Ainda dói

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Matthews voltava para casa depois de passar meses longe de sua família. Uma casa linda no condado de New Florest, Inglaterra. Uma mulher loira dos olhos muito azuis mexia na terra do jardim com luvas amarelas, ela podava algumas flores com cuidado, quando o viu chegar. Exibiu um sorriso largo e abriu os braços para recebê-lo, os olhos cheios de lágrimas. Beijou suas bochechas e acariciou seu rosto. Quantas saudades daquela mulher que lhe fez vir ao mundo, mesmo depois de anos de luta para educar seus filhos, algumas rugas já expunha os anos de vivência, mas para Matt ela continua maravilhosa.

Um homem saiu da casa assim que ouviu os gritos de alegria da mulher. Seu pai parou ao lado de sua mãe para receba-lo. Sério e de postura firme como sempre foi, seu pai não perdia o jeito soldado de ser. Um aperto de mão e um abraço breve foi o suficiente para demonstrar o amor entre os dois.

Outra mulher loira dos olhos azuis, tão jovem quanto ele, também o abraçou com força e lhe deu um longo beijo em sua bochecha, exibia todos os dentes de tanta felicidade. Até parecia que estava há anos fora de casa.

Um pouco mais afastado dos familiares saindo um pouco tardio da casa, uma mulher com cabelos negros muito cacheados, pele negra e um sorriso que só ele reconhecia, mas seus olhos, eram em tom verdes esmeralda, ele ficou confuso no começo, mas logo foi a seu encontro. Ela exibia um sorriso carinhoso e passava a mão sobre o vestidinho fino que vestia, exibindo uma saliência grande em sua barriga. Ele se aproximou da mulher e beijou seus lábios e acariciou sua barriga, a abraçou e continuou ali por um tempo. Eles não se falavam, apenas ficaram ali agarrados um ao outro apreciando a saudade.

Um barulho ensurdecedor explodiu a sua volta, e o local onde ficava sua casa era somente ruínas e fumaça branca. Alguns carros que passavam na rua bateram uns contra os outros e homens armados atiravam em sua direção, a bala foi certeira nas costas da mulher que o abraçava. Ele segurou nos braços o corpo mole da mulher e sua tão amada família caia um a um sem chance de defesa.

Seu cenário foi substituído por um campo desértico onde os corpos de soldados jazia na areia quente. O corpo da mulher que segurava nos braços se tornou areia e voltou a fazer parte daquele lugar. O som das armas, bombas e aviões rasgando o céu, destruía seus ouvidos, e o peito ardia em dor e desespero, confusão e raiva, era como estar em uma cena de filme, mas com todas as horríveis sensações. Eram tantos corpos que Matt sentia um desespero que nunca sentiu em sua vida, era como estar sozinho no mundo.

Matt acordou com o susto da última cena, o corpo estremecendo levemente e suado, mais uma vez seus pesadelos vieram perturbar seu sono, mas neste alguém que ele não esperava estava presente. E ela carregava alguém em seu ventre. Matt ficou alguns segundos olhando para o teto bege sujo, aqueles sonhos eram frequentes, mas aquela pessoa nunca apareceu daquela forma, não assim tão linda e frágil, carregando um filho. A paternidade era algo que ele queria para o futuro, mas depois que se livrasse do exército, depois que não precisasse ficar tanto tempo longe de casa. Queria fazer diferente de sua criação, queria participar de todos os momentos de seus filhos, por isso evitava o máximo um relacionamento mais sério ou até o deslize de engravidar uma mulher. Ainda não era o momento para pensar em outra vida.

Alguns resmungos ao seu lado o fez sorrir levemente, a mulher era linda. Seus cabelos ruivos esparramados na cama, o corpo nu sobre os lençóis, deitada de costas para ele. Matt acariciou sua pele branca, ela tinha alguns sinais de nascença no quadril e algumas pintas escuras espalhadas pelo corpo.

Passou a mão levemente pelas curvas da mulher e beijou suas costas. Ela sorriu ao sentir o toque suave de sua mão quente, as carícias era exatamente como imaginava. Estava vivendo o sonho que sempre desejou desde que colocou os olhos no rapaz.

Matt sabia quem se deitava em sua cama desde que abriu os olhos, se lembrou de tudo o que viveu momentos antes de apagar de vez.

O clima esquentou com algumas perguntas ousadas durante a madrugada, e ambos correspondiam os sentimentos de delírio. Era assim que estavam aquela noite, excitados e desejando o corpo um do outro, não era de se esperar que o rapaz se entregasse facilmente, ela estava a fim e era linda, inteligente e interessante. Chegou a pensar que fosse mais interessante que Diana, ainda mais pelo tempo vivido e experiência.

A Perfeita Arte de Ser MulherWhere stories live. Discover now