Capítulo 1

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— Tom, não! Por favor, não corre! — a voz realmente desesperada de Derek aguçou a atenção de algumas pessoas na rua.

A vida de Derek Hale não estava exatamente fácil. Ao começar pela manhã, em que o mesmo era acordado pelo Thomas, seu filho de apenas três anos de idade.

Era sempre a mesma rotina: acordar ou ser acordado, dar banho em Thomas, trocar a fralda de Thomas, preparar o leite de Thomas, arrumar a bolsa de Thomas e, por fim, se arrumar. Derek dirigia todas as manhãs para a creche em que Tom costumava ficar, contudo, a mesma havia se fechado quatro semanas atrás por falta de recursos e funcionários.

Desde então, Derek se via totalmente perdido em meio a imprevistos e atrasos para o trabalho — como o caso de hoje, começando por Thomas que, de alguma forma, havia conseguido escapar de suas mãos e, subitamente, passado a correr na sua frente.

Derek estava suando frio, se sentindo completamente doido enquanto corria desesperado atrás do próprio filho.

Realmente, o seu dia não poderia estar melhor.

— Thomas! — ralhou mais uma vez, alto o suficiente para assustar algumas pessoas. As ignorando rapidamente, Derek tropeçou em algum tipo de brinquedo infantil enquanto desviava de uma criança que, infelizmente, não era seu filho. — Thomas, papai vai ficar muito estressado com você se não parar agora!

Era claro que aquela abordagem não funcionava: Derek não tinha autoridade —não quando seu adversário era um vendedor de balão ambulante que nem se dava conta da criança que perseguia seu enorme balão vermelho.

Derek tinha prometido a Thomas que iria comprar tal coisa algumas semanas atrás, contudo, havia se esquecido completamente — diferente de Thomas, que parecia ter sua promessa bem fresca na memória.

Puta merda, ninguém pode pegá-lo? Thomas Hale, pare já aí, garoto! — o Hale estava realmente sem sorte. E pulso.

Thomas não era a criança mais obediente — em virtude de seus mimos excessivos — contudo, com aquele tom, o garoto ao menos deveria olhar para trás!

As ruas estavam lotadas, a passagem de visão de Derek estava dificultosa e ele podia sentir o nervosismo e o medo. Seus olhos estavam colocados no filho que, por ser ainda muito pequeno, era fácil de ser perdido. Pessoas paravam e olhavam o pobre homem de vinte e cinco anos correndo vergonhosamente atrás de uma criança, mas nada faziam. É claro.

— Ei, amigo, veja por onde anda! — uma voz distante soou, grosseira, enquanto Derek murmurava um pedido apressado de desculpas. Se segurou para manter a paciência.

Ele só queria chegar até seu filho, apenas! Mesmo que a criança tenha diminuído o passo, ainda estava consideravelmente longe de Derek. Longe o suficiente para ir a qualquer direção e Derek simplesmente perdê-lo de vista. Isso não podia acontecer, de fato. Se ao menos alguém o parasse...

— Oh, céus, muito obrigado! — um suspiro aliviado soltou-se dos lábios de Derek. Ele pôde sentir todos seus músculos relaxarem instantaneamente, diminuindo de imediato seus passos apressados.

Um rapaz um pouco mais a sua frente parecia algum tipo de ser divino sob seus olhos. Derek mal podia acreditar que aquele garoto fora o único que, graças à-sei-lá-quem que residia aos céus, havia parado para capturar a criança.

Um agradecimento interno e gigantesco se prendia na garganta do Hale, enquanto se aproximava cauteloso, podendo ser capaz de ouvir o choro estridente de Thomas, assustado com o estranho.

Finalmente... Ao menos o garoto estava bem.

— Ei, você! — seu tom ainda era cansado. Derek levou as mãos até o fim das costas, as sentindo realmente doer, enquanto puxava uma enorme quantidade de ar. — Cara, céus... — mais uma pausa para respirar. —, muito obrigado. De verdade!

Derek encarou sua criança que, imediatamente, desceu do colo do estranho, que apenas o olhava, um pouco apático — e desconfiado.

Derek se agachou no chão e agarrou com força ao pequeno rapazinho, que se escondia com seus braços. Com a sobrancelha erguida e com uma bronca na ponta da língua, Derek acabou sendo interrompido pelo tom questionador do estranho à sua frente.

