Férias

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Itanhaém! Itanhaém! Itanhaém!

Gritavam duas crianças eufóricas quando a mãe pediu opinião para qual praia queriam passar as férias escolares em dezembro.

Diana conseguiu programar suas férias junto com a dos filhos e iria conseguir aproveitar, mais o tempo com os garotos depois de longos 15 meses trabalhando sem parar, saindo cedo e chegando tarde em casa. Mal dava tempo para colocar as crianças para dormir, ou assistir um filme na companhia do marido. Já fazia tempo que não sabia mais o que era novela das 9. Enquanto seu marido teve a liberação de 15 dias de folga nos períodos de natal e ano novo. Assim que o período de festas terminasse, teria que voltar ao trabalho, o estágio em direito estava sugando suas energias, mas era isso ou não veria a formatura.

As malas já estavam prontas e tudo o que deveriam levar à praia já estava guardado como um quebra-cabeça no porta malas do Ecosport preto. Passaram no mercado para comprar doces, salgadinhos, água e refrigerantes para aguentar a viagem.

Quando todos os produtos estavam nas sacolas e a conta paga, os garotos apostaram uma corrida até os bancos traseiros, sentaram e colocaram o cinto de segurança como sempre mandou o pai, somente esperando a carro partir do estacionamento. Eles estavam ansiosos para viajar. Todo o ano era uma praia diferente, um passeio diferente e isso animava qualquer vida infantil.

— Não é tão longe quanto pensei. — Disse o pai olhando o caminho pelo Google Maps. — Litoral Sul Paulista 123, 3 km - Itanhem.

— Itanhaém. — Corrigiu a esposa. — Você ainda fala de um jeito engraçado.

— Algumas palavras são estranhas.

— Está há 3 anos aqui, já devia ter aprendido.

— Você é muito exi.. egi.. gente.

— Exigente.

— É bem isso, aprendi muito todo o tempo que estou aqui. — Ele sorriu debochado e ela retribuiu com carinho.

— Indo pela Rodovia dos Imigrantes e passando pela BR-101. — falou a esposa voltado ao assunto original.

— Não é tão longe, acho que vamos chegar rápido. — disse o homem animado.

— Depende do trânsito, né? Estamos em período de férias, todo mundo passa o final do ano na praia. Vai ter muito trânsito, pode esperar aí umas duas ou três horas de viagem.

— Tá maluca! Não vai levar tudo isso. — falou o homem arrumando o retrovisor central.

— Se esqueceu como funciona São Paulo?

O homem apenas sorriu e deu partida. O estrondo do motor ecoou e fez o carro estremecer levemente, à medida que ia se aquecendo fazia todas as peças começarem a trabalhar e a mover o automóvel para fora do estacionamento. Como esperado, a estrada estava cheia de carros e passaram um pouco mais de duas horas nas filas enormes do pedágio, como previsto por sua esposa, mas aos poucos quando passavam pelas praias, o trânsito ia se dissipando e cada família seguia seu caminho de férias. A estrada foi ficando livre e todos já podiam aumentar um pouco mais a velocidade.

— Mamãe! Tem um carro seguindo a gente. — falou o mais velho ao olhar o movimento pela janela traseira do carro.

— Ele deve estar indo pra praia também, amor. É o mesmo caminho. — respondeu a mãe mexendo no rádio do carro procurando alguma estação de música agradável.

— Mas ele está desde o mercado, será que ele mora na nossa rua? — O menino brincava entre as linhas de desenho da janela traseira, imaginando pequenas estradas e seu dedo era uma espécie de carro veloz.

A Perfeita Arte de Ser MulherWhere stories live. Discover now