Um Novo Começo - Romance Gay

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Assim que Luiz Mario saiu de casa, Frederico recebeu uma ligação...

_ Ted, beleza? Marcão falando, cara.

_ Beleza, Marcão. O que tu manda irmão?

_ Tô precisando de dois garotos. Idade máxima 16 anos. Tem como arranjar? Um casal de gringos quer fazer uma festinha, saca?

_ Na verdade, Marcão. não vou mais ter como te ajudar. Principalmente nesse tipo de coisa.

_ Papo mais doido é esse, Ted? Tu é o " cara " nesse tipo de lance. Todo mundo sabe que tu arranja até o tridente do demônio, se a grana for boa. Para de brincadeira e me diz o valor, irmãos?!

_ Não tô de brincadeira não, Marcão. Tô fora desse tipo de lance. Tô com uns problemas.

_ Puta que pariu, Ted. Problema todo mundo tem. Pelo que já notei, tu não vai poder me ajudar nesse lance, né? Vai perder maior grana, porra. Os gringos são cheios de dólares. Vacilo feio, Ted. A gente se esbarra, cara.

Ao encerrar da ligação, Frederico foi até seu quarto e a lembrança de Marcel invadiu sua mente. O riso, o jeito, o olhar...

_ Que vacilo. O cara era lindo, novinho. Estraguei tudo. A morte da mãe dele foi a gota que fez transbordar o copo. Caralho que vacilo eu dei naquele dia... E as lembranças vieram como que num turbilhão...

" Eu já disse que hoje é a colação de grau do meu irmãos, Ted"

" E eu com isso, Marcel? Esse pau no cu nem liga pra vocês. Ele não liga na verdade, pra você meu putinho "

" Para de me chamar assim, cara. Eu já disse que não gosto que você me chame assim " Eu não sou nada disso. Eu só te ajudei. E isso vai ter que acabar "

" É ruim, hein. Acabar? Tenta acabar pra você ver o que eu faço. Tá tudo gravado, seu viadinho de merda. Essa conversa já foi longe demais. Se você não chegar aqui em 20 minutos, eu mostro todos os filmes pra toda a sua família. Aí, eles vão ver o lixo de pessoa que você é "

" Por mim tudo bem. Mostra. Eu sou menor e você vai preso "

" Tá me peitando, seu porra? Depois não diga que não avisei "

" O que você vai fazer, Ted? "

" Vou dar uma surra na sua velha. Vou pegar teu irmãozinho Advogado e fazer ele chupar muita pica. E no final vou fazer você implorar pra parar de dar essa bunda para uma turma de amigos que se amarram numa suruba. Vinte minutos, não esquece "

Ele nunca mais veio. Eu soube que a mãe dele tinha morrido naquela mesma noite, num acidente de trânsito. Só que eu só fui saber dois dias depois. Eu ainda liguei pra ele algumas vezes e em nenhuma delas, ele atendeu. Isso me deixou mal. A barra tava pesando pro meu lado e Porto feliz já estava saturada pra mim. No dia que tive coragem de ir até sua casa pra poder falar com ele, uma vizinha me disse que ele e o irmãos tinham viajado pro interior, e que o Marcel tinha sido internado numa clínica para dependentes.

Fui pra casa, já de decisão tomada, e no final da noite após falar com meu irmão Luiz Mario embarquei pro Distrito Governamental em busca de uma nova vida. Passei a viagem toda fazendo planos, e sonhando acordado.

Meu irmãos sempre foi diferente de nós. Lembro que quando nossos pais foram presos e omos morar com nosso avô, ele vivia dizendo que um dia ia embora e que teria uma vida totalmente diferente da que a gente levava. Vovô sempre o ouvia e dava conselhos. Dava pra mim também, só que eu jamais tive a mesma determinação e força de vontade do Luiz Mario.

Quando os velhos saíram da prisão e voltaram de Twin Peaks, Mario disse que não voltaria pra casa com eles. Ele chegou a dizer que tinha vergonha deles e que eles nunca mais o procurassem. Foi a última vez que meu pai tentou levantar a mãos pra bater nele. Ele não deixou. Houve uma discussão grande entre eles. Só sei que meu irmãos não mais e importou com nossa família a partir daí.Eu optei por voltar com os velhos. Eu era louco pelo meu pai, e minha mãe sempre fazia tudo o que eu queria.

" Fica comigo, Frederico. Eu posso fazer dar certo, mano. A gente tem que se afastar deles. Eles são nossos pais, mas você tá vendo quem eles são na verdade. E a coisa só vai piorar. Por favor fica e vamos viver a nossa vida. "

Ele insistiu pra que eu ficasse. Luiz Mario não se despediu de mim quando fui lá no seu quarto falar com ele. Ele estava de costas pra porta e olhava fixamente pela janela. Desisti de dizer alguma coisa, desci a escada e fui embora com meus pais.

Ele me recebeu de braços abertos. Procuramos cursos profissionalizantes, ele me matriculou à noite numa espécie de supletivo para que eu terminasse os estudos, me bancou por algum tempo. Aí comecei a colocar tudo a perder. Conheci as pessoas certas, pra mim, e erradas pra todas as pessoas de bem. A grana começou a entrar com a mesma facilidade quem em Porto Feliz. Só que aqui, a grana tinha um cheiro de poder. Muitos dos clientes fixos faziam parte do Governo, e comecei a juntar uma boa grana. Luiz Mario jamais desconfiou de nada. O cara vivia nas altas rodas, tinha um puta emprego, um belo apartamento, carro do ano, grana no banco, ele tinha vencido. Eu ia mostrar a ele que também tinha vencido.

A casa começou a cair quando conheci o Lucas. Confesso que tornei a vida do garoto um inferno. Ele dançava a música que eu quisesse, pois estava apaixonado por mim. Só me toquei de que tinha pegado pesado, não só com ele pois antes dele tiveram vários, quando ouvi sobre seu suicídio pela TV.

Quatro dias depois encontrei com o Marcão que me falou que um certo Policial, na verdade um Detetive de nome Torquato Araújo, estava me procurando e rondando os lugares que eu sempre costumava ir. Em outras palavras o cerco estava se fechando e ele achava melhor eu dar um tempo. Acho que muita gente estava com medo de que eu fosse pego pela Polícia. Eu sabia de muita coisa, e estava envolvido em muitas outras. Muito neguinho era meu parceiro de crimes e armações.

Uma tinha discutido com meu irmão, e no calor do momento tomei a decisão de sair da sua casa. Ele me deu mais uma vez a chance de mudar de vida, e eu simplesmente sumi na calada da noite. Marcão tinha um lugar bem tranquilo, e foi pra lá que levei as poucas coisas que coloquei numa mochila. Só que a morte do garoto, e o seu rosto tão lindo e triste não saia da minha mente. Voltei a tomar uma outra decisão e por me ver mais uma vez em apuros corri para o único lugar que sabia que me sentiria protegido, a Casa do meu irmãos Luiz Mario. Abri o jogo com meu irmãos e disse que nada tive a ver com o suicídio do garoto. Disse também que muita coisa de errado estava registrado nas páginas da minha vida. Ele me ouviu, me aconselhou, e disse que iria ficar do meu lado, sempre. Foi aí que decidi me entregar.

Deitei na bela e macia cama. Olhei o teto por mais um tempo, e os garotos apareceram lá em cima...

_ Acho que será o melhor a fazer. Foi tudo o que disse antes de dormir, e ter terríveis pesadelos.