10 | do céu ao inferno

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— Tem certeza que quer fazer isso?

Frankie questionou com ares de preocupação; Ashley estava em pé a sua frente com expressões nada amigáveis, mantinha as mãos na cintura enquanto tentava por em ordem o amontoado de pensamentos que vinham em forma de foguetes pela sua mente. Aquilo estava tornando-se arriscado demais e poderia comprar uma briga suficientemente grande com seu companheiro, ao ponto de chegarem a extremos um tanto desagradáveis. O Diretor ainda estava surpreso com o pedido que havia escutado, mexer em um passado tão doloroso poderia trazer graves consequências para o Departamento nove, e inclusive a amizade duradoura que possuía com John – apesar das desavenças. Retirou uma pequena chave do bolso de seu paletó, indo em direção ao armário de ferro que estava em um canto qualquer de sua sala; digitou uma senha no sistema automático que havia na parte lateral do móvel e logo após depositou a chave numa pequena área aberta; era uma espécie de cofre. 

— Confie em mim — a mulher disse analisando-o pegar uma pasta de cores escuras que estava no interior do cofre. — Isso já deveria ter sido realizado há muito tempo, o Senhor sabe... Como arquivam um caso sem ao menos autopsiar o corpo da vítima? 

— Estamos falando da Sarah — virou-se com expressões rudes. — A mulher do nosso melhor agente. O que há de errado nisso? Não queríamos ferir mais os sentimentos do John. Você não participou do momento mais difícil de sua vida.

— Eu sei que é uma parte delicada — protestou tomando em mãos a pasta que estava jogada sobre a mesa. — Mas, há algo de estranho nisso... Eu posso sentir há distância. 

— Eu confesso que no início achei completamente estranho essa paixão repentina que o John teve por essa mulher — comentou com o olhar distante. — Mas, o que podemos fazer? Eles eram jovens.

— E hoje sou adulta o suficiente para encontrar o que houve de errado a respeito da Sarah — caminhou em direção à porta jogando uma parte de seu cabelo louro para suas costas. — Mandarei o corpo ou o que ficou dele para o legista do oito... Assim meu companheiro não ficará sabendo.

— Boa sorte.

{...}

Estava aguardando o seu café próximo ao corredor gigante que havia no Departamento; havia deixado a pasta sobre sua mesa e entrou em contato o mais rápido possível com o legista do Departamento oito, amigo de longa data. Ele chegaria ao final do dia, levando os restos mortais que ainda existiam de Sarah Linoy. Pensar naquela hipótese lhe dava calafrios, mas sabia perfeitamente que deveria encarar os fatos daquele acidente muito mal contado e construído. Sua mente funcionava como um motor em plena corrida, a cada minuto uma nova injeção de combustível lhe atingia os neurônios buscando sempre algo de errado em toda aquela história. Mas, e se ela estivesse completamente errada a respeito de tudo? John jamais a perdoaria, caso descobrisse sua petulância em investigar um caso já adormecido. Tomou um gole de seu café ainda perdida em seus inúmeros pensamentos. Num ato repentino virou-se para caminhar até sua sala, mas seus instintos não funcionaram quando se chocou violentamente com o corpo robusto que vinha em sua direção.


Seus olhos percorreram um caminho longo dos pés a cabeça de John, que ainda olhava sem expressões decifráveis a mancha escura que havia sido formada em sua camisa social rosada. A loura fechou os olhos condenando-se mentalmente o quão desastrada estava se tornando nos últimos dias, ele deveria está buscando todas as palavras baixas possíveis para derramar em cima de sua integridade.

— John... — disse com a voz calma, tornando a observá-lo. Ele ainda não havia expressado nenhuma emoção. — Desculpa... Foi sem querer.

— Claro — ergueu a cabeça limitando-se a um sorriso irônico. — Já te conheço o suficiente para saber que isso foi proposital, senhoria Sullivan.

— Oh meu Deus — revirou os olhos. — Não foi algo pensado! Isso acontece frequentemente com uma lista de pessoas.

— Na minha lista de pessoas você é a única que jogaria uma xícara de café sobre mim — alteou o timbre de sua voz olhando-a rudemente. O café estava numa temperatura suportável, mas a mancha que se alastrava por sua camisa era algo intolerável. — Eu devo ter meu nome gravado no inferno, para ter que aturar isso.

— Sinto muito se a princesa acordou de mau humor — disparou vendo uma expressão desagradável formar-se no rosto do homem.

AGENTE 027Onde histórias criam vida. Descubra agora