SICARIUS↬jikook [hiatus]

III

“Praeterita mutare non possumus”

(O passado não podemos mudar)

🕷️

No momento que visualizou Jimin correndo entre a multidão de corpos que bebiam e dançavam, soube que a festa tinha terminado para si.

Jungkook não se encontrava em condições mentais ou físicas para permanecer naquele aglomerado de pessoas. Por isso não hesitou em pedir a Seokjin que mandasse Namjoon encerrar a festa. Não continuaria lá para a investigação ou para protegê-lo.

Jin acenou de forma positiva, distribuindo funções para os outros seguranças para que tudo fosse encerrado de forma pacífica e sem maiores escândalos. Jungkook agradeceu e informou que esperaria no carro enquanto Seokjin falava com o Kim mais velho.

Alguns minutos se passaram até que estivessem no trânsito, agora mais calmo, seguindo em direção à mansão em que moravam. Nenhuma palavra foi trocada entre Seokjin e Jungkook. Não precisavam. Jin silenciosamente parecia entender que o amigo precisava de um tempo apenas refletindo.

Assim que chegaram à residência do mais novo, Jungkook desceu do carro rapidamente ouvindo um "Boa noite, se cuida." Sem esperar uma resposta, Jin guiou o automóvel seguindo de volta para a festa, pretendendo organizar tudo antes de ir para a própria casa e encontrar a sua pequena Hwa-Young.

Jeon adentrou a mansão e nem sequer se deu o trabalho de acender alguma luz, já que o ambiente se encontrava em um escuro quase total, sendo iluminado somente pela claridade lunar que ultrapassava uma das grandes janelas na sala principal.

Andou em passos curtos até o seu escritório que ficava no final de um dos tantos corredores. Enquanto caminhava, algumas peças de roupa eram retiradas de seu corpo, a gravata sendo a primeira a encontrar o chão, sendo seguida pelo blazer escuro. Alguns botões da camisa amarrotada foram abertos e então os sapatos foram retirados.

Chegou no pequeno cômodo vazio que continha uma mesa de mogno escuro, um notebook e alguns papéis em cima. Jeon suspirou cansado seguindo em direção ao pequeno bar, enchendo o copo com a primeira bebida que encontrou pela frente. Tomou tudo de uma vez, querendo que o álcool levasse embora o amontoado de emoções que estava sentindo. Encheu mais uma vez o corpo levando-o consigo até que estivesse acomodado na cadeira
confortável atrás da mesa, depositando o líquido forte sobre ela. Recostou a cabeça no estofado tentando relaxar, mas a única coisa que conseguiu foi trazer à tona tudo que acontecera naquela noite. Respirou fundo e, no mesmo instante, seus sentidos foram envolvidos com o cheiro do mais novo que estava impregnado
em si. Fazia tanto tempo que não via Jimin que pensou que tudo aquilo era um sonho. Talvez um pesadelo.

Levou as mãos trêmulas até umas das gavetas presentes na mesa, retirando dela um pequeno envelope que continha, em letras garrafais, escrito o nome "Park Jimin". Suspirou mais uma vez tomando coragem para abrir o envelope. Rasgou o lacre que o impedia de retirar conteúdo, virando de cabeça para baixo, fazendo com que as milhares de fotos se espalhassem por toda a superfície a mesa.

Aquelas eram todas as fotos que haviam sido enviadas por Min Yoongi durante todos os anos desde que saíra de Busan. Todas as malditas fotos de Jimin. Imagens e mais imagens que afetava até o âmago de sua alma sempre que as olhava, mesmo que não fosse com tanta frequência. Evitava o máximo se prender àquelas fotos, até mesmo quando mensalmente o envelope era entregue em sua porta.

Mas era em noites frias em que a saudade falava mais forte que se via atraído até as imagens, afogando-se em lágrimas silenciosas e se perguntando o porquê de tudo aquilo ter acontecido. As piores noites eram aquelas solitárias, onde sua mente e seu corpo faziam questão de lembrar quem o satisfazia realmente, quando seu desejo carnal o trazia lembranças do corpo quente do mais novo. Fazia tanto tempo, mas isso não o fazia esquecer as sensações que seu amado o proporcionava. Então era em noites como aquela que as fotos o serviam como consolo, enquanto se desfazia e clamava por Jimin.