Renegada

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Fito o orelhudo sobre a enorme cadeira. Podia jurar que seu olhar era de desprezo ou algo semelhante. Sabia que sua espécie se achava demais, mas para tudo há um limite.

Se existe algo que me incomoda, são pessoas que se acham os fodões... Ainda bem que Elffen era diferente, tentava parecer alguém que não era algumas vezes, mas essa máscara não funcionava mais comigo.

— Muito bem. Vocês deveriam chegar amanhã. O que aconteceu para chegarem mais cedo? — Cirion pergunta.

— Achamos que um ataque ao Reino está se aproximando. — O rei ri da cara de Elffen.

— Quem seria o idiota de enfrentar o Reino dos Elfos? Um dos reinos mais fortes da Aliança. — Continua à gargalhar.

Fito-o seriamente.

— E aonde ouviram isso?

— Matteo conseguiu ouvir a conversa do grupo dos magos exilados. O mesmo que nos atacou na última missão. — O rei encarava-nos.

— Galg chegou a me falar sobre esses exilados, mas isso é problema dele, não meu. Se atacarem meu Reino, ele irá arcar com as consequências.

— Estranho... — Digo, caminhando com minha mão ao queixo, fingindo pensar. — Pensei que ao formar a aliança com os demais reinos, haveria um tipo de união das castas. Ou seja, o problema do irmão Mago, também deveria ser problema meu, já que somos parte de algo maior. Devo lembrar do juramento escrito na bandeira da academia?

Cirion me olha furioso.

— Como ousa moleque... — Ele apertava o braço do trono fortemente.

— Bem... — Elffen lança um olhar reprovador, mas dou de ombros. — De alguma forma, a consciência do Matteo foi transportada para o local aonde os magos exilados estavam reunidos. Antes que notassem sua presença, ele ouviu algo sobre o fragmento de Ammeôr, que está sob a proteção do Reino.

Cirion bufa.

— Não sejam tão precipitados. Mesmo que essa viagem que o garoto teve, no nervosismo pode ter se confundido ao ouvir as palavras. Ninguém é tão burro ao ponto de tentar atacar o Reino Élfico. E mesmo se vierem, eu os farei em pedacinhos.

Solto uma risada leve, e sinto o olhar furioso de Cirion.

— Retirem-se, não quero mais ouvir a baboseira de vocês.

Alguns soldados aparecem e nos levam para fora do recinto.

— Você ficou maluco? — Elffen se aproxima. — Contradizer um rei desse jeito?

— Elffen... — Firmo minha voz e analiso seus olhos verdes. — Pela minha experiência em filmes de fantasia e ficção, líderes que se gabam, sempre tendem a ruir no final. O que tentei fazer lá, foi abrir os olhos de um idiota que se autointitula rei. Se ele não vai fazer nada, precisaremos agir.

— Não diga isso dele... Aqui pelo corredor, ele possui... — Ela para e começa a andar raivosamente para a cidadela.

— Acho que chamar o pai dela de idiota não é algo bom. — Derek se aproxima, sua voz permanecia calma.

— P-pai?

— Elffen é filha do rei. Pode não ter um bom relacionamento com seu povo, mas como pôde ver, ela os ama.

— Não me arrependo de ter falado o que falei. Mas, me diga. Por que eles não possuem um bom relacionamento? — Começamos à caminhar, na mesma direção que Elffen tinha ido.

Entrelaço meu braço com o de Derek, esperando a história. Os demais iam a nossa frente, admirando o local e conversando sobre assuntos não muito importantes na minha opinião.

O HumanoWhere stories live. Discover now