Meu corpo de plástico

119 33 11
                                    

Despida
Invadida
Usada
Forçada
Dilacerada

(Pânico...)


Madrugada insone

Olhos acesos

Passos no corredor

(Medo...)



"Incesto é comum
Causas da intimidade
Totalmente aceitável."

"Veja meu bem não há quem queira falar sobre isso
É tolerável tanto quanto repugnado
Sua mãe nem ninguém há de culpar-me por ilícitos."

"A cria é minha
Tenho o direito de fazer o que bem entender
Ninguém se mete no que ocorre em minha casa."

Braços amarrados

Boca amordaçada

Pulsos pressionados

O cenário perfeito de seu prazer

'Bonequinha do papai'

Ele costumava dizer

Até que se enjoou

E providenciou novas bonequinhas

Minha família maldita

Ou amaldiçoada sou

Por nascer nesse corpo

Um corpo que sempre será meu

Um corpo que é só mais um corpo

Caído em mãos erradas

Que faz do meu tecido um trapo

Plástico usado e descartado

O embrulho inda carrega

Algo impossível de ser notado.

DesvanecendoOnde histórias criam vida. Descubra agora