Prólogo

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A cabeça girava mesmo deitada na cama e de olhos fechados. Meu estômago reclamava do excesso de álcool da noite anterior, mas nem isso era suficiente para me fazer levantar. Na verdade, eu temia olhar para trás, afinal ainda sentia o quente e grande corpo masculino atrás de mim. Suprimi um gemido de descontentamento e ao mesmo tempo de prazer ao me recordar da noite anterior. Nem em um sonho pervertido eu poderia me imaginar agindo de forma tão... devassa.

Eu realmente não sei se minhas atitudes foram motivadas somente pelo álcool ou se meu parceiro também era responsável. Bem, na verdade eu preciso admitir que ele tinha a maior parcela de culpa. Eu ainda não tinha bebido tanto quando o vi lindo, apesar da máscara, gostoso, sexy e másculo. Ou tinha? Meus olhos percorreram avidamente aquele corpo vestido inteiramente de preto.

Um fogo se alastrou pelo meu corpo quando aqueles olhos pararam em mim. Assim como eu, ele me devorava om o olhar e o resultado não poderia ser outro a não ser nós dois na cama. Fechei meus olhos e deixei que as imagens tomassem conta da minha mente. O que Adam diria se vise tudo o que fiz? Ia atirar novamente em minha cara que sou frígida e incapaz de dar ou sentir prazer?

Eu sei que dei e senti muito... muito prazer. Que mulher não teria vários orgasmos com um homem tão vigoroso e safado quanto aquele? Eu me lembro de beijar e morder cada músculo bem trabalhado daquele corpo. E me lembro ainda mais nitidamente daquela língua em cada orifício do meu corpo, daquela boca que me beijou com paixão, daquelas mãos que me apertaram e estapearam minha carne. E aquela voz... ah aquela voz gemendo obscenidades em meu ouvido.

Só de pensar eu sentia novamente meu corpo em chamas. No entanto, agora livre do álcool, eu não saberia como agir diante do cara, então o melhor a ser feito seria me levantar com cuidado, rezando para que ele não acordasse. Coloquei as pernas para fora da cama e em seguida me levantei com cuidado. Abaixei-me e peguei o vestido jogado no chão, fazendo uma careta ao ver a calcinha destruída. Mais uma onda de calor me percorreu ao me lembrar de como ele a arrancou do meu corpo e gemeu ao me ver completamente nua para ele.

Balancei a cabeça para espantar aqueles pensamentos e vesti o vestido, ajeitando a máscara em seguida. Peguei os sapatos, os quais eu levaria na mão para evitar qualquer barulho. Peguei minha bolsa sobre uma poltrona e comecei a me afastar na ponta dos pés, feito um bandido. Porém eu parei antes de alcançar a porta. Eu queria ver mais uma vez... pela ultima vez o corpo do homem que me fez delirar de prazer. Eu girei lentamente... e meu grito ficou entalado na garganta. Tapei minha boca ao sentir minha bile subindo. Eu não sei se ele tirou ou se a máscara saiu durante o sono, mas o fato é que ele estava sem ela, revelando seu rosto para mim. Não... eu não conseguia acreditar.

Querendo fugir dali o mais rápido possível, eu sai do quarto, olhando ao redor e reparando na decoração elegante, mas claramente masculina. Só poderíamos estar no apartamento dele. Praticamente corri até a porta e já dentro do elevador eu tirei a mascara e calcei os sapatos. Ao sair na recepção eu passei apressadamente, apenas acenando om a cabeça para o porteiro. Seria o mesmo da noite anterior? Bom, eu nunca saberia já que sequer sei como cheguei até aqui.

Ao chegar à rua, eu fiz sinal para um taxi depois de aguardar uns minutos. Estava em um dos bairros nobres de Nova York, e que não ficava muito distante do meu apartamento, tanto que menos de vinte minutos depois eu chegava em casa. Joguei bolsa e sapato de qualquer jeito na sala e corri para o banheiro. Sob a ducha, eu me esfreguei vigorosamente tentando tirar qualquer vestígio da noite passada.

Arthur Hottiger. Alto, moreno, másculo na medida certa. Sexy com aqueles cabelos muito pretos e sedosos. Trabalhava no mesmo hospital que eu, porém, como estávamos em áreas distintas, praticamente não nos víamos. Eu o vi pela primeira vez assim que me mudei para Nova York. Minha amiga Alexia, que morava aqui há algum tempo insistiu em me mostrar a noite de Nova York e acabamos parando em uma boate.

Claro, eu o notei quase imediatamente. Estava no bar sozinho... e me encarou durante toda a noite. Felizmente ele não se aproximou porque eu certamente não saberia como agir diante dele. Como se não bastasse minha timidez, Arthur era o tipo de homem que tomava conta do ambiente com sua presença.

Eu tinha saído de um relacionamento fracassado há quatro meses e desde então sequer pensei em arrumar outra pessoa. As palavras duras de Adam ainda ecoavam em minha mente. Frígida, puritana, incapaz de dar prazer a um homem e preconceituosa. Talvez eu fosse tudo isso mesmo, já que eu demorava demais a entrar no clima, morria de vergonha de mostrar meu corpo. Boa parte era culpa da minha timidez, mas eu acredito realmente que sou um pouco frigida.

Ou então o problema era com todos os meus ex namorados, que queriam sexo de maneiras que eu jamais permitiria. Eu estremeci só de me lembrar do Kevin, que propôs sexo a três. Ele, eu e mais uma. Eu nunca, jamais faria sexo dessa forma. E muito menos com alguém do mesmo sexo que eu. Era abominável. Eu fui criada com o pensamento de que, homem se relaciona com mulher e vice-versa. Qualquer coisa ao contrario era aberração.

E foi essa aberração que eu conheci assim que cheguei a Nova York. Eu me senti lisonjeada com os olhares de Arthur sobre mim, mas isso durou somente até o momento em que fui ao banheiro e o vi aos beijos, se amassando, se agarrando... com outro homem. Cristo... aquele belo homem era gay! E eu transei com ele. Pensar nisso me fez abrir a porta do box e corri até o vaso, onde me ajoelhei e vomitei. Que grande merda eu tinha feito?

Por trás das máscarasWhere stories live. Discover now