Capítulo 25

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Sabe quando você acha que controlou as emoções? Quando a tristeza dá lugar para aquele vazio de olhar para o nada, quando o choro cessa e por um segundo, parece estar tudo bem. Mas então, alguém vem e pergunta o que aconteceu. Ou simplesmente te olha, e tudo desmorona.

Por exatamente um minuto e trinta e sete segundos a partir do momento que uma lágrima que considerei última caiu, eu pensei que estava tudo bem. Pensei que – além das que derramei durante a conversa – Harry (ou sua falta) não seria mais motivo para chorar. E depois disso, praticamente no trigésimo oitavo segundo, ouço a maçaneta girar, e Tracy entra.

Foi como eu disse, nem precisa necessariamente da pergunta. Pode ser só o olhar.

- Ah, querida...

Espero o tempo suficiente para que ela coloque suas coisas em cima do balcão para jogar-me em seus braços e ter a esperança de que minha melhor amiga me acalme. No começo, eu não faço questão de justificar nada, sequer fazer pausas além das que preciso para respirar. Com os minutos passando, e junto com eles a força para fazer qualquer coisa indo embora, finalmente me acalmo. Foi quase viver aquele dia de novo: ela chegou, abraçou-me e só me fez falar depois que eu conseguisse pelo menos cinco segundos de calmaria. E então, eu disse tudo.

Só que um detalhe foi diferente. Enquanto a Madison de três anos atrás teve bastante tempo para ficar mal, minha versão do presente teve apenas vinte minutos. Porque esse foi o tempo desde que parei de me lamentar por algo sem futuro, até as meninas chegarem aqui – acho que isso merece uma explicação à parte: como precisávamos receber os convidados que vinham de longe no hotel a partir da tarde de hoje, decidi passar o dia com minhas madrinhas lá também, para adiantar tudo.

Além de três mulheres super animadas entrando por meu apartamento, a ligação de Finn é mais uma motivação para que eu pudesse me reerguer rapidamente. Vejo seu nome brilhar na tela praticamente ao mesmo tempo que Tracy abre a porta para minhas amigas, então consigo mais um tempinho para disfarçar os olhos vermelhos. Afinal, eu não acho que aguentaria mais uma sequência de 'O que aconteceu? Está tudo bem?'.

- Eu não deveria estar te ligando agora, mas foi o único momento que consegui ficar sozinho. - ouço os sussurros brincalhões do moreno, e isso me faz sorrir verdadeiramente. - Eles estão levando mesmo a sério esse lance de ajudar nós dois a cumprir a promessa do contato zero.

- Pois é. - rio pelo nariz. - Consegui fugir agora, mas as meninas acabaram de chegar, não sei quanto tempo mais eu tenho.

Sinto que Finn sorri.

- De qualquer modo, eu só queria ouvir sua voz. - diz ele. - Sei que a espera vai valer a pena, mas eu não estava mais aguentando.

Há uma pausa. Sorrio, e respondo com um murmuro, mas demoro a dizer a próxima frase.

- Sei que pode parecer idiota - começo, quase sussurrando. -, mas nunca de esqueça que eu te amo, ok?

- E como eu esqueceria, meu amor? - responde ternamente. - Eu amo você também, Mads. Para sempre. - balanço a cabeça, mesmo sabendo que ele não vai ver. - Sua voz está diferente... Está tudo bem?

Olho para o teto. Pronto, as lágrimas querem voltar agora. Respiro fundo, fecho os olhos e tento dizer da maneira mais convincente possível.

- Estou bem. - sorrio em frente ao espelho de meu quarto, cômodo no qual estava agora, tentando convencer a mim mesma. - Só fiquei um pouco estressada com detalhes da cerimônia. É tanta coisa... Eu só queria poder estar só seu lado logo, amor.

Ele solta uma risadinha, mas sei que entende. - Não se preocupe, ok? Vai sair tudo bem. Essa hora, amanhã, você está colocando o lindo vestido que não quis me mostrar ainda - acabo rindo. - e alguma horas depois, seremos só nós dois, meu amor.

Soulmates || H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora