10. Grande coração

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Nós três fomos almoçar juntos. Meu pai, Percy e eu. Achava estranho o fato do meu pai ter tamanha liberdade com ele. Mas ouvindo os dois conversarem percebo que eles se conhecem a mais tempo do que imaginava, o que explica um pouco.

Permaneço calada enquanto ouço os dois conversarem como velhos amigos. Eles estão falando do hospital Central onde meu pai trabalha e das pessoas que trabalham nele. Como se meu pai estivesse falando de um filho do qual tem orgulho sou incluída na conversa.

_Você acredita que outro dia o doutor Benedito estava falando dele para ele. Os dois riem com cumplicidade.

_Eu ainda não entendi... - Aponto o dedo de um para outro que estão sentados na minha frente, mudando de assunto completamente. - Qual é a de vocês? Há quanto tempo se conhecem? - Franzi a sombrancelha estranhando a cara que meu namorado fez.

_Você não sabia? - Percy é voluntário lá no hospital! Eu conheço ele tem...

_Três anos. - Meu namorado responde.

Certo... Isso explica o fato do meu pai defende- lo tanto. Mais ainda o de apoiar e incentivar meu namoro desde princípio.

_Por que estou sabendo disso só agora? - Pergunto erguendo a sombrancelha de forma inquisidora.

_Talvez porque nunca tocamos no assunto. Ou... Não houve oportunidade. Não estava escondendo isso de você. - Percy justifica.

_Tuuuuuudo bem! - Respondo. - Mas no fundo alguma coisa me incomodou. - Então o que você faz?

_No começo apenas me vestia de palhaço para entreter as crianças da ala de oncologia. Depois passei a ajuda a limpar a enfeitar os quartos, contar histórias, carregar caixas... Fico quatro horas todos os dias no hospital.

_E como conseguiu virar voluntário?

_Eu conheço o diretor de lá... Ele só me incluiu no programa que já existia... - Percy fala como se não fosse nada.

Dou sorriso de quem sabe que ele está escondendo alguma coisa.

_Quê!? Não é nada de mais! - Meu sorriso se expande, ele acaba de se entregar. - Meu tio é o diretor de lá, quando vim pra cá ele achou que talvez fosse bom, eu estaria conhecendo pessoas novas, treinando a língua, saindo de casa... Umas coisas assim. Acho que eles só estavam com medo de que eu tivesse uma depressão ou essas coisas. Pronto falei, pode desmanchar esse seu sorriso.

Solto uma gargalhada.

_Eu não disse nada Percy você se entregou.

_Como não! Você ficou me olhando com esses olhinhos e com esse sorriso!

Dou outra gargalhada

_O que tem os meus olhos e o meu o sorriso? - Acho engraçado e fofo o jeito que ele está me olhando agora. Seus olhos verdes brilham como grandes esmeraldas e ele sorri de um jeito tão espontâneo e relaxado, é lindo! Eu sei que idiotice minha, porque o rapaz a minha frente me fez apaixonar por ele então... Eu sou suspeita.

_Shit! - Ele murmura e balança a cabeça como se tentasse afastar algum pensamento.

_Eu posso não saber seu idioma mas sei que você acabou de xingar! Está perdendo pontos comigo bonitão.

Percy voltou a sorrir e seus olhos estavam mais escuros, a forma como ele me olhava era diferente, senti meu rosto esquentar porque o que quer que estivesse na mente dele com certeza era bem indecente.

Vejo os lábios dele se abrindo em um sorriso.

_O que eu perdi? - Meu pai diz sentando de volta a mesa. Onde ele foi? Eu nem vi ele sair, nem me lembrava que ele estava aqui. Me enfiei em uma bolha com meu namorado e esqueci todo o resto. Um estranho silêncio se formou, não chegava a ser constrangedor, mas era estranho. - Atrapalho!? - Meu pai sorri.

Além das Aparências (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora