Capítulo 18

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Encaro-o sem saber o que dizer. Tinha medo de dizer alguma coisa de errado e acabar por o deixar ainda mais triste, ele é que teria de contar por si, se assim quisesse.

— Ela era uma mulher muito bonita. — Ele sorri. — Mas a sua bondade parecia ser maior do que a sua beleza. Só eu e o meu pai sabíamos disso, ela tinha de esconder para sermos um grande reino.

— Podemos ser grandes sem sermos cruéis, Taehyung. — Falo e ele nega com a sua cabeça.

— O meu pai diz que o nosso reino quase que foi atacado por causa da bondade que deixávamos transparecer e para nos protegermos precisa de ser assim, precisamos de treinar. Eu também passei pelos mesmos treinos que tu, S/N, por isso sabia que não seriam tão maus. — Olho para as minhas mãos que apertavam uma a outra.

— Quando é que começaste a treinar?

— Os filhos dos reis começam os treinos aos seis anos e só terminam aos treze. — Volto a olhar para ele. — É o que nos torna fortes para poder reinar. Podes não compreender ainda mas vou dar-te tempo para isso. Também demorei para perceber e entender todas as regras.

— Não tem de ser assim. Tudo pode ser diferente, nós podemos fazer tudo ficar diferente. Tens o poder de o fazer, Taehyung. — Ele nega com a sua cabeça. — Eu prometo que não acontecerá nada de mal com o reino.

As minhas palavras ecoam pelo quarto e também pela sua mente confusa no momento. Eu iria aproveitar o momento de intimidade para perceber o que o deixava atormentado mas tudo parecia estar ligado com o antigo rei, uma coisa que eu já suspeitava.

— Disseste que costumavas ficar com a tua mãe debaixo da árvore para fugir do teu pai. Referias-te aos treinos? — Faço uma pergunta simples para não o afastar de mim e fechar o seu coração. Ele afirma com a sua cabeça.

— O meu pai sempre foi muito exigente e eu sei que foi para transformar-me no rei que sou hoje. Ele só cedia as suas palavras para a minha mãe, ela era a única que conseguia o fazer sorrir. — Aproximo-me mais um pouco dele e agarro com cuidado na sua mão.

— Taehyung...isso já passou. Já não és uma criança que precisa de obedecer ou de esconder-se do pai. O teu pai é que tem de obedecer-te agora. — Ele encara-me sério. Concordava com as minhas palavras mas alguma coisa o impedia. — Podemos mudar este reino, juntos. Tenho a certeza que a tua mãe iria querer que o seu filho mudasse o reino, tu próprio disseste que apenas a sua bondade era maior que a sua beleza.

— A minha mãe foi morta por ladrões que tentavam roubar as suas jóias. — Congelo. Era isso que o reprimia e o afastava do povo. Foram pessoas do povo que mataram a rainha. O seu pai apenas alimentava essa raiva. — Eles foram mortos da forma mais cruel possível à frente de toda a gente. Esfaqueamos os seus braços, partimos as suas pernas, arrancamos os seus dedos, e os queimamos. Eu tinha nove anos quando comandei a primeira execução.

Mentalmente, agradeço por os meus pais impedirem-me de ver execuções quando era pequena, pois sei que se tivesse visto, não perderia o medo de Taehyung.

O seu olhar está focado na lua cheia, a única fonte de luz no céu escuro da noite. Parecia que estava a ver a própria mãe no reflexo da luz branca e redonda.

Aperto com mais alguma força a sua mão, para mostrar que estava lá, e aproximo ainda mais o meu corpo do dele.

Por um momento, Taehyung não parecia o mesmo rei que tinha conhecido, era apenas uma alma magoada e triste. Era um homem fraco e aberto para conversas, comigo.

— Obrigada. — Agradeço. — Confias-te o suficiente em mim para contar.

— És a minha mulher. A minha rainha. Tinha de contar. — O seu polegar começa a passar na minha mão como forma de carinho.

— Eu amo-te. — Falo e Taehyung vira a sua cabeça para encarar-me.

Aproxima o seu rosto do meu o suficiente para juntar os seus lábios aos meus e iniciar um beijo. Calmo e romântico, cheio de sentimentos, apaixonado.

As suas mãos deslizam pela minha cintura e o meu corpo cola ao dele. Uma das minhas mãos aperta o seu ombro enquanto a outra acariciava os seus cabelos na sua nuca.

Terminamos o beijo. Abro os meus olhos devagar e vejo o seu brilho nos olhos, o mesmo brilho que começava a tomar conta do seu olhar há pouco tempo. Olhar de paixão e carinho.

— Eu também. — Fala antes de encostar a sua testa na minha. Sorrio e abraço-o com alguma força.

(.............................)

Acordo com vontade de tossir por sentir dificuldade de respirar. Abro os meus olhos e olho a redor do meu corpo, estava tudo normal, apenas o ar parecia mais difícil de respirar.

Levanto-me e ando até a minha janela, abro-a e vejo algumas pessoas reunidas fora do castelo incluindo o antigo rei e Taehyung que gritava com os guardas que o impediam de entrar.

Confusa, afasto-me da janela e ando até a minha porta, abro e uma grande fumaça entra dentro do meu quarto. O fumo entra dentro das minhas narinas e alerta todos os meus sentidos.

Era um fumo causado por um incêndio. Tinha de sair dali antes que fosse reduzia a cinzas.

— Rose! — Grito o seu nome ao lembrar que não a tinha visto fora do castelo.

Enquanto andava pelos corredores a tapar a minha boca e o meu nariz com a minha camisa do pijama, só conseguia pensar no que o antigo rei tinha dito. Eu tinha ganho a batalha mas não a guerra.

— S/N! — Ouço uma voz chamar-me. Não conseguia perceber de quem era por causa do barulho provocado pelo fogo que ardia os móveis de madeira e fazia estalar.

Faço força com as minhas pernas e incentivo-me a continuar ao pensar que iria correr tudo bem e que voltaria para os braços de Taehyung. Paro de apoiar-me nas paredes por sentir algumas das pedras começarem a aquecer.

— S/N....— Entro em uma sala, irreconhecível graças ao fumo e a alguns móveis partidos. Vejo um par de pés e quando subo o meu olhar percebo que tratava-se do antigo rei. Olho para uma das suas mãos e vejo uma lâmina.

O rei das trevas (Imagine Taehyung Hot)Onde histórias criam vida. Descubra agora