Eu sempre digo para mim mesma
Não crie expectativas
Mas aí eu vejo um par de asas
E já imagino o voo inteiro.Mas elas sempre estão quebradas
E eu acabo planando feito folha seca
Caindo feito fruto podre no chão.Então eu quebro a cara
Eu desloco meu coração
E fissuro todas as minhas esperanças
Até que vejo mais uma vez a luz
E já imagino o fim do túnel.Mas então eu derrapo antes de chegar no final
Alguém passa na minha frente
E eu enfio a testa no concreto
Desmorono tudo em cima mim.Eu estilhaço a minha cara
Perco a cabeça
Choro lágrimas de injustiça
E acredito mais uma vez.É uma maldita de uma roda gigante
Que sempre me para no chão
Me deixa presa onde não quero estar.Eu não quero sonhar
Se no final eu sempre sou acordada a força.Eu não quero criar prosas perfeitas
Para servirem de descanso de papel.Eu preciso urgentemente sufocar meu otimismo
E respirar um pouco de realidade.Viver nas alturas é perigoso
Um passo em falho e caio das nuvens
Saindo de um sonho infantil
Entrando em um pesadelo humano.Eu conto dez carneirinhos
E recebo trinta pedras na mão
Eu planejo pensando no ouro
Mas a vida sempre trata de o roubar de mim.Eu sempre digo para mim mesma
Não crie expectativas
Mas minha mente é criativa demais quando se trata de me machucar.B I A R A M O S
2018.
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Desencantos (Degustação)
PoetryPorque a linha entre o que é encanto e o que é desencanto é muito tênue. Este é um livro de poesias autorais. E algumas coisas a mais. Todos os direitos reservados. Plágio é crime.