VINTE E CINCO

143 11 3
                                    

Acho que estou sonhando.

Acho que ainda estou sonhando e depois de tanto tempo, é um sonho bom. Primeiro me sinto estupidamente leve, depois, incrivelmente viva, e então estou sendo beijada.

Abro os olhos bem devagar e vejo minha mão ao lado do rosto. A visão turva vai tomando foco e mente se clareia. Estou deitada de bruços, e então sinto de novo: outro beijo, e depois outro e mais um.

Tento me virar, mas sou detida no ato.

— Não se mexa. – ele diz com a voz baixa, e então volto ao lugar. Agora meus olhos estão arregalados e me lembro de tudo.

Não estou no meu quarto.

Estou com Hunter.

E ainda estou sem blusa. A coberta está abaixada na altura da minha cintura e o sinto pairar sobre mim. E então mais um beijo e outro e outro, e então há uma trilha deles.

Estou pegando fogo.

— Elas são tão... Intensas. – ele sussurra e sinto o calor de sua fala junto a minha pele e estou completamente arrepiada.

Tento me virar de novo, parte porque quero vê-lo, parte porque quero me esconder, mas Hunter me impede.

— Sssssh. – agora ele sussurra ao meu ouvido e sinto seu corpo pairar sobre as minhas costas. – Bom dia, dorminhoca.

Estou sorrindo involuntariamente e tenho certeza que vou acordar deste lindo sonho a qualquer momento, porque não estou somente sonhando, mas estou sonhando que estou acordando seminua, deitada na cama de Hunter, deixando que ele beije minhas cicatrizes.

— Se eu estiver sonhando, por favor, não me acorde. – peço, fechando os olhos de novo.

Não quero acordar nunca mais disso.

Ouço sua risada baixa atrás de mim e enfim me viro, dessa vez ele não impede. Hunter está me olhando com cuidado e um meio sorriso está nos seus lábios. Seus olhos estão inchados por causa do sono e o cabelo está meio bagunçado, mas se encontra completamente lindo.

— Tudo bem; esse é o melhor sonho da minha vida.

Ergo minha mão para acariciar seu rosto e ele deixa. Passo os dedos por sua barba que só cresce, acaricio seus lábios, seguro seu queixo, e estamos sorrindo.

— Então vamos vivê-lo. – ele sussurra e se aproxima.

E estamos nos beijando.

Não passa de nada mais leve e puro e calmo e doce, e eu quero ficar aqui para sempre.

— Você é linda sonolenta. – está dizendo. – E eu adoro o som da sua respiração.

Estou boba e estou sorrindo e estou rindo e não acredito que estou ouvindo aquelas coisas fofas do cara que me estava me metendo a porrada a uns três meses atrás. Não acredito que estou acordando do lado do cara que me chamou de pequena patética e mirrada. É simplesmente inacreditável.

— Eu ainda não estou acreditando que isso tudo está acontecendo. – digo, e vejo-o abrir a boca para responder, mas somos interrompidos por um bip constante.

É um rádio.

Hunter sai da cama e pega o seu que está na cabeceira. Verifica o código antes de atender e olhar para mim com o cenho enrugado.

SHADOWS - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora