Capítulo 10

330 5 6
                                    

Nicole 

-Papai a mamãe te contou? – Breno Henrique perguntou ao meu pai, que estava sentado no sofá, fazendo careta.

-O que? – Meu pai perguntou e olhou para meu irmão, sério.

-Da gravidez – Respondi e ele me olhou, perigando em seguida, desviando o olhar logo em seguida.

-Já – Meu pai respondeu com desdém, sem olhar para nos dois, apenas se levantou e foi em direção a sala de jantar.

Eu conseguia entender o que estava acontecendo, só fingia que não. Meu pai estava com vergonha, ainda mais por eu saber do que havia feito. Ele fugia, se escondia. Quase não falava.

Eu estava em meio a guerra e ainda era obrigada a fingir que estava neutra em relação a tudo, mas não estava.

-Que fome – Disse minha mãe ao entrar na sala de jantar, sentou ao meu lado, deu um pequeno sorriso para meu irmão, que admirava a mulher belíssima, ela passou a mão nos cabelos loiros e molhados.

-Bom-dia – Desejou Sirlei, olhei para ela e sorri.

-Bom-dia Sirlei – Eu e minha mãe respondemos juntas.

-Bom-dia – Disse Breno, enchendo a boca de ar.

-Bom-dia gordinho mais lindo – Respondeu Sirlei, para o menino – Luan – Eu e meus pais olhamos para a funcionaria – Uma mulher ligou, pedindo para o senhor retornar.

-Quem era? – Minha mãe perguntou.

-Marcia Dorigan – Os dois se olharam, com rispidez.

Meu coração descompensou, meu olhos marejaram e eu ofeguei. Olhei de imediato para meu pai, que olhava para meu irmão.

Meu coração doeu. E eu estava começando a entender os porquês, tudo fazia sentido agora. Entendia o porquê de Sofia implicar tanto comigo, ou ter seus olhares ridículos sobre mim.

-Ela disse o que queria? – Perguntou a minha mãe, meu pai negou com a cabeça e rosnou.

-Não senhora – Minha mãe assentiu, e encarou com meu pai, séria e ríspida.

A forma em que ela olhava para o meu pai era dolorosa, chegava a doer em mim. Era doída. Como se ela pedisse com os olhos: "Fica comigo, para sempre" E o idiota não conseguia decifrar, ler os seus olhos, não conseguia entender o que minha mãe sentia, ele poderia muito bem perguntar: Está bem? Mas com certeza Lorena mentiria, iria dizer que estava, mesmo seus olhos transparecendo um enorme NÃO.

-Pai eu sonhei que tinha um irmãozinho – Disse Breno Henrique, feliz e inocente. Sem saber a guerra de olhares entre meus pais, entre a dor de minha mãe e a traição de meu pai. E os dois estávamos no meio. Sem saber o que fazer.

-Como foi?

- Tinha um irmãozinho – Respondeu Breno, brincando com o alimento.

-E o que mais? – Perguntou a minha mãe.

-Não lembro – Breno respondeu, triste por não lembrar.

-Sonha e não lembra – Falei tentando fazer tudo voltar ao normal – Que bobo – Provoquei Breno e sorri, o menino deu de ombros e continuou a comer.

Quando criança sonhava em ter um relacionamento assim, como o dos meus pais, lindo, verdadeiro e cheio de amor. Mas hoje não sonhava mais. Ainda não conseguia acreditar o que estava acontecendo, era o meu casal favorito e iram se separar, desfariam o amor, os sonhos, os desejos e as vontades.

Amando sem parar/ LuanSantana/CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora