SINGULAR - Degustação 🌼

Capítulo 15 - Parte 2

PLÁGIO E CRIME!

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Plagio é crime! LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998."Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena - detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa".
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Dante

Algumas horas, xicaras de café e saias justas depois...

Apoio o prato vazio no braço lateral do sofá. Planto os pés na mesinha de centro, ajeito o corpo dolorido para achar uma posição menos dolorosa. Mesmo tendo me entupido de analgésicos, a porra do corte e a minha cabeça estão latejando como o Diabo. Irritado, checo, pela enésima vez, o elevador que continua indicando o subsolo. Treas já está lá, com o Mc, há mais de trinta minutos. Eu deveria ter dito não quando ela quis descer só com os amigos e a Martha.

Caralho, isso aqui virou um circo!

Para quem esperava ter uma manhã relaxante, nos braços da Treas e quem sabe, continuar o que começamos no banho, eu me fodi. Ficar de conversa fiada e trocar gentilezas, não estava muito nos meus planos, mas tive que recalcular rotas... Encontrei um caos em torno do balcão da cozinha. A tropa Wild e aliados: Jack, Martha, Jeremiah, Lucca e Chloé versus o exército Stoirm e agregados: Antony, Maguie, Romeo, Max, Trent e Mc. Uns querendo saber a verdade, outros querendo escondê-la.

Foi empate, mantivemos a história do assalto e deixei que a Treas contasse a sua versão sobre o Klaus e o tal favor para a amiga secreta, que só um idiota não sacaria que é a Chloé, de tanta bandeira que deu. Seus olhos faiscaram a culpa contida, o mau humor raro e o luto.

— Quer que eu faça outro?

Com um gesto educado, porque é a minha mãe sentada ao meu lado no sofá, recuso a quarta omelete de queijo. Maguie tem essa ideia fixa de que tudo pode ser resolvido com comida. É assim desde que me entendo por gente... não duvido nada que ela mantenha, na bolsa, uma tabela alimentícia para cada enfermidade. Quebrou o braço: um sorvete, caiu da bicicleta: um sanduiche, levou um tiro: uma canja... ainda não conhecia as propriedades curativas das omeletes para os cortes.

— Acho que é melhor eu descer e ver o que está acontecendo — não escondo minha impaciência.

A mão suave de Maguie pousa no meu peito quando faço menção de levantar.

— Deixe a menina respirar um pouco. — Sorri com sua doçura habitual. — A Chloé e o Lucca estavam angustiados... a Martha nem se fala. Vai ser bom ela desabafar com alguém diferente.

Eu não quero que ela desabafe com alguém diferente!

Ela tem a mim, porra!

Puxo alguns fios da minha barba. Estou cansado, dolorido e puto.

— Não gosto desta invasão. — Quero gritar de frustração, mas me controlo. — Teria sido mais fácil, anunciar o meu endereço no jornal e organizar uma excursão — digo com amargura.

Amo a minha família, aprecio a companhia deles, mas há momentos em que um homem precisa de paz.

— Deixe de exagero. — Sua boca contrai nos cantos. — Isso aqui é uma fortaleza e entramos por aquele túnel horrível. Sei que quer proteger a Beatrice, mas não pode isolá-la do mundo. Amigos e família fazem parte do pacote... exclui-los é o primeiro passo para perdê-la.

Sei que Maguie tem razão. A presença deles não põe em risco as operações que normalmente planejamos e executamos aqui, pelo contrário, uma boa dose de normalidade sempre torna tudo acima de quaisquer suspeitas, mas tudo tem limite. A morte do Klaus só deixou tudo mais complicado. Scarface é um caso à parte, um louco que caiu de paraquedas na vida da Beatrice e pode muito bem, estar à espreita vigiando amigos e família.

— Quem a atacou ainda está lá fora, quanto menos gente vier aqui, melhor... — Meu rosto franze ao sentir uma pontada no corte. — De quem foi a ideia de trazer o cozinheiro?

