Letra A (parte 1)

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Regra número 4

Um bom crush é aquele que cede para te ver feliz.

― Será que as crianças desse ano vão reclamar que só temos chiclete de abóbora? ― Shawn comentou de repente. Tirei um dos meus fones de ouvido para lhe dar completa atenção e então dei de ombros para o comentário.

― Não se você enrolar direitinho. ― apontei o ultimo chiclete que eu havia embrulhado em papel coral. Shawn olhou seu embrulho mal feito e fez careta, me arrancando uma risada.

― Meus chicletes combinam com o Halloween. ― ele deu risada me mostrando seu negócio que tinha papel roxo brilhante em volta. Não parecia muito bem um chiclete...

― Ah, claro. Eles vão adorar. ― respondi em tom de deboche e rolei os olhos enquanto prendia uma risada. Tirei mais uma tatuagem de dentro do embrulho, e quando vi que era unicórnio dei um pulo do sofá ― Ai meu Deus, Unicórnio! O segundo!!! ― comemorei bem alto.

Shawn fez careta, diferente de mim, que gargalhei alto e me levantei depressa, correndo até o seu lado para pegar o outro desenho que estava guardado. Nosso acordo era fazermos tatuagens iguais quando encontrássemos dois unicórnios idênticos, que eram os mais raros. Ele provavelmente havia aceitado a proposta porque a chance de encontrarmos dois iguais no mesmo pacote eram quase nulas.

― Só assim pra você fazer uma tatuagem comigo. ― impliquei do seu medo de agulhas. Shawn me xingou em meio a um riso, o que me deixou bem satisfeita.

Ele me estendeu seu braço para que eu começasse o procedimento, o que eu fiz bem satisfeita.

― Já escolheu sua fantasia para o Halloween? ― perguntou enquanto me olhava tirar o plástico de cima do desenho. Eu assenti rapidamente.

― Sim! Vou de vampira cadáver, comprei na última sexta. ― sorri cheia de entusiasmo. Shawn deu risada, me encarando colar o papel em seu braço ― E você?

― Não sabia que vampiros podiam morrer. ― ele contornou a resposta que me devia, me fazendo rolar os olhos.

― Claro que podem! É Halloween, podemos tudo. ― brinquei ― E você, já escolheu a sua?

Shawn coçou a nuca e torceu o nariz, me obrigando a franzir o cenho ao olhá-lo.

― Não acho que vou me fantasiar esse ano... ― disse um pouco receoso.

Eu interrompi o cuspe em meu dedo no mesmo instante para olhá-lo, completamente abismada.

― Isso é alguma brincadeira? Todo ano nós fazemos isso! ― abri a boca, incrédula. Ele assentiu, erguendo os ombros em seguida, como se essa fosse uma das minhas respostas.

― Eu sei. Mas já somos quase adultos...

― Isso não conta! ― arregalei os olhos, sem acreditar que estava ouvindo aquilo ― Essa é a minha data favorita do ano, a gente sempre sai pra pedir doces! Você não pode fazer isso! Não acredito que você está fazendo isso comigo! ― bati em seu ombro magoada ― A gente sempre escolhe nossas fantasias, pega nossos baldes de abobora e pede doces para tirar as tatuagens dos chicletes e depois doar para as crianças. É uma tradição, e agora você quer quebrar isso?! ― ralhei inconformada. Shawn esfregou o rosto e logo depois do pescoço, erguendo as mãos em seguida.

― Tudo bem, Audrey. Foi só uma ideia que eu tive. Esquece que eu falei, tudo bem? Vamos pegar doces, sim. Vou dar um jeito de arrumar uma fantasia. ― ele sorriu para mim, tentando me convencer a não ficar com raiva dele.

Eu ainda tinha minha cara emburrada, mas quando escutei suas palavras meu rosto suavizou. Shawn notou, por ter tido coragem de se aproximar e beijar minha bochecha.

Onde as coisas loucas estão (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora