Amber II: A Princesa e seu Herdeiro

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Amber seca as lágrimas que escorrem pelo seu rosto. Ela beberica o seu vinho e se apoia no parapeito que dá visão para o Mar da Travessia. A princesa poderia até imaginar Mar de Fumaça no horizonte. A sua fortaleza insular onde o seu Trono Herdeiro aguarda seu retorno, onde ela nunca deveria ter saído, onde todos estariam protegidos. Lucian tentou a confortar, mas ela não permitiu que ele entrasse em seu quarto e ele respeitou seus desejos.

As ondas batendo na praia lhe lembram do som de uma manhã em Mar de Fumaça. Porém, hoje não. Não nesse pôr do sol. O som dos guardas abrindo a porta do quarto de Herryn e ele tentando lutar ainda ecoa na sua cabeça. Ainda não saiu para comer, andar pelos jardins, ver o pai, ou o marido. O seu dia foi ela e seu vinho. Estava tão bêbada que não conseguia andar em uma linha reta, tropeçando e se apoiando nos móveis da sala, como sua escrivaninha, a mesa... e então se joga na cama e apaga por algumas horas.

Os seus sonhos são tempestuosos. Ela estava em julgamento, pelo que? Amber não sabia. Por alguns segundos pessoas gritam e jogam pedras nela, até que uma espada corta sua garganta e o sangue jorra para todos os lados, inundando a sala e deixa tudo vermelho e viscoso. Amber nada até a entrada do salão e abre a porta. O sangue começa a cair como uma cachoeira pelos céus, junto com Amber que despenca e acerta o chão duro de grama. Estranhamente, ela não morre. Três Torres brilhantes que arranham o céu, mais altas que qualquer nuvem. A mesma espada de antes corta sua cabeça, que rola pelos barrancos e colinas. Ela ouve uma voz masculina e autoritária dizendo: - Cortem-lhe as línguas e queimem eles na estaca. - E então risadas. Ela ouve lamentos de três homens e uma garota.

A princesa vê uma coroa pegando fogo e derretendo, a Lua caindo dos céus e destruindo o Forte-Coroa e a esmagando. Antes de tudo ser destruído, ela consegue ver duas pessoas se transformando em luz, mas não consegue reconhecer quem era além de seus cabelos platinados, como um Blacksmoke.

Por fim, ela acorda. Suando e tremendo com o vento da noite entrando pela porta da varanda que deixará aberta horas antes. A visão da lua brilhante no céu lhe dava calafrios. Uma coisa tão enorme e monstruosa esmagando tudo e matando todos.

Amber se levanta, sua pele fica arrepiada com o toque frio do vento da noite em sua pele nua. A seda desliza sobre seus ombros e os seus dedos habilidosamente amarra o roupão em volta da sua cintura. Após fechar a porta da varanda, Amber considera tomar um banho quente, mas sente que sua pele ainda estava limpa do banho que tomou de manhã. A lembrança de que Herryn está preso nas masmorras neste exato momento. A princesa leva a mão até a sua testa, então retira o roupão e coloca um simples vestido de seda preta.

As escadas da Torre do Herdeiro são longas, como qualquer escada nesse castelo, devido a suas torres enormes. As janelas finas dão uma bela vista para as casas de pedra e madeira, algumas ainda estão iluminadas, porém, a maioria não. Amber nota as armaduras brilhantes e rubras junto com suas capas esvoaçantes da Guarda Escarlate cavalgando pela Rua das Coroas.

Deixando a gigantesca estrutura que é a Fortaleza Real, e passando pelo portão guardado por alguns guardas em terra e mais umas dezenas nas torres que tem mais ou menos quinze metros de altura e a Fortaleza Real se erguendo majestosamente atrás das muralhas com seus cinquenta metros de altura.

Os guardas em terra fazem uma leve reverência quando Amber passa por eles. Um garoto novo e alto, de cabelos lidos e castanhos claros, pele tão pálida que chega a brilhar com o toque do luar, olhos profundos e um nariz pequeno e bem definido, como um botão, Tiello Aphro, um cavaleiro com seus dezoito anos, tão habilidoso que faz parte da guarda pessoal de Amber. Ele também é bem gentil, e sabe intimidar outros cavaleiros com seus olhos com um belo tom de mel.

- Princesa. - Tiello cumprimenta Amber e faz uma reverência. A sua armadura é negra, dando um belo contraste com sua capa carmesim.

- Levante-se, sor Tiello. - Amber dá um suave sorriso.

As Crônicas do Trono: Prelúdio de Sangue (LIVRO UM)Onde histórias criam vida. Descubra agora