III

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A fila está bem organizada e todos se alinham perfeitamente

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A fila está bem organizada e todos se alinham perfeitamente. Deveria ser a ultima, se minha idade fosse levada em conta, mas sou colocada a cinco passos de meus pais. A reunião acabou por ser interrompida por nossos deveres "de maior valor" já que sempre após um baile devemos pedir perdão a Nyla pela noite de bebedeira e desejos cedidos. Como se pronunciar poucas palavras por algumas horas fossem o suficiente para perdoar tudo de ruim. A escada em espiral está nos levando a sala dos livramentos e observo os degraus de pedra entrarem em contraste com meus sapatos. Minha vela está enrolada em espinhos e ao segurar com um pouco mais força sinto algo perfurar minhas luvas.

Clap. Clap. Clap.

O barulho volta a soar em minha cabeça. Como de costume acabo por fechar um pouco os olhos e levar uma das mãos a parede ao meu lado com o propósito de continuar minha caminhada sem cair. Falta apenas alguns andares, mas o clima obscuro já se apodera. Os lordes respiram pesadamente e a forma como andam é barulhenta do que a minha. Claro, eles não foram obrigados a escutar horas e mais horas de aula sobre como se movimentar delicadamente e educadamente. Em grande verdade eles podem ser considerados a porcos bem vestidos e alimentados. Céus, eles até mesmo cheiram como tal.

O barulho de uma porta rangendo ecoa.

Lembro que, quando menor, não conseguia perceber que esta torre nos levava para uma sala abaixo do solo. Lembro que costumava descer até aqui durante as noites apenas para brincar com alguns objetos. Não sentia medo. Mas agora está sala me arrepia ate o ultimo fio de minha nuca e sinto como se cada sentimento ruim ou segredo mortal, de alguma forma, se acumulasse aqui. O nome do local definitivamente em nada combina.

Entrando aos poucos me pego observando os bancos de madeira a qual devemos apoiar apenas os braços enquanto nossos joelhos devem estar em pleno contato com o chão rustico que nunca foi trocado desde a época em que essa parte do castelo foi levantada. Velas são acessas, mas são tão poucas que apenas consigo enxergar os símbolos da antiga língua e imagens talhadas na parede central e como elas são emolduradas por algumas estátuas de ouro e prata. Os desenhos contam uma história. É o que consigo pensar, mas sei que tentar entender os mesmos é uma missão complicada, pois apenas os sacerdotes tinham direito a aprender um pouco sobre o antigo dialeto e por isso uma grande parte daquelas histórias tinham se perdido pelo tempo. Sabíamos o principal, ou nós foi ensinado como principal, e isto deveria ser o suficiente para guiar nossas elocaçoes pelo restante de nossa existência.

Velhos hábitos. Velhas tradições e traduções. Velhas verdades de uma velha religião.

Cada um toma seu lugar e caminho lentamente para frente de uma das estátuas para lá colocar o que seguro em minhas mãos. O formato da mesma é de uma mulher encapuzada e com um longo vestido solto, suas mãos seguram uma espada magnificamente detalhada em seus símbolos e arabescos. Puxo o ar e volto para o lugar atrás de meus pais, logo sentindo os joelhos baterem levianamente contra a pedra. Arranco o cordão que está em meu pescoço e o seguro entre as mãos apertadas que estão dispostas para frente. Vejo o sacerdote arrumando seu manto vermelho rubro. Nunca consegui ver seu rosto, se esse sacerdote era o mesmo das outras vezes, se era o mesmo de anos e anos.

COROA DE SANGUEDonde viven las historias. Descúbrelo ahora