Capítulo 7

275 41 2
                                    

07 - Clarice

Nove meses depois

Os dias não estão sendo fáceis, hoje não foi diferente. Nove meses se passaram desde que perdi o emprego e até agora não consegui nada, não estou recebendo mais o Seguro Desemprego e o dinheiro que peguei da minha rescisão já está quase no fim, já que tive que usar para pagar as contas nos últimos meses.

Rosana continua infernizando a minha vida, exigindo ver Gael e que eu o entregue, deixou claro que irá dificultar de todas as maneiras possíveis para que eu não consiga emprego na cidade.

Depois de mais um dia cansativo, chego à casa da minha mãe para pegar meu filho, estou desanimada, mais um dia percorri a cidade atrás de emprego. Nesses meses deixei currículos em escolas, lojas, consultórios, até mesmo vaga para empregada ou varredoura de rua. Não importa a função, eu quero trabalhar, ganhar meu salário e pagar minhas contas. Mas, principalmente, quero cuidar do meu filho.

— Anima, filha — mãe diz, colocando um copo de suco à minha frente —, não pode deixar se abater.

— Estou tentando, mas está difícil. — Pego o copo e o levo até a boca. —Dia após dia só levo não.

Olho Gael, que corre pelo jardim brincando de bola com meu pai.

— Deus fecha uma porta e abre uma janela, nunca vai abandonar um filho seu. Tenha fé, não pode deixar se abater, sempre tem uma luz no fim do túnel.

— Acho que esse túnel é bem comprido, até agora não consigo ver nenhuma luz.

— Filha, levanta essa cabeça, não se desespere, não vai adiantar nada esse pensamento negativo.

— Faz meses que saio à procura de emprego e não consigo nada, mãe. — Uma lágrima escorre pelo meu rosto. — Minhas economias estão quase no zero.

— Filha...

— As contas estão acumulando a cada dia. Não sei mais o que fazer. Chegou uma carta do banco, se eu não pagar o empréstimo que está atrasado eles vão me tomar a minha casa. Não vou ter casa para morar com meu filho. Tenho esperança, tenho fé, mas chega uma hora que nem sei mais quem eu sou, não durmo, não como de tanta preocupação.

— Essa casa é sua. Volte para cá, você e Gael são bem-vindos aqui, você sabe. Essa casa também é sua e sempre foi.

— Eu sei, mãe. Soa egoísta o que vou dizer, mas eu amo aquela casa, eu e Ryan a compramos com muito esforço, é a casa que sonhamos criar o nosso filho. Ver esse sonho sendo desfeito dói.

— Levanta a cabeça, Clarice, calma, as coisas vão se ajeitar, se desesperar não vai adiantar nada.

— Tudo por causa daquela cobra. A senhora acredita que algumas pessoas confessaram que não me deram emprego por causa dela, que não era bom ter Rosana com inimiga.

— Esqueça essa mulher, não diga nem o seu nome. Rosana está fazendo a plantação dela, quando a hora da colheita chegar não terá bons frutos, nem terá o direito de reclamar. A justiça de Deus tarda, mas não falha.

— Não sou de desejar mal as pessoas, mas ela eu torço que colha tudo que vem plantando.

— Tome um banho, durma aqui hoje. Amanhã quando acordar vai estar melhor.

— Hum, é bom carinho de mãe, mas vou recusar. Erika vai dar uma passada em casa hoje, disse que precisa conversar comigo.

— Sendo trocada por uma amiga.

— Olha os ciúme, mãe.

— Tudo bem, Erika pode, é sua amiga de todas as horas. Você precisa conversar com alguém da sua idade, ela vai fazer isso por você. Erika é uma menina de ouro.

REFÚGIO:  Você irá encontrar a paz e o amor no improvável.Where stories live. Discover now