— Pelo amor de Deus, filho! — Minha mãe ri ao entender o meu ponto. — Não me diga que essa cara emburrada é ciúme? Olhe para você!

Se a minha cabeça não estivesse me matando, eu gargalharia... Não é uma questão de ciúmes e nem tudo se resume em ser o mais fodão. Suspiro profundo... Não sou um moleque pra entrar numa disputa de pênis e estou cagando se o babaca é boa pinta ou não. Eu me garanto, sempre me garanti... o que me fode é ele ter ficado com ela e eu não. A merda da convivência e da confiança conquistada é isso que me fode! Anos, anos de Treas que eu perdi, porque eu decidi que aquele seria um adeus...

Isso que me mata... o remorso, suportar dia após dia as consequências de um erro. Aquele fim forçado, doído e sem vontade, que nunca aconteceu porque nunca acabou.... Nós somos a porra de uma história incompleta e não vivida... um eterno três pontinhos de um final inacabado esperando para ser continuado.

Isso que me fode!

— Só não quero errar de novo, estou sendo cuidadoso. — Toco a cicatriz na sobrancelha. — O cozinheiro, certamente, não está na lista dos meus maiores fãs... — Lembro da raiva que vi nos olhos do Lucca quando me despedi dele em Oxford. — Meu chute é que ele não esteja feliz com a minha volta.

Ela me olha com ceticismo.

— Bobagem... todo mundo adora você. — Arqueia a sobrancelha demostrando indignação e quase dou risada. Ela é uma mãe urso... a opinião dela não conta. — Eu precisava de ajuda com as roupas, o Lucca deu uma carona pra a Chloé até a casa da Beatrice. Ele é um bom moço, gosta dela, não podia negar que a visse.

Tô sabendo que gosta... vi como os olhos dele brilham pela Treas.

— Podia sim... não gosto dele aqui — As palavras soam inadequadas, mas não me importo.

— Querido... — Maguie confere meu pai e o Jack conversando sobre a Copa do Mundo, no balcão da cozinha e pelo tom, sei que lá vem conselho. Preparo-me. — Nós nunca conversamos sobre o que aconteceu nem com a Trice e muito menos nas Forças Armadas... Como mãe foi difícil para mim, mas sempre respeitei o seu espaço. Casada com o Antony há 33 anos e sabendo quem são, entendo que não queira ou não possa dividir algumas coisas, mas isso não me faz cega. Sei o quanto sofreu e ainda sofre.

Dou um sorriso fraco.

— Mãe, eu estou bem, não acho que seja o momento... — Paro quando sinto outra pontada no abdômen.

Inspiro e expiro... escondendo o meu desconforto.

Merda, porque a Treas está demorando tanto?

Romeo, Max e Trent conversam próximos à piscina e tenho uma súbita vontade de me juntar a eles. Eu estava fora de órbita quando conversamos mais cedo. Sei que estão na cola do Scar, mas só vou ficar tranquilo quando eu retomar as rédeas e encontrar aquele merda de uma vez por todas.

Maguie segura a minha mão, trazendo-me de volta.

— Ainda não terminei, querido... Só mais um minuto e eu prometo que te deixo ir até eles — diz com suavidade. — A Beatrice é uma menina de coração de ouro... preocupa-se mais com os outros do que com si mesma... Ela se faz de forte, diz que já superou o término de vocês, mas é só da boca para fora... Eu estive aqui o tempo todo, vi o quanto sofreu... Sou mulher, não é fácil lidar com esse mundo de segredos masculinos... e certas mágoas são difíceis de serem superadas... Fica sempre a lembrança do que já sofremos... É natural que esteja confusa e até com medo, então não exija demais dela, ok? Não a sufoque... Beatrice estar aqui, já é um grande passo.

É... um grande passo.

Continua....

Essa parte é bem curtinha e continua no próximo capitulo.

beijos , beijos, beijos....