Onze

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Em vez de limpar apenas a baia do Zeus e deixar as outras para os demais peões, resolvi assear todas. Precisava extravasar um pouco a energia sexual que tinha se acumulado no meu corpo com a visita da Maria da Luz.

Malu.

Imaginei-me chamando-a assim na cama, entre gemidos, e bufei de raiva, limpando com ainda mais força o chão da última divisória. Subi para o pequeno mezanino a fim de conferir se o feno que tínhamos comprado durante as cheias ainda estava bom, conferi a provisão de ração. Desde que o telhado da selaria caiu, os materiais ficam por lá também, então peguei meu pelego, sela, arreio e outros petrechos para apurar o Zeus.

Meu cavalo é meu companheiro mais fiel, aquele que sempre esteve comigo em qualquer hora e nunca me decepcionou. Cocei seu focinho, fazendo-lhe o afago que eu sabia que apreciava, e em seguida comecei a lhe escovar os pelos, ativando sua circulação. Zeus é típico cavalo pantaneiro, robusto, resistente, casco duro, próprio para o manejo do gado. Sua pelagem lobuna – cinza – destaca-o dos demais da fazenda, geralmente castanhos ou avermelhados. Desde que o vi, há alguns anos, ainda potro, sabia que seria o cavalo ideal para lidar com o gado – e estava completamente certo.

Enquanto passava a escova em meu parceiro de lida, lembranças não queridas inundaram minha mente, fazendo meu coração se apertar. Sempre próximo dessa data, todo mês, durante todos esses anos, eu fico assim. O remorso, a dor, a impotência de saber que não posso refazer o que fiz... tudo isso me paralisa e eu só penso em fugir.

Contudo, já o fiz!

— Gui! — Sueli me gritou e interrompeu meus pensamentos dolorosos. — O gerador parou de novo.

— Caralho! — xinguei entredentes, indo para trás da casa, pois já era a quarta vez somente naquela semana. Precisamos urgentemente comprar outro gerador, mas não temos o dinheiro para sua substituição. Há meses se fala que a energia rural vai chegar até aqui, na fazenda, mas, ao que parece, ela está vindo não na velocidade da luz, mas sim num lombo de jumento.

Abri o motor velho e pedindo aposentadoria, olhei para todas as gambiarras que já havia feito nele, procurando onde era o defeito daquela vez. Encontrei um fio solto – de um conserto anterior – e o coloquei no lugar, torcendo para que fosse suficiente.

O pessoal daqui está acostumado a alguns dias sem luz, sem chuveiro quente, mas a dondoquinha da cidade não iria suportar.

Bufei ao religá-lo e somente quando ouvi o barulho constante de seu funcionamento é que relaxei. Ao invés de dar a volta pela casa, entrei pela sala para adentrar na cozinha, e a visão de um traseiro redondo e duro numa calça jeans gasta me deixou completamente sem fôlego.

Malu vestia uma camiseta branca colada no corpo, jeans e botinas. Obviamente as roupas não eram dela, pois não tinham a qualidade e nem as assinaturas com as quais a vi desfilando desde que chegou, mas cobriam seu corpo como uma segunda pele e me fizeram salivar como uma onça vendo uma capivara.

Dois Destinos (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora