1 • chuva

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14. 12. 2018

Chove do lado de fora.
Você chora na TV.

Os sons vazios do meu apartamento, antes preenchidos por uma música feliz, por cores vivas, por você, foram substituídos pelos seus soluços. Era uma sexta-feira, eu deveria estar me arrumando para trabalhar, mas meu corpo estava preso à você naquele momento.

Sua fala foi entrecortada por suas lágrimas, a chuva não pareceria que estiaria tão cedo. O copo d'água que estava em minha mão cedeu à força da gravidade e foi de encontro ao chão, simbolizando, talvez eu, com certeza você. Sua fala cedeu espaço para o seu choro.

As lágrimas venceram o seu sorriso.

Mas você estava feliz, não estava? O prêmio foi importante. Suas conquistas são sempre tão brilhantes que às vezes me esqueço como você sofre. Seu sorriso me engana toda vez, sempre puxando todas as angústias do mundo para o seu coração.

É tão pesado para você, ser sol para o mundo.

É tão pesado que hoje as nuvens estão carregadas,  o céu chora por você e eu também.

Chove mas está abafado, aquele típico-insuportável calor de dezembro. Seu choro me sufoca, esmaga o meu coração. Congela meu corpo no sofá, quando só queria estar com você, seus soluços no meu ouvido, me apertar em você, esmagar os nossos corpos juntos até os soluços  cessarem, até tudo ficar silencioso e o sol voltar a aparecer.

Mas eu preciso ir, meu telefone vibra na mesa de centro, todos me lembrando que estou atrasada, que enquanto aqui é dia, aí está tudo escuro.

"Kamsamida, kamsamida", você se afasta do microfone, mas ainda chove. Saiba que dentro da minha sala chove também. Abandonei você para ir atrás da minha rotina, mas chorei na frente do espelho, chorei sentindo falta do sol. Não queria sair na chuva, não queria sair se o meu destino não fosse você.  Chorei sabendo que não iria conseguir fazer a chuva parar, eu sou muito pequena para controlar o tempo assim, muito insignificante diante dos seus problemas.

Eu sei que não posso, mas eu queria mover umas nuvens, umas horas aqui, uns continentes ali, só pra acabar com essa chuva.

Voltei para a sala para fechar a janela com medo da chuva entrar, mas era tarde demais, vocês estavam se despedindo e agradecendo mais uma vez. Desliguei a tv e fui atrás de um sapato que aguentasse a chuva, mas seria inútil pois chovia em mim lágrimas suas. 

Bati a porta de casa, girei a chave na fechadura. Recuei antes de cruzar o portão de ferro da entrada do prédio e abandonar o telhado de tijolinhos que me protegia da chuva. Abri o guarda-chuva e olhei para o céu, não vi você.

Respirei fundo ouvindo o barulho da chuva contra o guarda-chuva, desviando das poças, tentando salvar o sapato e, quem sabe, com um pouco mais de sorte, conseguiria salvar o resto do meu dia, talvez até salvar você.

Respirei fundo, mais chuva. Desviando dos carros parados no trânsito, atravessando perigosamente a rua fora da faixa, apertei a bolsa pesada que meu ombro custava a carregar. Desviei o guarda-chuva de uma outra pessoa, senti você, pingou uma lágrima do céu na minha bochecha. Espero que tenha parado de chover do seu lado do mundo. Por aqui ainda chove e eu só queria saber

quando vai fazer sol pra a gente se ver.

hello sunshine!
Isso é uma coisinha que escrevi com o coração angustiado e queria compartilhar aqui.
Espero que tenham gostado!
Eu pensei que essa obra poderia ser uma espécie de coletânea de textos avulsos, se vocês gostarem do estilo e quiserem ler mais, é claro!

Beijos da Maria

sol.  • Jung HoseokWhere stories live. Discover now