18 - E A Culpa Seria Minha

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Funguei mais uma vez.

Estava dentro da estação de metrô, vesti o capuz e enfiei minhas mãos no bolso apertando o casaco contra o meu corpo. No vidro que estava em uma parede um pouco distante de mim, pude perceber que minha aparência estava um lixo.

Não muito diferente do meu interior.

Meus cabelos desgrenhados, os olhos vermelhos e embaixo deles minhas olheiras estavam um pouco escuras, mas, de certa forma, eu não estava me importando muito com isso; minha mente ainda estava naquele quarto, naquela roupa diferente, naquele buquê de flores, nos cabelos ruivos arrumados com cuidado... Minha mente estava em Park Jimin. Eu estava prestes a mandá-lo de volta de vez e o pior era que eu estava certo disto.

Eu não queria voltar atrás.

Meu amor por ele era grande, grande o suficiente para passar o resto da minha vida ao seu lado. Mas... Como eu conseguiria? Com mentiras? Com sumiços repentinos? Com um estilo de vida inverso do meu?

Ele era um demônio, e eu um humano.

Não eramos compatíveis, então, para que não ficasse pior, era o certo a se fazer.

A grande minhoca de metal passou por mim, fazendo com que meu cabelo ficasse ainda mais bagunçado. Aos poucos, ela foi parando e, conforme o vidro da janela ia passando, eu podia ver meu reflexo mais de perto e, por um instante, eu senti meu coração doer. A porta se abriu e, dentro do coletivo, alguns passageiros saíram e esbarraram em meu ombro, mas eu sequer me importei, minha mente ainda estava longe.

De repente, um filme de tudo que aconteceu entre Jimin e eu passou-se em minha cabeça, eu continuava estático em frente aquela porta aberta, meus olhos estavam marejando e eu sentia um grande nó em minha garganta, minha respiração estava um pouco pesada, enquanto as pessoas que já estavam dentro do metrô me encaravam, talvez com certa curiosidade do porquê eu ainda estava parado na porta com um semblante indecifrável.

Porque nem eu sabia o que estava sentindo.

Balancei a cabeça rapidamente e entrei no coletivo, apertei o casaco contra o corpo enquanto me sentava em um dos bancos vagos sendo observado pelos outros passageiros. Encostei minha cabeça na janela e fiquei olhando pelo vidro, conforme o metrô começava a andar, eu suspirei.

(...)

Ao fechar a porta do porão atrás de mim, pude escutar alguns barulhos, como se estivessem arrastando cadeiras. Devagar, desci os degraus e ao chegar no fim da escada, dei um pequeno salto ao ver uma cabeleira loira, era Namjoon ajeitando as cadeiras em volta da mesa.

— Que foi?! — perguntou inocente ao me ver com a mão no peito.

Ele abriu um pequeno sorriso.

— Achou que fosse um demônio?

— Se fosse, eu iria esquartejá-lo e jogá-lo aos jacarés.

— Eu não te entendo. — disse ao ajeitar a última cadeira. — Uma hora você tá morrendo de amores, noutra você fica puto e diz que quer matar o cara. Olha a que ponto você chegou? Está querendo mandar ele embora.

— Me deixa com as minhas loucuras.

— Eu nem vou mais discutir sobre isso.

Dito isto, Namjoon caminhou até a ponta da mesa. Sobre ela, havia um grande livro, ao me aproximar, pude ver com clareza. A capa grossa, parecia ser feita de alguma pele ou couro de animal, com alguns símbolos e escritas que eu sequer conseguia decifrar. Conseguia sentir uma energia estranha vindo daquele livro, senti até um calafrio.

Como Se Livrar De Um Demônio Apaixonado, Volume 1Where stories live. Discover now