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São Petersburgo, Rússia

Gabriel Jesus

Eu fui acordado pelo barulho de pássaros na sacada do apartamento. Olhei para a janela e a luz que entrava no quarto, pelas frestas da cortina. Antes de pensar em levantar, ouvi um barulho vindo da morena deitada em meu peito. Olhei em volta do quarto, onde nossas roupas se encontravam e consequentemente as lembranças da noite passada invadiram minha mente. Sorri involuntariamente.

Sem acordar a morena e nem me mexer muito, peguei meu celular, mostrando que era 7:52. Ela tinha um vôo para Sochi às 10 e eu, coletiva às 11. Seu sono parecia ser pesado, e dormindo era linda:

- Ana, tá na hora de acordar - Minha voz saiu mais rouca que o esperado.

Ela se mexeu um pouco, mas não abriu os olhos. Dei um beijo em seus lábios e a mesma abriu os olhos, com um sorriso pequeno.

- Bom dia, camisa nove - Ela diz e sua voz também estava um pouco rouca.

- Bom dia - Respondo.

- Que horas são? - Ela se vira e pega seu celular, voltando à posição inicial. - É, eu tenho que levantar mesmo.

Ela se senta na cama, esfregando os olhos. Amarra seu cabelo na forma de um coque pra cima, deixando suas costas a mostra, juntamente com seu pescoço todo marcado devido a nossa noite:

- Vai ficar parado me olhando ou vai tomar um banho comigo? - Ana Júlia diz, me tirando dos meus pensamentos. - E tira esse sorrisinho da cara, é apenas banho, Gabriel.

Sorri mais ainda, quando ela foi dizer algo, a puxei pra cama, fazendo com que caísse deitada na cama novamente, e eu em cima dela. A beijei e rapidamente fui correspondido, as coisas começaram a esquentar, mas Ana Júlia encerrou o beijo, me jogando pro lado:

- Você é impossível, Gabriel Jesus.

- Eu sei que você gosta.

- Convencido.

Tomamos banho dentro de alguns minutos, logo, Ana começou a arrumar seu cabelo enquanto eu trocava de roupa. Ela acabou pegando a minha blusa pra ela, e eu fiquei apenas com a minha blusa preta que tinha trazido de reserva. Por incrível que pareça, ela estava linda com ela.

- Tá sorrindo porque agora? - Ela pergunta rindo de mim e indo fechar sua mala.

- Você com a minha blusa.

- Bom, ela era sua. Agora é minha, me ajuda a fechar a mala? Eu subo em cima e você fecha - Ana diz se sentando na mala. Com muito esforço, consegui fechar a mala.

- Mano, o que você trouxe pra passar um dia aqui em São Petersburgo que pesa tanto? - Perguntei assim que levantei a mala, o zíper estava quase estourando.

- Eu não sabia se ia ficar aqui, ir pra Kazan ou voltar pra Moscou - Ana me respondeu, pegando seus pertences e abrindo a porta. - Agora, eu resolvi que do nada, vou pra Sochi ver o jogo da Alemanha e Suécia - Ela fecha a porta e começamos a andar.

- Graças a Mia - Disse baixo, chamando o elevador.

- Você não quer que eu vá, né? - Naju estava olhando para baixo, com os braços cruzados.

- Pra dizer a verdade, queria que você ficasse aqui comigo. Mas eu apoio você ir para Sochi - Ela olha para mim. - Ver a Alemanha. Você tem amigos lá, é seu direito de ir e torcer por eles. Eu entendo.

- Então - O elevador se abre e nós entramos. - Tudo bem mesmo?

- Claro que tá, Naju. Vem cá, me dá um abraço - Abro os braços e a mesma me dá o abraço. Beijo o topo da cabeça dela. - Vou sentir sua falta.

Assim que me dei conta no que havia dito, fiquei em choque, eu não sabia se ela iria responder. Mas realmente, ela iria fazer uma falta imensa.

Dou o total apoio dela ir para Sochi, pelo simples fato que ela tem amigos no time da  Alemanha. Querendo ou não, ela tem o direito de ir e ver os amigos dela e oferecer apoio, assim como deu apoio pra mim e os caras. E, além do mais, eu teria uma tarde cheia de coletivas de imprensa, entrevistas e outros afins da Seleção. Eu não iria conseguir dar a devida atenção que ela merece:

- Eu também vou sentir sua falta, Gabe - Ela disse, fazendo com que eu apertasse o corpo da morena.

Colocamos as coisas dela no carro que eu havia chamado, entramos e fomos direto para o Starbucks, Ana Júlia disse que estava com fome, e havia um do lado do aeroporto.

Com a ajuda do motorista, assim que descemos, peguei a mala dela no porta malas do carro. Ela insistiu de pagar o táxi, então acabei deixando. Ela passou o braço no meu, e começamos a atravessar a avenida, para chegar à cafeteria do outro lado.

Como estava um pouco cheio, por conta de ser do lado de um aeroporto, eu acho, fiquei esperando do lado de fora. Vi algumas mensagens e respondi o Coutinho, que perguntava onde eu estava:

- Vamos, peguei tudo que eu queria - Ana diz aparecendo do meu lado e dando um gole de seu frappuccino. - Tá falando com quem?

- Coutinho. Ele queria saber onde eu estava - Começamos a andar, e ela repetiu o mesmo. Passou seu braço pelo meu, segurando o saquinho de cookies. - Ele anda com Isabelite.

- Isabelite? - Ana riu.

- Eu e os caras inventamos, por causa que a Isa viajou pra Moscou de volta. Ele vive reclamando que ela não responde as chamadas ou mensagens.

- Eu preciso muito zoar uma com a cara dele. Quem inventou isso, você, Neymar, Casemiro ou Marcelo?

- Porque acha que é um de nós?

- Porque é a cara de vocês fazerem isso com o coitado do Coutinho.

Caminhamos até o aeroporto conversando e trocando algumas carícias despercebidas pelas pessoas. Ela fez o check in e despachou sua mala, ficando com uma bolsa pequena em mãos.

Sentamos e ficamos esperando por um tempo, vendo nossas redes sociais. Acabei tirando fotos dela e ela quase me matou. Publiquei a mesma e deixei em privado os comentários. Depois de um tempo, ela sentou do meu lado, encostando sua cabeça em meu ombro. A abracei, deixando meu braço na sua cintura. Assim ficamos, enquanto ela via os stories do Instagram e eu a acompanhava.

Seu vôo foi chamado, fazendo a morena se levantar e em seguida, levantei também:

- Acho que é um até logo - Ana passou os braços pelo meu pescoço, fazendo um carinho de leve na minha nuca com suas mãos. - Quando eu chegar, te aviso.

- Já sabe quem vai te pegar no aeroporto?
Te levar para o hotel?

- Já, Gabriel - Ela riu com minha preocupação. - Fica bem.

- Você também.

Sem esperar com que falasse mais alguma coisa, a trouxe para mais perto e a beijei. Ouvimos o segundo chamado, fazendo com que nos separassemos. Ela deu um último selinho e sorriu, saindo dos meus braços e indo para o embarque.


Connection | G. JesusWhere stories live. Discover now