— Você é pai dele? — a voz adocicada perguntou, e o Hale se conteve para não responder o óbvio de forma grosseira. Compreendendo que a situação não era das melhores, apenas sorriu, muito sem graça, acenando com a cabeça.

— Sim — disse, sentindo Thomas apertar seu pescoço. A bronca ficaria para mais tarde, pelo visto. — O Thomas... Ele meio que... Meio que fugiu de mim, sabe?

— Fugiu do senhor? O pai? — a expressão do rapaz — um pouco mais baixo e muito bonito — pareceu piorar, no auge da desconfiança. — Sei...

— É verdade! É apenas que... É que é uma criança muito hiperativa. Às vezes. E não é muito obediente, eu não sou bom com ordens... às vezes — Derek se esforçava para não parecer um lunático. Ele limpou a garganta e olhou para o seu filho, quase sussurrando. — Merda, garoto. Estou tão aliviado. Estava quase surtando — Derek afastou minimamente sua criança. Exibiu um sorriso, realmente muito contente, observando os olhinhos lacrimejantes de Thomas. — Você me deu um susto. Não faça isso de novo. Por favor.

Thomas apenas acenou com a cabeça, fungando um pouco. Derek voltou-se para o outro.

— Você! De novo, muito obrigado. Ninguém se atrevia a pará-lo e eu estava realmente ficando muito desesperado.

Um pouco mais convencido vendo a interação entre o homem e a criança, o rapaz, ainda desconhecido, pôde relaxar a apreensão. Vendo — agora — a sonolenta criança bocejar de forma adorável nos ombros do outro, deixou escapar um sorriso incrivelmente bonito.

— É uma graça — disse, referindo-se a criança. Parecendo muito bonito com aquela expressão enquanto olhava para Thomas, Derek não conseguiu deixar de achá-lo belo, uma vez sequer. Percebendo o olhar do outro sobre si, o rapaz corou. — E, não há de quê. Eu apenas fiquei preocupado em ver uma criança correndo pelas ruas de Londres. Aparentemente sozinho — o outro não parecia querer provocá-lo, mas Derek se sentiu ligeiramente ofendido, embora não tenha tirado sua razão.

— Sou Derek Hale, logístico. E você? — estendeu sua mão, cordialmente. Àquela altura, já estava há muito atrasado para o trabalho, então ser educado não parecia algo ruim, embora a situação.

Além do mais, Derek ficou intimamente interessado no garoto, então resolveu simplesmente jogar uma isca. Talvez conseguisse deixar seu telefone, de alguma forma.

— Stiles. Stiles Stilinski. Eu trabalho de babá nas horas vagas e também em uma biblioteca próxima daqui... — o então Stiles disse, olhando para o lado e apontando para uma direção vaga, por pouco se esquecendo de cumprimentar o outro. Derek ergueu as sobrancelhas assim que ouviu.

— Babá? 'Tá falando sério? — decidiu largar de mão a formalidade. Sorriu grandioso. — Cara, você só pode ser um tipo de anjo! — o rapaz mostrou uma expressão envergonhada, embora ainda confusa. — Eu estava tentando encontrar uma babysistter para o Thom há semanas! Três, para ser exato. Não consigo terminar meus relatórios, conciliar trabalho e filho é realmente péssimo e... céus, você realmente caiu do céu — desabafou, não se dando conta do olhar quase apreensivo do outro. — Como se chama mesmo?

— Stiles Stilinski...

— Stiles Stilinski! Se importa de me fazer um favor? É claro que lhe pagarei por isso — Derek estava radiante. Stiles apenas franziu as sobrancelhas, entendendo a situação.

— Posso te ajudar com ele... Se o senhor quiser, é claro.

Derek estava tão estupidamente feliz, que era capaz de abraçar o rapaz ali mesmo.

— Fala sério? É claro que eu quero. Prometo um bom pagamento pela proposta inusitada, tudo bem? Eu realmente não sei como te agradecer. Quando você pode começar? Espera, vou te passar o endereço do meu apartamento! Se importa de vir comigo em uma cafeteria? Podemos conversar melhor por lá.

Stiles apenas sorriu, com um fraco aceno. Amava cuidar de crianças e, como as coisas estavam muito apertadas, alguns tempos a mais em sua agenda não pareciam ruins... Daria conta. Sua vida não estava muito fácil por aqueles tempos, mas parece que agora as coisas estão ficando boas.

E com o tempo, ficariam melhor ainda...

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