Destinada ao Inferno

Capítulo Sete

Meu corpo afundou na imensidão do fogo.

Eu já disse o quanto admiro o fogo?

O Fogo abraçou o meu corpo, me acolhendo como no primeiro dia.

A diferença é que no primeiro dia, quando fui expulso da minha casa, o meu coração estava cheio de sentimos ruins, não que agora eu não tenha eles.

Acontece que naquele tempo, eu era um garoto esquentado e fraco. Eu deixava que aqueles sentimentos ruins me dominassem, deixava eles agirem por mim, me tornando no garoto inconsequente que fui um dia.

E hoje, hoje eu controlo eles, eu mando neles e eu defino quem quero ser.

Quando eu cai sobre o fogo do inferno, no dia que papai me expulsou de casa. O fogo me queimou, eu senti ele queimando cada pedaço meu, cada osso, cada milímetro de pele.

Mas depois de um tempo, eu senti ele me reconstruindo, me moldando novamente, me tornando um novo alguém.

O fogo me tornou o novo Rei do Inferno.

Quando sai dele, não sei quanto tempo fiquei nele, dias, anos. Ninguém sabe, excepto meu pai.

Quando sai do fogo, eu percebi o cargo que papai estava me dando e eu o perguntei se o meu pecado foi tão grande para me castigar desse jeito.

O fogo destrói, mas também reconstrói.

O antigo Rei está escondido aqui no Inferno, acorrentado em algum lugar.

O fogo me devolve de volta a superfície e vejo Castalael me esperando.

__O rastreiador está a sua espera- avisa e passo por ele apressado.

Se ele está aqui, é porque Sky está em perigo.

Porra, eu não posso deixar que nada aconteça com ela.

__O que está acontecendo?, por que estás tão agitado?- pergunta acompanhando meus passos.

A dor em meu peito começa, o medo e a angústia começa a crescer.

Suspiro com pesar sabendo que Alice está sentindo tudo isso. Agora é ainda mais intenso.

Não posso resolver tudo ao mesmo tempo.

E nesse momento Sky é a minha prioridade.

Entro no meu escritório e o anjo se levanta e se curva fazendo a reverência.

__Fale, o que aconteceu com ela?- pergunto fazendo um gesto com mão para que ele se levanta.

__É um Arcanjo e a menina foi ferida. A sua metade está para lutar com ele- relata.

__Localização?- pergunto colocando as mãos no bolso das calças.

__Estão na floresta do norte, perto do portal que leva ao jardim.

__Irei até lá. O seu trabalho termina aqui guardião. Não precisas os seguir até o jardim. Na volta continuas o seu trabalho- digo o dispensando.

Ele sai e Castalael entra fechando a porta.

__Você o promoveu como guardião?, guardião de quem?.

__De quem mais seria?- pergunto rude e Castalael encolhe os ombros.

__Me desculpe por jogá-lo irmão, foi um momento de raiva- se justifica enquanto dobro as mangas do meu blusão preto.

__Não deixe esses sentimentos dominarem você irmão. O seu coração ainda é puro- digo passando por ele, mas ele barra a minha saída.