8. Life's Law

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[Leiam com a música How To Save a Life, dos The Fray, que se encontra na multimédia.]

Começo a caminhar até casa, mas há algo mas palavras que o Luke me disse que me está a intrigar. Há coisas no meu passado que me tornaram nesta pessoa... Mas o quê?

Tento esquecer o assunto, é o melhor a fazer. Coloco as chaves na fechadura e rodo-as, podendo ter uma vista para o corredor da minha acolhedora casa. Entro e caminho até à sala, onde encontro os meus pais a verem televisão. Não parecem dar pela minha presença, então caminho até ao quarto para arrumar as minhas coisas. Quando está tudo arrumado e eu tenho uma roupa mais confortável no corpo, volto à sala, onde os meus pais já me esperam, após se terem apercebido da minha chegada.

"Então, como correram as coisas em Londres?" – pergunto, enquanto me sento no sofá, ao lado da minha mãe.

"Pois..." – o rosto do meu pai fica sério e tenso, bem como o da minha mãe – "Querida, temos de ter uma conversa séria, os três."

"O que é que se passou?" – pergunto, preocupada.

"Nós fomos chamados a Londres, porque... Porque tu ainda não és maior de idade e tu ainda estás completamente à nossa guarda e acontece que a tua mãe biológica foi à tua procura. Ela apenas te quer conhecer e virá a Melbourne no próximo mês." – a minha mãe explica.

"Mas eu não quero ficar com ela!" – falo, revoltada e surpreendida com aquele comunicado.

"Não tens de ficar, ela apenas te quer conhecer." – o meu pai explica – "E como ainda és menor... Tens de aceitar, nós não podemos impedir."

Nego com a cabeça. Eu não quero conhecer alguém que quase dezasseis anos depois de me ter abandonado, resolve lembrar-se que eu existo. Ela abandonou-me quando eu tinha 2 anos, o que é que agora quer? Ela não merece o meu respeito, a minha compaixão e muito menos a minha comparência no encontro.

Deixo a sala sem qualquer palavra e regresso ao meu quarto. Solto todas as lágrimas que prendi enquanto me encontrava em frente dos meus pais, deixando-as correr livremente pelo meu rosto. O meu passado sempre foi um ponto fraco para mim, porque apesar de eu amar os meus pais, nunca é fácil de digerir o facto de os nossos verdadeiros pais não gostarem de nós o suficiente, ao ponto de nos abandonarem num orfanato enquanto somos crianças indefesas e inocentes, que não têm se quer noção do que é o mundo. Então é claro que isto me abala. Faz-me voltar a abrir essa gaveta que eu prefiro manter fechada a sete chaves para não me magoar com pensamentos estúpidos.

Lembro-me do diário que a Phoebe me ofereceu e vou buscá-lo, bem como uma caneta azul que guardei junto dele. Não vou escrever um texto ou algo do género, mas sim apenas uma frase que descreve o meu estado de espírito de hoje.

2 de janeiro de 2015 – Melbourne

«Eu sou egoísta, impaciente e um pouco insegura. Eu cometo erros, eu fico fora de controlo e às vezes sou dificil de aguentar. Mas se tu não me consegues aguentar no meu pior, então de certeza de que tu não mereces estar lá no meu melhor.» - Marilyn Monroe

Sem dúvida, esta frase é para a minha mãe. Se não conseguiu cuidar de mim quando eu mais precisava, enquanto bebé que estava no seu início de vida, então não é agora que vai querer entrar na minha vida, quando eu sou praticamente uma adulta com a fase mais complicada da vida ultrapassada.

"Querida?" – a minha mãe chama do outro lado da porta, batendo de seguida.

"Sim?" – respondo em forma de pergunta, enquanto limpo as lágrimas.

"Tens uma visita." – informa-me.

"Quem?" – pergunto curiosa.

"O Ashton." – ela informa.

Secretly | l.h. ☑Where stories live. Discover now