Encaro-o sem saber o que dizer. Tinha medo de dizer alguma coisa de errado e acabar por o deixar ainda mais triste, ele é que teria de contar por si, se assim quisesse.
— Ela era uma mulher muito bonita. — Ele sorri. — Mas a sua bondade parecia ser maior do que a sua beleza. Só eu e o meu pai sabíamos disso, ela tinha de esconder para sermos um grande reino.
— Podemos ser grandes sem sermos cruéis, Taehyung. — Falo e ele nega com a sua cabeça.
— O meu pai diz que o nosso reino quase que foi atacado por causa da bondade que deixávamos transparecer e para nos protegermos precisa de ser assim, precisamos de treinar. Eu também passei pelos mesmos treinos que tu, S/N, por isso sabia que não seriam tão maus. — Olho para as minhas mãos que apertavam uma a outra.
— Quando é que começaste a treinar?
— Os filhos dos reis começam os treinos aos seis anos e só terminam aos treze. — Volto a olhar para ele. — É o que nos torna fortes para poder reinar. Podes não compreender ainda mas vou dar-te tempo para isso. Também demorei para perceber e entender todas as regras.
— Não tem de ser assim. Tudo pode ser diferente, nós podemos fazer tudo ficar diferente. Tens o poder de o fazer, Taehyung. — Ele nega com a sua cabeça. — Eu prometo que não acontecerá nada de mal com o reino.
As minhas palavras ecoam pelo quarto e também pela sua mente confusa no momento. Eu iria aproveitar o momento de intimidade para perceber o que o deixava atormentado mas tudo parecia estar ligado com o antigo rei, uma coisa que eu já suspeitava.
— Disseste que costumavas ficar com a tua mãe debaixo da árvore para fugir do teu pai. Referias-te aos treinos? — Faço uma pergunta simples para não o afastar de mim e fechar o seu coração. Ele afirma com a sua cabeça.
— O meu pai sempre foi muito exigente e eu sei que foi para transformar-me no rei que sou hoje. Ele só cedia as suas palavras para a minha mãe, ela era a única que conseguia o fazer sorrir. — Aproximo-me mais um pouco dele e agarro com cuidado na sua mão.
— Taehyung...isso já passou. Já não és uma criança que precisa de obedecer ou de esconder-se do pai. O teu pai é que tem de obedecer-te agora. — Ele encara-me sério. Concordava com as minhas palavras mas alguma coisa o impedia. — Podemos mudar este reino, juntos. Tenho a certeza que a tua mãe iria querer que o seu filho mudasse o reino, tu próprio disseste que apenas a sua bondade era maior que a sua beleza.
— A minha mãe foi morta por ladrões que tentavam roubar as suas jóias. — Congelo. Era isso que o reprimia e o afastava do povo. Foram pessoas do povo que mataram a rainha. O seu pai apenas alimentava essa raiva. — Eles foram mortos da forma mais cruel possível à frente de toda a gente. Esfaqueamos os seus braços, partimos as suas pernas, arrancamos os seus dedos, e os queimamos. Eu tinha nove anos quando comandei a primeira execução.
Mentalmente, agradeço por os meus pais impedirem-me de ver execuções quando era pequena, pois sei que se tivesse visto, não perderia o medo de Taehyung.
O seu olhar está focado na lua cheia, a única fonte de luz no céu escuro da noite. Parecia que estava a ver a própria mãe no reflexo da luz branca e redonda.
Aperto com mais alguma força a sua mão, para mostrar que estava lá, e aproximo ainda mais o meu corpo do dele.
Por um momento, Taehyung não parecia o mesmo rei que tinha conhecido, era apenas uma alma magoada e triste. Era um homem fraco e aberto para conversas, comigo.
— Obrigada. — Agradeço. — Confias-te o suficiente em mim para contar.
— És a minha mulher. A minha rainha. Tinha de contar. — O seu polegar começa a passar na minha mão como forma de carinho.
— Eu amo-te. — Falo e Taehyung vira a sua cabeça para encarar-me.
Aproxima o seu rosto do meu o suficiente para juntar os seus lábios aos meus e iniciar um beijo. Calmo e romântico, cheio de sentimentos, apaixonado.
As suas mãos deslizam pela minha cintura e o meu corpo cola ao dele. Uma das minhas mãos aperta o seu ombro enquanto a outra acariciava os seus cabelos na sua nuca.
Terminamos o beijo. Abro os meus olhos devagar e vejo o seu brilho nos olhos, o mesmo brilho que começava a tomar conta do seu olhar há pouco tempo. Olhar de paixão e carinho.
— Eu também. — Fala antes de encostar a sua testa na minha. Sorrio e abraço-o com alguma força.
(.............................)
Acordo com vontade de tossir por sentir dificuldade de respirar. Abro os meus olhos e olho a redor do meu corpo, estava tudo normal, apenas o ar parecia mais difícil de respirar.
Levanto-me e ando até a minha janela, abro-a e vejo algumas pessoas reunidas fora do castelo incluindo o antigo rei e Taehyung que gritava com os guardas que o impediam de entrar.
Confusa, afasto-me da janela e ando até a minha porta, abro e uma grande fumaça entra dentro do meu quarto. O fumo entra dentro das minhas narinas e alerta todos os meus sentidos.
Era um fumo causado por um incêndio. Tinha de sair dali antes que fosse reduzia a cinzas.
— Rose! — Grito o seu nome ao lembrar que não a tinha visto fora do castelo.
Enquanto andava pelos corredores a tapar a minha boca e o meu nariz com a minha camisa do pijama, só conseguia pensar no que o antigo rei tinha dito. Eu tinha ganho a batalha mas não a guerra.
— S/N! — Ouço uma voz chamar-me. Não conseguia perceber de quem era por causa do barulho provocado pelo fogo que ardia os móveis de madeira e fazia estalar.
Faço força com as minhas pernas e incentivo-me a continuar ao pensar que iria correr tudo bem e que voltaria para os braços de Taehyung. Paro de apoiar-me nas paredes por sentir algumas das pedras começarem a aquecer.
— S/N....— Entro em uma sala, irreconhecível graças ao fumo e a alguns móveis partidos. Vejo um par de pés e quando subo o meu olhar percebo que tratava-se do antigo rei. Olho para uma das suas mãos e vejo uma lâmina.
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O rei das trevas (Imagine Taehyung Hot)
RomanceDesde que Taehyung foi coroado o seu reino mergulhou em uma era de trevas e tornou-se o mais temido pelos outros. Kim Taehyung era conhecido pelo rei das trevas, dono de uma crueldade inigualável. Passados alguns anos o dia que o povo mais ansiava e...