios.
-Só vamos embora. - pede.
-Você quer que eu me arraste atrás de você?- questiono- Por que é exatamente o que eu pretendo, me arrastar de volta para você sempre que se afastar.
-Como você consegue não pular em cima dele tipo agora?
-Só anda logo Wren- diz empurrando a irmã.
-Me arrastando de volta para você Arabela. - grito para ser ouvido e duramente repreendido pela bibliotecária.
Checo o relógio e noto que já estou bem atrasado para o ensaio da banda.
-Com todo o respeito, Wren tinha razão quando disse que você é gostosa. - Ele para alguns metros atrás dela. - Não da pra ser respeitoso dizendo isso não é ?
-Não mesmo- responde se virando.
-Comecei a trabalha em Arabella, a música- segreda- Eu ainda não consigo escrever sobre as montanhas.
-Então é tudo sobre as garotas?- questiona.
-Não- nega- É tudo sobre a garota.
-Por que não se apaixona por outra pessoa?
-Talvez eu esteja ocupado de mais sendo seu para cair por alguém novo- responde.
-Isso para para a música não vai?
-Absolutamente- sorri- Sabe, nós poderíamos...
-Ficar juntos se eu quisesse- completa.
-Faço o que quiser para provar que não te apostei- ofereço- Posso entrar nú nesse salão agora mesmo se me pedir.
-Nao seria má ideia- afirma com o esboço de um sorriso malicioso- Wren tem razão, é Alex Turner, mas eu não consigo não ligar.
-Então já pensou em ligar- ele abre um sorriso grande.
-Não foi o que eu...
-Eu sei- interrompe e cobre os metros que os separavam- Você não precisa ligar.
Alex segura o rosto dela e a da tempo para fugir caso quisesse, mas ela não se move.
-Você pode ter entrado na minha mente e alma, não da pra ter certeza. - Ele carrega o sotaque que a amolece e viaja pois seus lábios se tocam quando fala.
Ele cobre o último centímetro entre os dois e realiza o que quer a eras.
Arabela é uma exploração, é feita de espaço exterior, dava para notar isso assim de perto.
E os seus lábios eram como à beira de uma galáxia, e seu beijo tinha a cor de uma constelação de encaixando em seu devido lugar.

Baby, I was born to break your heart Onde histórias criam vida. Descubra agora