Sendo Renesmee Cullen

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A beleza é tão forte que te transforma num escravo que ambiciona olhá-la

Tão aguda que fere, tão segura que espanta

Tão escassa que alguns nunca conseguem achá-la

Se disfarça na noite, se desnuda na aurora

Se desenha nos sonhos, se refugia na alma

Se prolonga no tempo e no tempo se acaba

-Martha Sanchez 


   

Ao terminar o último toque na maquiagem afastei do espelho a fim de me olhar por inteiro: a imagem agradaria a qualquer pessoa que tivesse olhos. Os cílios da pessoa no reflexo pareciam espanadores, o castanho achocolatado das íris (herança de minha mãe) destacavam-se pela maquiagem discreta e marcante, seus lábios naturalmente vermelhos, cheios e bem desenhados (herança de meu pai) completavam o rosto de proporções perfeitas que qualquer mulher na terra gostaria de ter. O vestido de alças, preto e cheio de paetês, era justo no corpo com curvas, nos lugares onde mulheres costumavam moldar cirurgicamente, e ia até o meio da coxa, fazendo a pele alva da mulher no espelho resplandecer. O salto 12 cm adornava seus 1,67 de altura e suas pernas parecerem ainda mais graciosas e torneadas, sugerindo força e agilidade mesmo paradas. Os cabelos em um tom raro de ruivo que lembram vinho e cobre eram longos e tinha mechas presas no alto, fazendo uma cascata de cachos brilhantes descerem por suas costas e ombros até a cintura. A mulher diante de mim não parecia eu mesma... Suspirei sem querer dar espaço para minhas indagações filosóficas sobre a vida e sobre a esplêndida mulher no reflexo ser eu, ainda que eu tivesse acabado de completar seis anos de idade. Eu devia ter acostumado a nunca parecer a mesma no reflexo, mudando constantemente desde o nascimento... Mas era, de alguma forma, muito estranho que essa aparência perfeita e madura que eu adquirira ao longo de tantas mudanças, fosse quem eu seria para sempre.

Sempre era um conceito estranho para adequar a minha vida curta e tão cheia de fases fugazes, mas sendo eu uma híbrida de vampiro e humana, imagino que em algum momento chegaria a uma conformidade entre a perfeição inerente aos vampiros e as incertezas inerentes à humanidade. Claro, que não tinha do que reclamar: beleza, saúde, força, velocidade; embora quase tudo isso tivesse um oposto: eu não era rápida como um vampiro puro nem tão forte, eu espirrara uma vez, mas nunca peguei um resfriado sequer, eu tinha sono, meu metabolismo sendo rápido e consumindo tanta energia eu precisava repor as forças e comia comida humana, mesmo preferindo sangue. Eu podia morrer, embora um humano não pudesse, teoricamente, fazê-lo com as próprias mãos. Eu era a criatura mais segura (uma vez que nada do que aflige a humanidade poderia me ferir) do mundo e uma das poucas mais forte e bonita (é claro, isso depende do seu conceito de beleza) dentre os humanos. Sim, porque eu era muito mais parecida como eles e muito mais aberração dentre o mundo sobrenatural; era fácil se passar por humana, enquanto no extremo do espectro, eu jamais me passaria por uma vampira. Quem ouvir meus pensamentos talvez pense que eu sou muito consciente de minha aparência, e sou mesmo.

Eu tive influência o bastante de Rosalie para me deliciar com admiração dos humanos diante de minha beleza sobrenatural e de meu pai também para saber o que podemos conseguir se usarmos o sorriso certo, mas eu de maneira alguma acreditava que a forma como eu pareço é a melhor coisa sobre mim. Admirava minha mãe, Bella, o bastante para querer ser como ela: obstinada, boa, altruísta. Ela me ensinara que beleza não é nada se você não puder oferecer mais que isso. Também tivera influência suficiente de Alice para saber que menos é sempre mais e que discrição é sempre um bom caminho.

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