Capítulo 14.

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Assim que o motorista do táxi estacionou em frente a casa de Tom; Brooke soltou um suspiro antes de descer. Inspirou e expirou algumas vezes para aliviar a tensão.

- Algum problema, moça? - impacientou-se esperando pelo dinheiro da corrida.

Brooke retirou as notas da carteira e deu a ele dizendo:

- Você nem faz ideia.

Ele murmurou algum comentário que Brooke preferiu ignorar ao sair do carro, deu partida no automóvel, e os pneus deslizando no asfalto foi o último som que a latina ouviu. Ficou parada na rua diante da deslumbrante mansão. Morar em um condomínio fechado, a alguns metros da praia, era luxo para poucos. Tom possuía diversas propriedades espalhadas pela cidade, inclusive a triplex onde Francis morava, que já estava no nome dele, e que fora construída por demanda, mas aquela era sua favorita. O homem gostava de correr pela manhã na areia e depois tomar um banho de mar. Brooke também fazia isto quando morava ali. Às vezes passava a noite inteira na praia e acabava dormindo por lá. O som da água, a brisa e o luar contribuíam para seu bem-estar. Era fácil organizar as idéias na tranquilidade do local.
Suas mãos estavam suando. As pernas travaram. Não conseguia dar nem um passo em direção da entrada. Apesar dos aspectos negativos, Tom foi a única figura paterna que teve a sorte de conhecer. Poderia ter-se tornado uma mendiga, ou uma marginal medíocre se ele não tivesse lhe dado a chance de uma vida relativamente digna. Tinha que admitir que ele sempre fora um homem carinhoso e generoso. Por isso Francis o idolatrava. Para o dançarino ele era como um deus que o salvou da miséria. Olhou em volta. A rua estava agradavelmente silenciosa. Não havia movimento algum. Naquele momento um carro passou quebrando a monotonia. Um frescor delicioso acariciava sua face e dessarrumava seus fios lisos. O céu estrelado parecia uma pintura grega.

Um dos seguranças surgiu lhe arrancando de seus pensamentos conturbados.

- Brooke. Não vai entrar? Seu pai te aguarda!

Ela assentiu. Deu o primeiro passo e os outros foram instintivos. Não tinha para onde fugir. O jeito era enfrentar aquela situação de uma vez por todas.

A Halley Davidson estava estacionada no jardim, ao lado da fonte. Tocou a campainha e foi a secretária quem atendeu.

- Brooke! - exclamou abraçando-a carinhosamente.

A latina correspondeu com um sorriso:

- Como vai Maria?

- Bem e você? Entre!

Brooke obedeceu. Maria fechou a porta.

- Fiquei tão feliz quando Tom disse que viria jantar. Estou com tantas saudades. Existe alguma possibilidade de voltar a morar aqui?

- Também estou de vocês, mas não... Só vim para uma conversa.

- Ah, que pena! Fique à vontade, já conhece a casa. Afinal, ela ainda é sua. Tenho que terminar de preparar o jantar.

- Obrigada Maria.

Brooke a observou ganhar distância. Maria era uma imigrante mexicana muito simpática, que trabalhava há muitos anos com Tom. Ele se acostumara com o tempero dela. Possivelmente, a mulher seria sua conterrânea, talvez por esse fato se davam tão bem. Foi encontrá-lo na sala de recepção, no alto das escadarias conversando entusiasmado no telefone. Assim que a viu; tapou o alto falante e lhe disse:

- Que bom que veio. Pensei que tinha desistido!

- Estou aqui, não é? - respondeu ríspida.

- Me dê um segundo, já falo com você!

- Ok.

- Enquanto isso por que não dá uma volta pela casa e mata as saudades?

Brooke consentiu.

Almas Dançando ( LESBIAN)Where stories live. Discover now