A Bat-varanda

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Era mais uma noite comum em Gotham. Uma chuva regava levemente os telhados dos enormes prédios da cidade, com suas gotas d'água que acariciavam até o mais duro dos concretos. Quase todos estavam em seus lares, se protegendo de toda aquela água. Todos menos Jason Todd, que estava um tanto quanto frustrado, sentado na varanda da Torre Wayne.

O jovem Robin tinha acabado de receber uma bronca de Batman pela primeira vez, por um erro que não tinha cometido. Foram palavras duras, que estavam ecoando na mente do garoto incessantemente, quase como uma tortura.

A chuva até que estava ajudando. O toque das gotas, em contraste com a bronca, era suave e relaxante. Naquele momento, Jason não gostaria de estar em qualquer outro lugar. O Batcomunicador já havia tocado algumas vezes, mas foi ignorado, era melhor não ouvir a voz de Bruce Wayne por um singelo instante.

Olhando para cima, sem ver estrela alguma, Jason começou a refletir sobre o que fazia. Uma dúvida começou a martelar em sua mente: será que ele realmente gostava de ser o Robin? Ou ele só via sua função como uma desculpa para bater em criminosos? Será que ele realmente era um herói? Fechando os olhos e respirando fundo, ele visualizou a resposta: negativo.

Quando era apenas um moleque nas ruas, Jason se via mais livre para fazer o que queria. Não tinha nenhum adulto lhe governando, dizendo como ele deveria agir e quem ele deveria ser. No entanto, ele também se sentia vazio. Não tinha uma gangue ou algo parecido, era só ele contra o mundo.

Agora, como Robin, ele tinha companhia, e gostava destas pessoas. Também podia sair da mansão Wayne sabendo que teria para onde voltar quando quisesse. Era muito diferente de sua vida passada, porque tinha uma família.

Estava numa confusão e tanto, já não sabia mais o que queria para sua vida, pois sabia que caso abandonasse o cargo de Robin, seria expulso da mansão Wayne e voltaria para as ruas. Mas se ficasse, teria que aguentar Batman reclamando a todo momento.

Seu momento de alheamento acabou quando ouviu um som de metal próximo de si, e era familiar. Quando percebeu que era um arpéu, temeu que Batman tivesse o encontrado, e que fosse levar outra bronca. Mas assim que uma silhueta de alguém que não tinha as orelhas pontudas do morcego apareceu, ele se acalmou, já sabia quem era.

— Jason? – a suave voz de Dick Grayson quebrou o silêncio que era apenas o barulho da chuva. – Você está bem?

O garoto não respondeu, só desviou o olhar e passou a observar as ruas vazias, diferentes do usual. A presença do Asa Noturna em si não o incomodava, mas saber que ele o lembrava do Batman era o incômodo.

— O que aconteceu? – Dick aproximou-se do garoto, saindo das sombras. – É muito estranho que você tenha simplesmente decidido vir aqui tomar chuva.

Ainda sem resposta, apenas um suspiro. Jason sabia que Asa não tinha más intenções, mas a memória de Batman ainda martelava em sua mente. Ele também sabia que teria que responder Dick uma hora ou outra, pois conhecia a insistência do jovem.

Aconchegando-se ao lado de Jason, Asa também voltou seu olhar para a rua vazia, lembrando-se de um dia em que também tinha subido a Torre Wayne para relaxar um pouco.

— Vamos lá, Jason. – O jovem começou a balançar o braço do garoto, tentando chamar sua atenção. – Me responde!

— Me desculpe, estou um pouco chateado. – Finalmente saíram palavras da boca do mais novo, passando pelos ouvidos de Dick como uma singela canção. – Acabei de receber uma bronca do Bruce.

Reconhecendo a situação, Asa não conseguiu evitar e acabou gargalhando. Aquilo já havia acontecido com ele, e ele sabia muito bem como lidar com aquela situação. Estranhando a reação do mais velho, Jason virou seu olhar para ele, com uma expressão confusa.

Azul e Vermelho: A Bat-varandaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum