Foi Sem Querer

Capítulo 7

Por Benjamim.

Acordei com minha cabeça prestes a explodir, analisei o quarto e percebi que estava em casa, levantei empertigado.

Como cheguei em casa?

Tomei um banho gelado, que me fez acordar de vez e minha cabeça doer mais. Depois de vestir apenas uma bermuda, comecei a descer as escadas, ouvindo conversas na cozinha.

- Mentira? - mais risadas, entrei na cozinha encontrando Di na bancada com uma xícara de café, bom saber que não era só eu que tava acabado e Trixie na pia lavando algumas louças para minha mãe.

Quê?

- Quando eu me mudei a primeira vez, foi um desastre - elas riram - minha mãe não ia lá em casa e não se conformava que eu tinha saído de casa.

- Bom dia - falei bem baixo.

- Bom dia filho - Minha mãe disse alto demais.

- Shiii - falei me sentando na ilha e pegando uma xícara de café.

- Não tem nada de "shi" - ela estava brava - o que sempre falamos sobre bebidas?

Revirei os olhos.

- Eu sei, exagerei - ela me olhou com deboche.

- Exagerou? Imagina se a Tris não te trouxesse pra casa?

Tris? Que parte eu perdi?

- Aí mãe, foi só essa vez.

- Que eu sei né? E as outras que eu não sei.

Vi Trixie com um sorriso estranho no rosto.

- Tá bom dona Lexa, vou me controlar da próxima - ela sorriu.

- Acho bom - me deu um beijo no rosto e saiu da cozinha.

Trixie terminou a louça e se sentou na mesa, mexendo no celular e sorrindo vez ou outra.

- Que hora vocês chegaram? - perguntou Di.

- Eram seis horas - respondeu Trixie - se não me engano.

Elas ficaram em silencio e uma coisa passou pela minha cabeca.

- Pera um pouco - falei e elas me olharam - se você me trouxe para casa... significa que você dirigiu meu carro? - ela assentiu - eu nunca mais bebo.

- Qual é o problema?

- Ninguém dirige meu carro, a não ser eu - ela se inclinou para a frente.

- Parece que isso mudou - um sorriso desafiador surgiu em sua boca - ta na minha hora - ela se levantou e subiu.

Tomei um gole do meu café.

Garota abusada.

- Tchau Di - beijou a bochecha da minha irmã - tchau Flint.

Assenti e ela saiu pela porta.

Só por via das dúvidas, fui até a garagem e conferi o meu carro, vai saber.

Quando voltei tinha varias mensagens dos piá me chamando pra ir na pista, respondi que ja ia sair de casa e fui.

Chegando la ja vi alguns andando e fui até la.

- Eai - comprimentei.

- Eai como foi a noite ou devo dizer, manhã com a morena? - franzi a testa.

- Não entendi.

- A gente te viu saindo de manhã da festa com aquela morena lá - dei risada.

- A Trixie? Nada a ver - dei mais risada.

- Ah vai dizer - o Lion falou - ela é muito gostosa.

- Ta e dai? - eles reviraram os olhos.

- Tu é muito lerdo as vezes.

Ficamos na pista conversando até de noite.

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A semana se arrastou e apesar de levar a sério a universidade, a semana tinha sido pesada e tudo que eu queria era me atirar na cama quando chegasse em casa, me joguei na nossa mesa no refeitório, enquanto os caras riam de algo.

- Qual a boa? - perguntei sem animação nenhuma.

- O Drake ta na merda - Lion disse e eles riram mais, enquanti Drake fechava a cara.

- Não conto mais nada pra vocês - ele se emburrou.

- Não entendi - falei totalmente perdido.

- Sabe a morena que o Drake pegou sábado? - assenti - ela deu um fora nele hoje - os moleque se seguraram.

- Nao foi um fora, ela só disse que não queria papo hoje - suspirei.

- Cara, tu ta em cima dela a semana toda - ele me olhou - da um tempo pra garota.

Ele suspirou e saiu da mesa.

- Pegou pesado - James falou me olhando.

- Só falei a real - disse simplesmente.

Foi inevitável nao olhar pra mesa dela e quase nao reconheci ela.

Tava mesmo tendo um dia ruim.

Sua bandeja tava intocada, ela usava uma calça moletom azul escuro e uma regata branca, o cabelo tava preso num desses nós que as mina faz pra prende e ela tinha a expressão cansada.

Não que ela viesse sempre produzida, mas qualquer um que olhasse perceberia que o dia tava péssimo pra ela.

Não que eu fique olhando né...

Enfim, tirei o olhar dela e fiquei ouvindo os outros conversarem.

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Por Trixie.

Sabe quando a vida espera você comemorar, pra depois jogar uma bomba?

Bem que dizem que primeiro vem a calmaria, pra depois vir a tempestade.

O que aconteceu foi o seguinte, ontem pela manhã eu fui trabalhar como sempre faço, quando cheguei a Livraria já estava aberto, o que nao era comum.

O dono tava lá e devido ao baixo rendimento do lugar, ela ia fechar.

Mas ele me garantiu que eu teria um mês pra achar outro trabalho, por isso nem me preocupei de primeiro, porém ontem chegando da lanchonete ele me ligou e disse que o caixa tava no vermelho e me demitiu, dizendo que não poderia nem pagar o ultimo mês que trabalhei.

Nao preciso nem dizer que o desespero bateu na hora, fique ate as quatro da manha acorda, rabiscando as contas do mês e tentando achar um jeito de conseguir pagar tudo, o unico jeito por enquanto vai ser cortar os gastos com as minhas necessidades básicas e focar na mais importante, que é a universidade e a pensão, na hora mandei mensagem pra Caty, que a mulher que me arruma bico de garçom aos finais de semana, meu acordo com ela era de me encaixar so em festas aos sábados e agora eu pedi pra me colocar em qualquer coisa.

Eu sei que nao vai ser fácil, mas eu me viro.

Pelo menos por enquanto.

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Três semanas depois...

Me sento na minha mesa do refeitório e abro meus livros e cadernos, tenho que começar um trabalho agora, por que a noite nao sei se vou ter tempo, tenho um jantar pra servir e provavelmente vai até de madrugada.

Começo e nem vejo a hora passar.

Me preocupo muito com semana que vem, logo pela segunda tenho que comecar a pagar as contas: Universidade e pensão primeiro, o que sobrar eu tenho que guardar para o mês que vem.

Afinal nunca se sabe.

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