Capítulo Vinte e Dois - Sem palavras, sem vitórias

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 Hugo aguardou ansioso todos os dias seguintes, chegando a se distrair das aulas que exigiam sua total atenção naquele ano de T.E.D.M.

Acabou fervendo demais uma mistura de unhas rapadas do pé de Saci e sangue de dragão diluído (ouvindo Dionísio Ferreira fazer um discurso emocionado sobre o falecido Professor Dumbledore e seus estudos desse líquido), que seriam responsáveis por uma Poção de Azedamento, deixando quem a bebesse extremamente debochada. Fez um buraco no caldeirão de latão e teve de dar um dos seus caldeirões para o professor.

Em História da Magia, errou um questionário inteiro sobre a magia tradicional no Império Inca – e como os atuais ministérios da magia dos países presentes na cordilheira –, o que o fez sofrer duras críticas da professora.

Defesa Contra as Artes das Trevas foi ainda mais sofrido, pois agora a grande parte da classe conseguiu invocar um Patrono relativamente plausível.

Fernando conseguiu conjurar um felino enorme, saltando em fios de prata; que foi dito como sendo uma onça (sem pintas) por Heloísa.

José Siqueira fez com que uma arara-azul simplesmente deslumbrante saltasse da ponta da varinha e voasse baixo na sala dourada.

Richard Warlton conjurou um macaco ágil que balançou no lustre e voou por cima das mesas.

Até mesmo Diego conseguiu fazer emergir, entre luz e fumaça prateada, um quati saltitante que correu por baixo das mesas e derrubou algumas mochilas.

Porém, Hugo estava centrado demais em suas aulas particulares para pensar em algo extremamente feliz. Para ser sincero, ele pensou exatamente nos mistérios que lhe aguardavam no salão no subsolo daquele castelo.

O seu feitiço, em troca, foi uma forma não específica de luz que passeou pela sua frente antes de sumir num fiapo pouco alegre.

— Um péssimo desempenho essa semana, Hugo. Se não puder conjurar um Patrono, no mínimo, consistente, não poderei te aprovar nos testes finais — disse Heloísa, no fim da aula.

Pelo menos, no dia 2, segunda-feira, conseguiu ganhar o primeiro duelo da segunda fase do Clube de Duelos; mesmo que soubesse que havia sido um golpe de pura sorte ter expulsado Rosana do círculo luminoso.

Não estava tão concentrado e defendeu feitiços no último segundo. Sua sorte foi que a garota não estava muito bem acordada naquela manhã e deixou brechas (parecidas com que Richard passara com Piatã) e ele as explorou.

Embora isso preocupasse muito Hugo, pois seu T.E.D.M. e, principalmente, seu D.U.I.M.A. estavam ameaçados, sua única vontade era que o dia 14 chegasse. E quando este sábado chegou, numa manhã abafada e muito movimentada, não aguentou a ansiedade em descer as escadas até o Grande Salão.

Havia esperado meia hora antes de dar meio-dia e meio quando Rita Leal e Zaqueu Romero desceram as escadas conversando sobre algo no banheiro feminino do terceiro andar.

— ... aí eu pedi pra um pombero tirar o Bicho-Papão do banheiro. Ele tava lá tipo desde o ano passado; se lembra que Ángel Garza e Maísa Paiva iam levar o armário até o andar de cima e deixaram ele cair?

— Sim, me acuerdo — respondeu Zaqueu. — Eles iam levar até a sala del cuarto año e o bicho voou pro baño de las chicas.

— Só espero que não fique assombrado por aqui muito tempo. Ouvi dizer que isso deu uma dor de cabeça infernal pra Hogwarts e pra Durmstrang no passado — riu Rita, parando em meio as mesas. — Ah, Hugo Ribeiro. Bem que o diretor falou que você estaria aqui. Vai descer?

Saga Castelobruxo - Pratas e Opalas Vol. IIOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz