04. Cristiane

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Darlan

Mais um dia de luta com muita fé em Deus, movimento hoje está meio fraco, como essa semana tem feriado muita gente viajou, então quase não tem ninguém pela pista. Tá rendendo nada, tô desanimado legal.

Emerson: Vai de baile mesmo, 2D?

Darlan: Claro! Muito tempo sem sair.

Emerson: Várias tchuca mais tarde, filho! - esfregou as mãos.

Darlan: Sai daí, menor! Tu não come ninguém, pô - brinquei, ele virou pra me dar dedo e não viu o perigo se aproximando - Olha o carro, mano! - gritei.

Ele deu um pulo e desviou, mas foi por pouco. Esse lance de trabalhar na pista é foda, um deslize pode ser fatal, já vi um menor morrer atropelado, deu uma bobeira e o caminhão acabou passando por cima dele.

Eu nunca vou me esquecer daquela cena.

Emerson: Caralho.. - sussurrou, completamente assustado.

Darlan: Qual foi, mano, presta atenção!

Emerson: Bagulho doido, Darlan. Nem tinha visto, que isso, mano.

Darlan: Pode ficar panguando não, menor. Atividade! Toma, bebe uma água.

Moleque ficou todo branco, assustadão, quase foi de ralo. Tem que prestar muita atenção pra trabalhar na pista. Tem motorista que é filho da puta, joga o carro em cima da gente de maldade.

Darlan: Olha a água, água é dois! Coca, guaravita, biscoito globo - gritei.

Terminei de vender tudo era duas e pouca da tarde, peguei a última latinha de coca-cola que tinha e fui pra casa bebendo. Cheguei em casa e tomei um banho, minha mãe ainda não tinha chegado. Comi um pão com café e esperei dar a hora de buscar Andrielly na creche.

(...)

Andrielly: Dalan! - sorriu, correndo até mim com os braços abertos - Você veio me buscar!

Darlan: Vim pô, estou com saudades de você, passou o dia longe de mim - dei um beijo na bochecha dela e a botei no chão de novo.

Andrielly: Olha, Júlia! - chamou uma coleguinha - Meu papai veio me buscar!

A menina sorriu e correu pra perto da mãe, minha irmã me deu a mão e a mochila dela.

Andrielly: Dalan, ela falava que eu não tenho papai, mas é mentila, eu tenho sim. Você é meu pai também, né?

Darlan: Claro que sou, você é minha filha do coração.

Passei na padaria e comprei pão francês e pão doce pra ela. Cheguei em casa e fiz nescau, dei pra ela beber e a deixei vendo televisão.

Não passou mt tempo e minha mãe chegou, deixei ela tomando conta de Andrielly e deitei pra descansar um pouco.

Acordei por volta de 00:30h, tomei banho e coloquei a roupa que usei no natal do ano passado, era a mais nova que eu tinha.

Me arrumei, passei gel no cabelo, um perfume da minha coroa e coloquei meu tênis.

Darlan: Qual foi, tô bonito? - parei na frente da minha mãe.

Luzia: Tá sim. Tem certeza que tu quer ir nesse baile?

Darlan: Claro que tenho. Sou sujeito homem, mãe, sei me cuidar. E o Emerson vai também.

Luzia: "Sujeito homem" - ironizou - Vai vendo, hein! Não quero saber de tu bebendo não, tá me ouvindo?

Darlan: Tô, mãe. Tchau, bênção!

Luzia: Deus te abençoe.

Saí saindo, parceiro. Se eu der corda ela continua com toda falação de sempre. Sei que é só preocupação da parte dela e tal, mas enche o saco.

Realidade CruelOnde histórias criam vida. Descubra agora