Capítulo 22

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- Luca -

   Passei a noite encarando Adam, enquanto o mesmo dormia. Vez por outra Emma vinha vê como estavam as coisas. Assim que o dia nasceu um médico veio até aqui, fez um discurso sobre como o tratamento poderia prolongar ainda mais o tempo de Adam. Mas o meu amigo estava irredutível com a sua decisão.

   _ Acho que vou ter que tirar umas férias. _ brinca enquanto termina de abotoar a camisa _ Talvez eu vá fazer uma viagem para Vegas e me caso com alguém por lá.

   _ Eu recomendaria que esperasse mais uns dias para fazer essa loucura. _ Emma fala entrando com uma cadeira de rodas _ Nem adianta me olhar com essa cara, Adam. É uma política do hospital. Apenas sigo ordens. 

   _ Não foi o que aquele médico velho disse quando veio aqui ontem. _ Adam responde sentando na cadeira de rodas.

   _ A rádio corredor funciona melhor do que qualquer outro meio de comunicação. _ começa a empurrar Adam pelos corredores.

   Me despeço de Emma, que vai ficar aqui pelo resto do dia. E levo Adam de táxi para sua casa, pois o meu carro está ainda no estacionamento do escritório. Não tenho a mínima vontade de deixar ele sozinho, mas sou praticamente expulso de sua casa e obrigado a ir para o escritório. 

   Dou uma passada rápida em casa para tomar um banho e trocar de roupa. Para não gastar mais com táxi, pego a minha moto e me dirijo até o escritório. 

   Respondo por alto as perguntas que alguns colegas fazem sobre o estado de Adam. Ele me fez prometer que não contaria a ninguém, pois não quer ser visto como um coitado que tem os dias contados. Acho que começo a entender o motivo pelo qual ele não disse nada sobre o que estava passando. 

   Não tenho muito tempo livre para pensar sobre os últimos acontecimentos. Tive que me virar em dois para corresponder os meus compromissos de hoje e os do dia anterior. Sem contar que ainda tinha que dar um jeito na agenda de Adam. Mas mesmo na correria ainda procurava um tempo para conversar com ele por mensagem.

   O meu celular toca quando estou terminando de enviar um e-mail. Não vejo quem se trata, apenas aceito a ligação e levo o aparelho a orelha.

   _ Pronto. _digo encarando um último documento em minha mesa.

   _ Você ainda está no escritório? _ é a voz de Kate do outro lado da linha.

   _ Se for sobre a reunião com o seu noivo, ela foi remarcada para amanhã. _ repondo olhando o relógio que já marca nove e meia.

   _ Não é sobre isso. _ ela parece está estranha _ Eu preciso de um amigo Luca. Será que a gente pode se encontrar na sua casa? _ exito em responder _ Eu estou mal mesmo.

   _ Tá, me encontra no John. _ digo de forma natural e lembro que ela não conhece o bar _ É um bar que fica perto do meu escritório. Não tem como errar.

   _ Ótimo. _ responde antes de desligar. 

   Desligo o meu computador e pego minhas coisas. Sou o único ainda no prédio, os outros já foram para suas casas a quase duas horas. Pedi para alguém levar o meu carro para casa. Fazia tempo que não andava de moto e foi muito boa sentir do vento frio de encontro com meu rosto e me dando uma sensação de liberdade.

   Levo menos de dez minutos para chegar ao John. Assim que passo pela porta faço uma busca por Kate e a encontro sentada no balcão. O movimento do bar ainda está calmo, mas preciso me esgueirar por entre as pessoas para chegar ao balcão. Me sento no banco ao seu lado e coloco o capacete sobre o balcão.

   _ O que de tão grave aconteceu? _ pergunto distante.

   _ Você não quer uma bebida? _ nego com um movimento de cabeça _ Não vai te matar tomar alguma coisa.

   _ Eu vim porque você disse que não estava bem e não para beber como se fossemos amigos. 

   _ Descobri que o Anthony está me traindo. _ conta num suspiro _ Voltei ontem de surpresa e o peguei no flagra com uma mulher. 

   _ Você só está recebendo o que plantou. _ falo dando de ombro _ Por que não ligou para as suas amigas? Ah, já sei. Você não quer ser vista como a vítima da situação. _ ironizo _ É difícil quando está do outro lado.

   _ Luca, você não sabe como eu me arrependo de ter te deixado. _ fala segurando a minha mão _ Acontece que eu estava insegura. Achei que ainda era muito jovem para dar um grande passo como o de construir uma família. Mas agora eu estou pronta. _ sua outra mão livre vai até o colarinho da minha camisa _ Eu ainda te amo Luca.

   Então, em uma fração de segundos seus lábios vieram de encontro ao meu e não fui rápido o suficiente para me esquivar. Minhas mãos vão até seus ombros e a empurro. Ela me olha de uma forma sexy, mas isso não mexe mais comigo.

   _ Você só pode está de brincadeira. _ digo passando a mão nos lábios na tentativa de limpa-los _ Eu estou com a Emma e a amo muito. _ pego o capacete do balcão _ Não me procura mais.

   Ainda escuto ela me chamar, mas não perco o meu tempo lhe dando ouvidos. Quando chego em casa tento falar com Emma, mas a ligação só caí na caixa postal. Mando mensagens, mas ela não responde e isso é muito estranho.

   Sei que ela não tem plantão hoje. Talvez o telefone tenha ficado sem bateria. Ligo para Maggie, mas ela também não me atende e isso me deixa ainda mais intrigado. Tomado pela preocupação decido ir atrás dela atrás no apartamento de Maggie.

   Como estava vindo quase todos os dias aqui, acabei fazendo uma cópia da chave. Esperava ser recebido com aquele sorriso avassalador que só Emma tem. Mas foi o completo oposto. Ela foi hostil comigo, disse que eu era com canalha e saiu em direção ao banheiro me deixando sozinho com Maggie na sala.

   _ O que foi que deu nela? _ pergunto ainda perdido.

   _ E você ainda pergunta?! _ fala sarcástica _ Ela viu você aos beijos com a sua ex no bar. _ fico sem palavras, não acredito que ela viu _ Você teve a cara de pau de pedir para a sua secretária marcar um encontro com ela no John e também chamou a tal Kate. Para ser sincera, eu não sei se você é um burro ou um canalha mesmo.

   _ Maggie foi tudo um engano. Eu posso explicar.

   _ Claro que pode. Deve ter feito um grande discurso enquanto vinha para cá. _ ela passa por mim e abre a porta _ Saí daqui e não procura mais a Emma. 

   Tento argumentar, mas sei que não vai adiantar agora. Não acredito que a Emma viu aquele beijo. O destino deve estar de brincadeira comigo, só pode. Primeiro aqueles dias maravilhosos em San Diego e depois a doença do Adam e agora essa. Sabia que a volta de Kate na minha vida só me traria problemas.   

Uma Chance Para AmarWhere stories live. Discover now