❄︎ Capítulo quatorze ❄︎

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- DOMINIQUE -

Era bizarro pensar em como eu contaria para o meu pai o que estava acontecendo.

"Oi, pai! Tudo bem? Então, sei que vai ouvir por aí que tô namorando, mas a verdade é que eu tô fazendo isso por dinheiro".

Não. Péssimo.

"Oi, papai! Tudo bem? Adivinha quem tá namorando? Eu que não! Mas se oferecerem uma graninha, quem sabe?".

Horrível.

Não havia uma maneira lógica e ética de contar para o meu pai o que estava acontecendo sem que eu parecesse uma garota totalmente transformada. 

Meu pai me criava superprotegida, com medo que eu descobrisse o quão cruel o mundo podia ser. Ele não queria me ver tomando decisões erradas e tendo que pagar por isso. No entanto, eu já estava envolvida em uma ação bem duvidosa.

Eu tinha conhecido um cara num bar e deixado meus hormônios falarem mais alto. Esse mesmo cara se negou a tirar minha virgindade e agora estávamos em um relacionamento falso para ganhar mídia.

Não tinha como as consequências de tudo aquilo não serem assustadoras para o meu pai.

Depois do meu encontro com Patricia e Timothée, voltei para casa e sentei no sofá para processar tudo o que tinha acontecido. Já fazia horas que eu estava ali, tentando criar coragem para ligar para casa.

- Eu não sei o que fazer - assumi para Poppy, que estava fazendo abdominais no chão do nosso pequeno apartamento - tô encarando o número do meu pai faz uns dez minutos e não sei o que falar.

- Faz como se fosse um band aid - disse ela, ofegante - arranca de uma vez.

- Nada disso! - retrucou Charlotte, saindo do banheiro com uma toalha amarrada no corpo e outra na cabeça - você vai ter que contar meias verdades. É o melhor caminho.

- Meias verdades? - questionei.

- Para de dar conselho merda, Char! - reclamou Poppy, levantando do chão e alongando o corpo - a verdade é o melhor caminho.

- Oi? Desde quando? - questionou Charlotte, sentando no sofá da sala só de toalha - Nicky, existem verdades que machucam e preocupam.

- E por isso a gente mente!? - argumentou Poppy, tentando alcançar as os pés com as mãos.

- Não. Por isso a gente conta meias verdades - retrucou Charlotte, com as mãos na cintura - o pai dela vai ficar doido se souber de tudo. Por que dar todos os detalhes? Por que preocupar uma pessoa que não pode ajudar?

Charlotte e Poppy sabiam de tudo sobre eu e Timothée. Eu nunca havia tido amigas tão compreensivas e precisava me abrir com alguém. Por isso, assim que minha reunião com Timothée e Patricia acabou, fui para casa e contei tudo para as duas.

- Que parte eu oculto dele? - questionei, aberta a aceitar o que elas sugerissem.

- Primeiro você conta pra ele o quanto tá feliz. Ele precisa sentir que tudo tá valendo à pena. Fala da sua treinadora, da coreografia, dos elogios que você tá recebendo. Depois fala dos patrocínios. Ele vai ficar super empolgado por você. E depois você fala que seu companheiro de dança no gelo é um amor e que vocês são muito amigos - aconselhou Charlotte, tirando a toalha da cabeça e jogando os cabelos ruivos - seu pai não vai ter como ficar triste ou preocupado depois dessa. Claro que ele vai te falar pra tomar cuidado, mas ele não precisa saber de tudo o que já aconteceu.

Te Amo Lá Fora || Timothée Chalamet - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora