⚘✁ Prólogo.

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Jughead apresentava-se inquieto naquela manhã de uma segunda-feira. Aninhado no sofá de sua sala de estar e aquecendo-se com um edredom. Jughead não dorme direito há incontáveis semanas — geralmente, nem dorme —. Passeava seus dedos escanzelados sobre a pele áspera de seu braço, questionando-se se essas situações iriam parar de desmoronar em sua cabeça algum dia em sua vida. Era exatamente isso que angustiava o garoto de fios de cabelos negros e grossos: sua desesperança nunca ia embora. Sentia-se sozinho. Jughead nunca havia abraçado um sentimento que incluía solidão antes. Por mais que fizesse o certo, ainda sentia que não era o suficiente. Completava um dia repleto de conquistas e risadas, mas ainda assim, deprimia-se por um algum motivo inexplicável. A sensação de culpa aumentava dentro de seu pequeno corpo e pedia todas as vezes ao amanhecer para tudo ocorrer diferente. Se ocorresse ou não, não faria diferença.

Jughead implorava: “Não desmorone hoje.”

Infelizmente, essas situações só se baseavam nas noites mais reclusas do menino. Chamava-se depressão. Sozinho ou acompanhado, ela estava sempre lá; invisível e predominante. Havia desistido de esforçar-se para mover um músculo de seu corpo. Fracassaria miseravelmente, e não teria ninguém para culpar.
Talvez se Jones desistisse, finalizaria sua luta cansativa e diária. Com seus olhos esverdeados afundados nas lágrimas, absorveu o pensamento assustador e repentino. Só seria importante mais tarde, quem sabe?

  

              [...]

Jughead ainda atentava-se ao pensamento anterior. Retirava os livros selecionáveis de seu armário que usaria nas próximas aulas. O que antes era uma paixão, hoje considerava ser tortura permanecer horas dentro de um ambiente tóxico. Direcionou os olhos para loura que caminhava pelos corredores da instituição. Em imediato, revirou-os. Fechou a porta de seu armário, provocando um barulho estrondoso e irrelevante. Afastou-se do local, tentando passar despercebido por  Elizabeth Cooper; fazendo o necessário para que notasse seu desprezo concreto contra a própria. Aparentemente, Jughead tinha fracassado ao tentar.

Elizabeth barrou-lhe no meio do corredor escolar, segurando o braço rijo do garoto para impedir que desviasse os passos – Juggie. Por favor, me deixe explicar... – ela disse, em um tom de voz que expressava demasiado arrependimento.

– Explicar o quê, Betty? O seu caso com Sweet ou você dizer que sua mãe não tinha autorizado você a sair? – Jughead perguntou retoricamente, irônico.

– Eu estava bêbada! Por favor, acredite em mim. – Betty tentou justificar novamente, levando suas mãos até o rosto macio do garoto.

Jughead afugentou as mãos da garota de seu rosto, balançando a cabeça em um movimento negativo. Apesar de amá-la, só conseguia sentir uma forte repulsa por ela naquele momento crítico, como se fosse incapaz de perdoá-la por todos os erros que têm cometido nos últimos meses do relacionamento. Sim, não era o primeiro e imperdoável erro vindo dela. Só aumentava o sentimento de solidão dentro do adolescente.


– Eu já acreditei em você demais, Elizabeth. Pare de me subestimar. – Jughead disse, decidido.

O moreno de gorro ultrapassou a  menina que usava um penteado rabo-de-cavalo ambulante e dirigiu-se até a sala de música em passos largos — ademais, era uma das únicas que estavam próximas.

Adentrou no local e desapegou de sua mochila, a jogando em um canto inespecífico da sala de aula. Jughead sentou-se em uma cadeira e permitiu-se descarregar a raiva e a sensação de não ter sido útil nem para sua própria namorada. Nas lágrimas que julgava serem intermináveis, Jug estrugiu alguns soluços entre sua respiração. Escondia seu rosto — agora inchado — com o seu inseparável gorro.

Em todos os sentidos, Jones se via sozinho. Emocionalmente e fisicamente. Sem exceções.

De repente, escutou passos serem introduzidos no ambiente, quebrando aquele silêncio que só era acoberto pelos seus soluços.

– Com licença... – foi domado pela voz fascinante e enrouquecida de um desconhecido.

                      [...]

Gente, o que vocês acharam? Irão querer mais? Por favor, comentem aqui em baixo.

XoXo, melzinha. 💕

Suicide Letter ❏ jarchie. Donde viven las historias. Descúbrelo ahora