Vamos dar uma Volta em Paris

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É claro que uma simples ordem ministerial jamais prenderia Newt Scamander na Inglaterra.

Na verdade, nada prenderia Newt se ele quisesse sair. Era um homem de espírito livre, e por sempre tentar fazer o certo não se importava com as consequências.

Normalmente, Newt não temia nada. E por isso Dumbledore sempre gostou tanto do garoto.

-Newt, eu preciso perguntar.-O rapaz interrompeu seus pensamentos, estava prestes a negar o pedido do professor. Ele queria um pouco de paz, e deixar o casamento de Leta e Theseus acontecer sem imprevistos, para que ele pudesse se livrar daquele tormento.-Naquele dia, em meio a guerra... Quando Theseus o deu por desaparecido fora de campo... Encontrou alguma coisa que esqueceu de nos contar?

Ninguém esperaria que o sempre tão gentil e sincero Newt poderia mentir. Especialmente para Alvo Dumbledore. Mas aquela não era uma mentira. Era apenas uma omissão de fatos. Que nunca prejudicaria ninguém.

Foi por isso que, como poucas vezes, fixou o olhar nos olhos azuis do grifinorio.

-Não, diretor. Nada além de cadáveres, fogo, sangue e ossos de dragão.

Dumbledore ainda avaliou o rapaz por um tempo, antes de desaparatar e deixar o cartão para Newt.

•~🍁~•

E eles foram parar na casa de Nikolau Flamel. Newt foi rápido em descobrir qual era o problema do homem, um parasita comum em dragões. O removeu e deu uma poção revigorante para ele repor as forças perdidas e poder ser interrogado por Tina.

Então desceu para dentro de sua maleta, indo dar uma olhada em suas criaturas, especialmente nos seus bebês pelucios, que estavam devidamente travessos com seus poucos dias de vida.

Sabia que, no andar superior, Tina e Jacob estavam discutindo sobre como achar Queenie. Tina ainda não lhe dera a chance de explicar o mal entendido sobre o noivado de Leta e Theseus.

Acabou enxendo o pequeno ofurô de cobre,com um fino revestimento de ceramica na parte interna, com água quente. Retirou as roupas, pegou a toalha e uma nova muda de roupas, para então mexer em sua pequena cômoda.

Na primeira gaveta, numa linda caixa de madeira entalhada e pintada a mão, haviam pequenos vidros de essência, que lhe serviam como sabonete e shampoo, feitos apenas com ervas naturais que não alteravam os ambientes de suas criaturas quando iam para o pequeno lago.

Escolheu o que queria e se deixou relaxar na água quente. Logo tinha uma companhia sentada na beirada do ofurô.

-Eu sei que sente falta dela, Niffler.-O bichinho lhe deu um olhar triste, enquanto acarinhava o frasco de vidro da essência, como se fosse algo de valor inestimável.-Nós não fazemos uma visita há algum tempo, não é?-Newt viu seu companheirinho ficar de olhos marejados.-Está tudo bem. Eu prometo escrever pra ela quando estivermos na Inglaterra. E se tudo estiver bem, prometo que vamos visitá-la. E você vai poder mostrar seus bebês a ela.

O pelúcio devolveu o frasquinho e foi, de forma muito animada, para o ninho com os filhotes. Newt acabou rindo sozinho. Era sempre assim. E sabia que ia acabar pensando nela o dia todo. Não ia ter paz enquanto não enviasse a carta.

•~🍁~•

-Preciso ir ao Ministério da Magia Francês.

Newt soltou aquela bomba e simplesmente saiu andando, como quem não queria nada. E Toma teve de seguí-lo. Jacob ficou incumbido de vigiar a pista ambulante para o passado de Credence, e se desculpar com o dono da casa.

Tina não falou com ele o caminho inteiro, e o britânico decidiu respeitar a irritação da americana. Ao menos até eles terem que fugir de Theseus e se esconderem nos arquivos.

-Tina, sobre o noivado...

-Oh, é verdade! Eu deveria parabenizá-lo, senhor Scamander. Garanto que assim que me sentir disposta a falsidades sociais o farei com bastante entusi...

-Tina! Eu não vou me casar com ninguém! Theseus é quem vai casar com Leta. Eu sou só o padrinho.

Finalmente ela parou de surtar, e ele pode tentar fazer um elogio sincero. Assim que conseguiu, eles foram interrompidos pelas prateleiras se movimentando. Era Leta, atrás do arquivo de seu irmão.

Não demorou para eles estarem se dirigindo ao cemitério, para o Mausoléu dos Lestrange.

•~🍁~•

As vezes se arrependa profundamente de nunca ter dedicado um tempo a aprender voo de vassoura. Isso, sem dúvida, iria poupá-lo de beber uma poção para dor quando chegasse em casa naquela tarde.

-Hazel? Você está aí?

Sua voz ecoou na caverna, como se nada interrompesse as ondas sonoras.

-Se achasse que não, jamais teria subido a montanha, Aberfort Dumbledore.

O bruxo sentiu a espinha gelar, e se virou para o meio campina que comportava a entrada da caverna e parte do lago turvo.

A figura de cabelos loiros estava sentada em meio ao alto mato, amarelo do outono, de costas para ele.

-Está certa... Me desculpe...

-Não fez nada errado para pedir desculpas, Aberfort. O que o trás aqui?

-Eu vim em busca de auxílio.-Aberfort se sentou de frente para ela, que permaneceu de olhos fechados, concentrada.-Um auxílio para Newton Scamander. Alvo enviou o garoto diretamente para as garras de Grindelwald... E outro para o rapaz que Newt está procurando, Credence.

-E de que tipo de auxílio estamos falando, meu velho amigo?

-Do tipo imediato e radical, querida. Meu irmão precisa saber quem ele é. E Newt precisa de uma boa dose de juízo.

-O menino Credence, por acaso, não é Corvus Lestrange? É o que dizem os rumores.

-Credence tem uma fênix, Hazel. Foi seu avô quem nos concedeu a dádiva de ser socorridos por uma fênix.

Ela finalmente abriu os olhos, fixando-os nas orbes azuis do bruxo.

-Partirei ao entardecer. Por favor, peça a Newt para tomar cuidado até eu chegar.

-Ele está na casa de Nikolau Flamel.-A figura de cabelos brancos se ergueu de forma impetuosa, ms foi segura pelo rapaz.-Hazel, ele é amigo do Alvo. Newt não queria que meu irmão mais velho soubesse sobre você por uma razão. Nikolau tem a língua solta e meu irmão é um manipulador. Cuidado.

-Não se preocupe, Abbie. Eu vou apenas dar uma volta em Paris.

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