Capítulo 6 - Cerveja Amanteigada

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Domingo

Me aproximei do Três Vassouras, sentindo o frio que estava com a aproximação do inverno e me achando louca por estar fazendo isso. Havia dito para Alice que precisava ir para Hogsmeade comprar alguns livros de conteúdos específicos para as provas das universidades bruxas que eu sabia que vendiam ali e - apesar de eu realmente ter que comprar estes livros - o que mais me incomodava era o fato de estar mentindo.

Afinal, concluí quando avistei Troy Malfoy ao lado de fora do bar com as mãos nos bolsos, eu estava ali para encontrá-lo. Mas não era um encontro.

- Pontual. - ele disse.

- Boa tarde para você também. - respondi sem saber lidar com a minha decisão estúpida.

Malfoy apontou para o Três Vassouras.

- Na verdade, eu preciso comprar uns livros. 

- Hum... - ele deu de ombros. - Claro.

Caminhamos em silêncio até a Livraria da Esquina e tive a certeza de que ter ido até lá tinha sido uma besteira.

- Como foi o seu feriado? - Malfoy perguntou, enfim.

- Bom. Normal, na verdade. Família, jantar de aniversário...

- Imagino que deva ser trabalhoso. - comentou. - Preparar um jantar para tanta gente... Quantos irmãos mesmo que você tem?

- Três.

- Uau. Quatro filhos.

Eu não sabia se ele estava zombando ou não.

- Na verdade nem é tanto assim. - comentei. - Seus pais têm dois filhos.

- Eu fui um erro.

Travei diante da sua resposta inesperada.

- Minha mãe queria uma menina e engravidou, sem a autorização do meu pai. Então eu nasci.

O jeito como ele me contou isso, como se estivesse me dizendo que ia comprar pão na padaria, me deixou completamente desnorteada. Por um momento achei que ele estava inventando, fazendo um tipo de piada horrível, mas sua expressão séria demais me dizia outra coisa.

- Imagino que seja aqui. - ele disse e abriu a porta da Livraria da Esquina indicando para que eu entrasse.

- Obrigada. 

Caminhamos pelo corredor de entrada até que não consegui evitar a pergunta:

- É verdade?

- O quê?

- O que acabou de me contar?

- Por que eu inventaria isso?

Apertei os lábios, pensando e me virei de novo, seguindo até o balcão. Pedi pelos livros e fiquei fingindo olhar minhas unhas enquanto o vendedor os procurava. Sabia que o Malfoy estava bem atrás de mim.

Após pagar pelos livros, inspirei fundo e virei o rosto de leve para trás:

- Eu sinto muito. 

Seus olhos me fitaram por um tempo, sem resposta e eu me virei de volta para o balcão até que ele deu um passo e ficou ao meu lado.

- Eu também sinto. - ele disse. - Por você, é claro. Sei que vai gastar um bom tempo lendo essas drogas e... Bom, eu sinto pena de você, parceira.

Deixei um sorriso escapar. Ele estava brincando. Entendi que aquela era a forma de lidar com a sua vida diante do que acabara de me contar.

- Parceira?

- É isso que somos, não é? Parceiros na aula de Poções? - ele pegou a sacola com os livros e a girou para o outro lado do seu corpo, me impedindo de pegá-la. - Tivemos a melhor nota da turma no último trabalho.

O Céu é O LimiteOnde histórias criam vida. Descubra agora